A Intel vai cortar mais de 25 mil postos de trabalho em 2025, o equivalente a 15% do quadro global da companhia. A decisão faz parte de um amplo plano de reestruturação anunciado pelo novo CEO, Lip-Bu Tan, que assumiu o comando da gigante dos semicondutores em março deste ano. Em comunicado interno, o executivo foi direto: “Não há mais cheques em branco”.
Segundo Tan, a companhia precisa se adaptar a um cenário de perdas financeiras persistentes e dificuldades estratégicas nos mercados de inteligência artificial (IA) e chips tradicionais, onde vem perdendo espaço para rivais como Nvidia e AMD. “Cada investimento precisa fazer sentido econômico. Vamos construir o que nossos clientes precisam, quando precisarem, e conquistar sua confiança por meio de uma execução consistente”, escreveu o CEO.
Além dos cortes de pessoal, a nova estratégia prevê a suspensão de projetos de fábricas na Alemanha e na Polônia, além da desaceleração das obras da nova planta em Ohio (EUA). A empresa também confirmou que vai transferir parte das operações de manufatura da Costa Rica para a Ásia, embora mantenha algumas funções de engenharia no país.
As mudanças têm como objetivo aumentar a eficiência operacional e reforçar a responsabilidade em todos os níveis da empresa. “Estamos tomando decisões difíceis, mas necessárias”, justificou o executivo.
Após um início de ano promissor, com valorização das ações da Intel impulsionada pela chegada de Tan e pela expectativa de mudanças, o anúncio de demissões e os resultados do segundo trimestre frustraram investidores. Os papéis da empresa caíram mais de 9% na quinta-feira (25), anulando boa parte dos ganhos acumulados em 2025.
Pressão da concorrência e ausência de motores de crescimento
A Intel enfrenta crescente pressão competitiva. No mercado de IA, a empresa vem sendo ofuscada pela Nvidia, que domina o fornecimento de chips para treinamento de modelos generativos. Já no setor de processadores tradicionais, a AMD ganhou espaço com produtos mais eficientes.
Diferente de outras gigantes da tecnologia como Microsoft, Google (Alphabet) e IBM, que têm conseguido compensar cortes com o crescimento em áreas como IA generativa e computação em nuvem, a Intel ainda não encontrou motores de crescimento para sustentar sua receita em queda.
Em 2025, diversas companhias do setor vêm realizando ajustes semelhantes. De acordo com levantamento da Fortune, Microsoft, Google, Meta e Amazon já demitiram milhares de funcionários este ano para cortar custos e abrir espaço para investimentos bilionários em IA.