Como a transição verde pode gerar empregos e reduzir custos para os brasileiros

A adoção de energias renováveis não é apenas uma pauta ambiental — ela também impacta diretamente o bolso do cidadão. No entanto, a forte dependência da energia hidrelétrica no Brasil torna o sistema vulnerável em períodos de seca, exigindo o acionamento de usinas termelétricas, que elevam os custos

*Luis Mosquera
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Imagens: Divulgação

Luis Mosquera é vice-presidente Jurídico, responsável por Relações Governamentais e Sustentabilidade da Siemens Brasil

Luis Mosquera é vice-presidente Jurídico, responsável por Relações Governamentais e Sustentabilidade da Siemens Brasil

O Brasil, anfitrião da COP30 em 2025, possui grandes vantagens competitivas para liderar a transição energética no mundo. E, na prática, transformar nossas fontes renováveis (hidrelétricas, energia solar, eólica e bionergia) em desenvolvimento sustentável e inovação industrial pode impulsionar a economia, gerar empregos, reduzir custos e melhorar a qualidade de vida da população.

O nosso País tem uma oportunidade estratégica de se posicionar dentro da economia dos anos 2030 e 2040, segundo um estudo da Universidade Johns Hopkins. Contamos com uma matriz energética predominantemente renovável e uma biodiversidade incomparável, mas ainda dependemos fortemente do petróleo, especialmente nos setores de transporte e da indústria. Então, para mudar esse cenário, é preciso acelerar a transição para um modelo sustentável, que traga benefícios diretos à população.

O impacto no dia a dia

A adoção de energias renováveis não é apenas uma pauta ambiental — ela também impacta diretamente o bolso do cidadão. No entanto, a forte dependência da energia hidrelétrica no Brasil torna o sistema vulnerável em períodos de seca, exigindo o acionamento de usinas termelétricas, que elevam os custos. Então, para manter a matriz energética brasileira limpa, mesmo com a dependência das hidrelétricas, é fundamental diversificar as fontes de energia, aumentar a eficiência energética e investir em tecnologias de baixo carbono.  A eletrificação do transporte, por exemplo, pode contribuir para a redução do custo dos deslocamentos urbanos e reduzir a poluição nas cidades.

Essa é uma entre as tendências apresentadas no relatório “Pictures of Transformation – Um retrato do Brasil em 2035”, que oferece um exercício de visão de futuro (“future back”) e nos ajuda a visualizar o país que desejamos para os próximos dez anos, além de explorar caminhos para um Brasil mais resiliente e equilibrado.

Para se ter ideia, a digitalização do setor elétrico e o uso da Inteligência Artificial (IA) podem otimizar a distribuição de energia elétrica, tornando-a mais eficiente e acessível. Já os sistemas inteligentes ajudam a equilibrar a oferta e a demanda, evitando desperdícios e garantindo o fornecimento de energia, o que garante mais estabilidade para a população.

E a descarbonização e digitalização de setores como energia transporte e indústria será um passo importante nessa jornada, que não só protege o meio ambiente, mas também gera empregos. Eu acredito que, com a necessidade de modernizar a infraestrutura energética nesta transição de uso de combustíveis fósseis para uso de eletricidade gerada por fontes renováveis, novas vagas surgirão em áreas como engenharia, tecnologia, construção e manutenção de sistemas renováveis. Profissionais capacitados para atuar com inovação e sustentabilidade serão cada vez mais valorizados.

Outro destaque nessa reflexão envolve os setores como agronegócio e mineração, que tradicionalmente têm um grande impacto ambiental e poderão se beneficiar da digitalização para reduzir desperdícios, aumentar a eficiência e rastreabilidade. A Internet das Coisas (IoT), por exemplo, já está sendo usada para otimizar a logística agrícola e tornar a produção mais sustentável e lucrativa, uma iniciativa que agrega mais valor aos produtos e torna o Brasil mais competitivo no mercado global.

Por fim, destaco o papel da sociedade na transição para uma economia mais sustentável e próspera. A colaboração e o diálogo entre todos os setores da sociedade – parceiros, empresas, governos e comunidades é fundamental, pois ao unir esforços, podemos criar soluções inovadoras que promovam uma economia brasileira mais limpa e saudável, aproveitando de maneira eficiente os recursos naturais que o país possui. O progresso verdadeiro só será alcançado quando trabalharmos juntos, multiplicando nosso impacto positivamente e fortalecendo nossa capacidade de enfrentar os desafios ambientais e econômicos do futuro.

*Luis Mosquera é vice-presidente Jurídico, responsável por Relações Governamentais e Sustentabilidade da Siemens Brasil

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