Requisições de Open Insurance disparam 80% em 1 ano, revela estudo da PwC Brasil

Modalidade é vista pelas empresas como uma oportunidade de democratizar o acesso aos seguros, mas o crescimento das fraudes ainda preocupa as seguradoras

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Imagens: Divulgação

Maria José Cury, da PwC Brasil: aumentos se deram pelo compartilhamento de apólices pela maioria das seguradoras

Maria José Cury, da PwC Brasil: aumentos se deram pelo compartilhamento de apólices pela maioria das seguradoras

Dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) apontam que em 2030 o mercado segurador tem como meta alcançar R$ 1,14 trilhões em movimentações, além de aumentar em 20% a parcela da população mundial atendida pelos produtos oferecidos. O Open Insurance será uma das peças fundamentais para que isso aconteça ao permitir cada vez mais o compartilhamento de dados de uma forma transparente entre as seguradoras e os clientes.

De acordo com a consultoria PwC Brasil, as requisições de Open Insurance subiram 80% entre no ano passado, na comparação com 2023, saltando de 8,4 milhões para 15,2 milhões no período. Por meio deste recurso, a base de clientes tem maior controle sobre seus próprios dados e os avanços tendem a melhorar suas experiências com as seguradoras que, por sua vez, vão entender melhor o que os clientes buscam e assim podem oferecer produtos mais competitivos no mercado.

“Estes aumentos se deram pelo compartilhamento de apólices de clientes pela maioria das seguradoras e o desenvolvimento da iniciação de serviços finalizados, como endosso, sinistro, resgate, sorteio, portabilidade e cotação”, afirma Maria José Cury, sócia da PwC Brasil e líder da área de seguros. Ela explica que existem algumas fases de adaptação a essa estratégia. “A primeira diz respeito a consulta a dados abertos de clientes, seguida pelas transmissões entre seguradoras. Por fim, surgem as Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente por meio de empresas independentes que farão a iniciação de serviços. Tudo isso engloba o processo de Open Insurance”, afirmou.

A Câmara Brasileira de Economia Digital lançou recentemente um estudo chamado “The Open Paradigm” que o BRAZIL ECONOMY teve acesso com exclusividade. Ele foi construído para analisar o avanço da estratégia de compartilhamento de dados e destaca que em países onde a Agenda Open foi aplicada com foco em inclusão, houve avanços reais na penetração de seguros, principalmente em perfis desassistidos, como profissionais informais, micro e pequenos empreendedores, e pessoas com renda variável.

“A democratização do setor de seguros é um movimento natural da economia. O Open Insurance é parte dessa lógica e busca tornar o acesso à proteção algo mais próximo da realidade das pessoas, especialmente daquelas que hoje não encontram produtos compatíveis com sua renda, sua jornada ou seu perfil de risco”, afirmou Manuel Matos, coordenador do Comitê de Open Insurance da Câmara Brasileira da Economia Digital.

“Quanto mais pessoas têm acesso à proteção, mais estabilidade existe no ciclo produtivo. Além disso, outros efeitos são o aumento da concorrência, o aprimoramento de produtos, e a relação entre preço e benefício tende a se ajustar à realidade do usuário. Então, democratizar o seguro é uma agenda econômica”, disse.

Fraudes ainda preocupam companhias de seguros

O Brasil tem construído ecossistemas abertos com uma clareza muito grande de que abrir dados não significa expor, mas sim, organizar e estruturar a base em governança e segurança. Além do Open Insurance, outros casos que seguem a mesma lógica mostram tendências irreversíveis no mercado brasileiro, como o PIX e o Open Finance. Porém, isso não significa que não podem sofrer fraudes. Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras, só no primeiro semestre de 2024, os pedidos de indenização que poderiam configurar fraudes somaram mais de R$ 2 bilhões.

Para Rosete Boukai, Diretora Executiva de Governança da Tokio Marine, a melhor estratégia sempre será a da prevenção: “Estudar a fundo quem são seus clientes, fornecedores, distribuidores e colaboradores é fundamental nesse processo. Acreditamos que a prevenção eficaz passa pelo engajamento de todos os envolvidos e é essencial que estejamos atentos, vigilantes e atuando de forma colaborativa. Ao mesmo tempo, buscamos que essa atuação ocorra de forma discreta para garantir fluidez na jornada do cliente e eficiência operacional. Nesse sentido, temos investido muito em IA para facilitar os trabalhos das linhas operacionais”,

A executiva da Tokio Marine afirmou que a subsidiária brasileira troca experiências de prevenção a fraudes com outras operações da companhia, algo também seguido pela Mapfre. “As práticas bem-sucedidas de um país são compartilhadas com os demais, respeitando as particularidades de cada mercado. No caso do Brasil, esse modelo de cooperação permite tanto o aproveitamento da experiência internacional quanto a exportação de soluções desenvolvidas localmente. Isso fortalece a atuação global do grupo e acelera a evolução das estratégias de prevenção à fraude em todos os mercados onde a Mapfre está presente, incluindo o Brasil”, afirmou Hugo Assis, diretor-geral de inovação e transformação da companhia.

A Mapfre, aliás, é conhecida justamente pelo alto grau de investimento na prevenção contra fraudes em seguros. A companhia utiliza duas tecnologias principais para apoiar a prevenção e investigação de fraudes: uma plataforma tecnológica baseada em alertas e regras antifraude, que monitora comportamentos fora do padrão e ajuda a identificar situações suspeitas desde os estágios iniciais, além de uma ferramenta de análise correlacional, que cruza dados e busca padrões entre diferentes eventos, facilitando a identificação de fraudes mais complexas e estruturadas.

“Essas ferramentas são integradas aos processos internos e operadas por profissionais especializados, garantindo agilidade e assertividade na apuração. A tecnologia, combinada à experiência da equipe, permite que a Mapfre atue de forma preventiva e reativa, protegendo a integridade da carteira e a confiança dos clientes”, disse Hugo Assis.

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