Em transformação, Auren Energia dobra receita e investe R$ 5,3 bilhões desde 2021

Após aquisição da AES Brasil, companhia tornou-se a terceira maior geradora de energia do País, com 8,8 GW de capacidade instalada, 39 ativos e um portfólio dividido entre hidrelétrica (54%), eólica (36%) e solar (10%)

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Imagens: Divulgação

Sol do Piauí, o primeiro parque híbrido que combina energia solar e eólica (ligado ao Ventos do Piauí I) aprovado pela Aneel

Sol do Piauí, o primeiro parque híbrido que combina energia solar e eólica (ligado ao Ventos do Piauí I) aprovado pela Aneel

Transformação é a palavra que melhor define o atual momento da Auren Energia. Transforma vento e sol em energia elétrica. Participa da transformação do setor ao colocar em funcionamento o primeiro parque híbrido (fotovoltaico e eólico) do Brasil aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Transforma a vida das pessoas, de colaboradores e de instituições que apoia nos nove Estados brasileiros em que atua, com seus 39 ativos. E tem transformado seus próprios negócios, a partir da aquisição da AES Brasil no fim do ano passado e com investimentos em novos parques solares e eólicos.

Desde 2021, a Auren Energia investiu R$ 5,3 bilhões em Capex de novos projetos. No ano passado, anunciou a aquisição da AES Brasil, o que possibilitou saltar da 13ª posição para a terceira maior geradora de energia do País, atrás apenas da Eletrobras e da Engie.

A receita se multiplicou em alguns bilhões nesses quatro anos. Foi de R$ 6,5 bilhões em 2021, R$ 5,7 bilhões em 2022 e R$ 6,2 bilhões em 2023. Com a entrada da AES – mas não só isso, como veremos mais adiante – registrou faturamento de R$ 11,2 bilhões no último ano, o dobro de dois anos antes.

Neste ano, de janeiro a junho, foram R$ 5,8 bilhões. Um primeiro semestre recorde para a Auren Energia, que obteve o maior Ebitda ajustado de sua história em seis meses, alcançando R$ 2,2 bilhões, crescimento de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O desafio tem sido a alavancagem. Mas já houve redução de 0,9x desde o quarto trimestre de 2024, totalizando 4,8x o Ebitda. A dívida líquida é de R$ 18,7 bilhões, com prazo médio de sete anos.

Imagem aérea do parque híbrido da Auren, em Curral Novo do Piauí
Imagem aérea do parque híbrido da Auren, em Curral Novo do Piauí

Fabio Zanfelice, CEO da Auren Energia, afirmou que a companhia trilhou uma jornada de crescimento acelerado nos últimos anos para consolidar sua posição de liderança no setor elétrico nacional.

Segundo o executivo, a aquisição da AES Brasil foi um marco importante nesse processo de transformação. “Nessa avenida de crescimento, avançamos também na frente da comercialização, com a aquisição da Esfera, fortalecendo nossa expertise na gestão de energia para clientes do mercado livre. Além disso, a criação da joint venture com a Vivo deu origem à empresa GUD, que ampliou nossa presença no varejo”, destacou Zanfelice ao BRAZIL ECONOMY.

Atualmente, o portfólio de 39 ativos da companhia está dividido em 54% hidrelétricos, 36% eólicos e 10% solares – percentuais próximos do que a empresa considera ser o “portfólio ótimo”, com diversidade de fontes que mitigam os riscos de variação dos recursos naturais ao longo do tempo.

Hoje, a Auren Energia foca em duas principais frentes estratégicas: a conclusão do processo de integração com a AES Brasil e a continuidade da desalavancagem financeira.

“Neste mês, iniciamos a fase final da integração, que será concluída até dezembro”, disse o CEO, para quem a redução da alavancagem desde a combinação de negócios com a AES demonstra “o compromisso da companhia com a disciplina financeira e a sustentabilidade do negócio”.

Com a captura de sinergias do que a empresa chama de PMSO (Pessoas, Materiais, Serviços e Outros), foram economizados R$ 54,5 milhões no segundo trimestre deste ano. No acumulado de 2024, o montante deve atingir R$ 250 milhões.

Na integração, a Auren tem promovido mudanças no quadro operacional e entre executivos intermediários. Também vem repensando projetos que estavam sendo desenhados antes da aquisição da AES, nas áreas solar e eólica.

São 452 aerogeradores, as famosas turbinas de vento, de 80 a 120 metros de altura
São 452 aerogeradores, as famosas turbinas de vento, de 80 a 120 metros de altura

O sol brilha com o frescor dos ventos

O BRAZIL ECONOMY esteve nos sites da Auren Energia no Nordeste, no fim de julho, e obteve detalhes das fazendas que geram 1.192 MW de energia.

Na capital paulista, a temperatura registrava 11°C, com céu encoberto e garoa, enquanto, no mesmo dia, em Curral Novo do Piauí (PI), um sol escaldante de 32°C se apresentava em pleno inverno do Hemisfério Sul. Esse é apenas um dos motivos pelos quais a Auren Energia escolheu a cidade piauiense, a 450 quilômetros da capital Teresina, próxima à tríplice divisa entre Piauí, Pernambuco e Ceará, para instalar seus parques de energia limpa. O vento forte refrescava e diminuía a sensação de calor.

Para a Auren, a área de aproximadamente 10 mil campos de futebol da região é a ideal para a instalação de seus cinco ativos – quatro eólicos e um híbrido que combina eólico com solar.

São 452 aerogeradores, as famosas turbinas de vento, de 80 a 120 metros de altura, com diâmetro do rotor (as pás) alcançando 150 metros – equivalente a um prédio de 42 andares. De longe, as hélices impressionam; de perto, são ainda mais surpreendentes.

Na região, estão os ativos eólicos Ventos do Araripe I e III e Ventos do Piauí I, II e III. E o Sol do Piauí, o primeiro parque híbrido que combina energia solar e eólica (ligado ao Ventos do Piauí I) aprovado pela Aneel. Além de gerar energia, ele promoveu uma mudança na legislação brasileira, que passou a permitir esse sistema.

“Com esse empreendimento adicionamos energia solar ao nosso portfólio. A entrada em operação do parque híbrido foi um desafio regulatório. Era algo que não estava previsto e a Auren propôs o projeto. A Agência Nacional de Energia Elétrica começou então a discutir com o setor uma forma de criar procedimentos e regras para operar”, disse Henrique Barbosa, gerente de Operação e Manutenção Regional da Auren Energia.

“Ele é um modelo híbrido associado, em que as plantas eólica e solar dividem a mesma subestação coletora. Não é preciso construir uma nova subestação ou uma nova linha de transmissão. Já aproveitamos a estrutura existente”, salientou Barbosa.

Além do benefício do aproveitamento estrutural, há a potencialização da “sazonalidade do recurso eólico”. “Nessa região, o período de alto vento começa em junho e termina em setembro. O período de baixo vento começa em novembro e vai até maio. Então, nessa janela de baixo vento, temos pouca produção eólica, e a energia solar entra complementando durante o dia, aproveitando o espaço deixado pela eólica na subestação”, explicou o gerente.

O executivo, que passará a atuar em uma operação hidrelétrica da AES, acrescentou que discussão semelhante está em andamento sobre a utilização de baterias para armazenagem de energia. Ainda é um tema embrionário, mas um passo importante para mais uma provável transformação do setor de energia no Brasil.

Transformação social

Na esteira da transformação do vento, da luz solar e do próprio negócio, a Auren Energia também lidera uma mudança nas comunidades onde seus parques estão instalados.

A geração de energia também gera empregos e oportunidades. “Para impulsionar pessoas e negócios, temos dez compromissos divididos em três pilares: pessoas, prosperidade e planeta”, disse Raquel Leite, gerente de Sustentabilidade, Desenvolvimento Social e Planejamento da Auren Energia.

Jaqueline Gonçalves incorpora o sucesso do programa de profissionalização da Auren Energia
Jaqueline Gonçalves incorpora o sucesso do programa de profissionalização da Auren Energia

Não se trata apenas de uma onda de promoção de ESG, mas de uma transformação sequencial e estruturada, que precisa levar educação e profissionalização para as pessoas que moram nas cidades onde a companhia atua.

Nesse aspecto, a funcionária Jaqueline Gonçalves incorpora o sucesso do programa. “Materializou tudo que a gente planejou”, disse Raquel.

Jaque, como é carinhosamente chamada pelos colegas, entrou na Auren para trabalhar em serviços gerais. Ficou três anos e meio nessa função até fazer um curso no Sebrae-PI, cuja grade curricular foi elaborada com apoio da empresa, voltada ao setor energético.

Com isso, passou a atuar como técnica de manutenção, função que exerce há quase três anos. Mudou sua vida, a da mãe e a de seus três filhos, de 8, 10 e 15 anos. Tornou-se referência para outras mulheres – e também para homens.

“Hoje eu sou técnica II e espero continuar crescendo junto à empresa, porque ela dá oportunidade não só para mim, mas para outras pessoas que vêm da mesma realidade humilde”, disse Jaque, mãe solo, criada por avós analfabetos. “Na realidade deles não havia oportunidade de estudo”, afirmou a técnica, que já escuta dos filhos que querem seguir seus passos, estudar e trabalhar na Auren.

O Sebrae-PI é uma das instituições profissionalizantes e de ensino parceiras da Auren Energia na região. Na cidade vizinha de Araripina, já em Pernambuco, a companhia ajudou a montar o laboratório do curso de Sistema de Energia Renovável da Escola Técnica Estadual (ETE) Pedro Muniz Falcão.

Foram dezenas de equipamentos enviados à instituição, em parceria também com empresas e entidades como a Fundação Itaú. Uma sala vazia foi transformada em um moderno centro de prática para os alunos. A atuação da companhia também auxiliou na elaboração da grade curricular. Atualmente, sete das 12 turmas da escola são da área de energia. O setor foi incorporado como vocação da região.

“Há uma atuação direta da iniciativa privada dentro da escola, que traz com precisão suas demandas e necessidades”, disse o gestor da ETE, Ricardo Marques Jacó, ressaltando que, sem empresas como a Auren, a unidade educacional não teria condições de criar o laboratório, que custou dezenas de milhões de reais – valor não divulgado.

A ETE ainda promove programas de estágio e visitas aos parques de energia da Auren. “Precisamos dessa interação com profissionais, estágios e visitas técnicas. A escola não só forma mão de obra, mas tem um vínculo direto com o emprego. Não atua sozinha”, explicou Jacó. “Impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas que vivem aqui. Muda a realidade socioeconômica. Esse é o produto final. É a essência de como transformamos a vida dos jovens”, complementou o educador.

Ainda no campo da Educação, a Auren ampliou escolas e implantou cisternas em instituições de ensino infantil, como a Escola Santo Inácio, na comunidade da Ramada, na Serra do Inácio, em Betânia do Piauí (PI), que se desenvolveu a partir da chegada da empresa em 2016.

Ramada, comunidade na Serra do Inácio, na cidade de Betânia do Piauí (PI), que se desenvolveu a partir da chegada da Auren
Ramada, comunidade na Serra do Inácio, na cidade de Betânia do Piauí (PI), que se desenvolveu a partir da chegada da Auren

Economia local impactada

Além da educação e da profissionalização, a economia local também é impactada pelas ações da Auren no Nordeste. A companhia prepara os comércios locais para fornecerem produtos e serviços.

Muitos não tinham condições de emitir nota fiscal ou possuíam alvará e licenças da Vigilância Sanitária para funcionar. A empresa auxiliou postos de gasolina, mercados e restaurantes a regularizar documentações, melhorar processos e adequar produtos para atender à demanda.

Foi o caso de Maria Eliene Delmondes, dona de um restaurante em Betânia do Piauí. Ela se preparou para fornecer refeições aos funcionários que trabalhavam nas obras de expansão dos parques eólicos e solar. Hoje, segue sendo um dos restaurantes oficiais dos colaboradores da Auren.

“É a mãe Auren”, brada Eliene, com seu peculiar sorriso, sempre que fala sobre a transformação que a empresa promoveu em seu restaurante e em sua vida – já que toda a família depende do negócio, que oferece iguarias locais, como carne de bode, feijão bem temperado e um delicioso doce de leite caseiro.

Dois quarteirões dali, a Associação Mulheres Fortes também é apoiada pela Auren. São 42 mulheres que produzem doces e outros quitutes a partir da mandioca. Elas atuam desde a plantação, passando pelo descascamento, moagem, produção da farinha e assamento dos produtos.

Os equipamentos foram doados pela companhia, que também compra os produtos feitos pela associação – inclusive presentes na merenda escolar.

Que os bons ventos e o sol brilhante sigam gerando transformação para as pessoas, instituições, comunidades e negócios do setor de energia.

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