“No ano que vem, vou levar meu projeto à presidência até o final”, afirma Romeu Zema

Em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY, o governador de Minas Gerais garantiu que vai disputar o Palácio do Planalto e combater a polarização, embora seja hoje um dos protagonistas do racha no País

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Imagens: Divulgação

Romeu Zema, governador de Minas Gerais: candidatura de Flávio Bolsonaro não muda a estratégia para 2026

Romeu Zema, governador de Minas Gerais: candidatura de Flávio Bolsonaro não muda a estratégia para 2026

Romeu Zema (Novo) é mais um daqueles “outsiders” que pipocaram na política brasileira nos últimos anos. Empresário bem-sucedido com o Grupo Zema, composto por companhias de varejo, distribuição de combustível, concessionárias, serviços financeiros e autopeças, ele era desconhecido nacionalmente até se candidatar ao governo de Minas Gerais em 2018, com um forte discurso anti-PT, aproveitando a “onda” Jair Bolsonaro e a péssima avaliação do petista Fernando Pimentel no governo do estado até aquele ano. Em 2022, Zema foi reeleito no primeiro turno e já declarou que deixará o governo mineiro ano que vem para se lançar como pré-candidato ao Planalto, juntamente com outros governadores da direita, como Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior, que pretendem ocupar o espaço deixado por Jair Bolsonaro, que está inelegível e preso. Zema conversou com o BRAZIL ECONOMY sobre seus planos para o ano que vem. Confira, a seguir: 

O senhor já disse que concorrerá ao Planalto em 2026, mas muitos outros políticos, inclusive governadores do seu campo ideológico e o próprio Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, também vêm demonstrando este interesse. Alguma chance de o senhor recuar?
Eu renunciarei ao meu mandato até a data limite, que é 4 de abril de 2026, e vou dedicar todo o meu tempo a partir daí para a minha pré-candidatura pelo Partido Novo. Na disputa eleitoral de 2026, vou levar meu projeto à presidência até o final. Na última eleição, vencer em Minas era mais difícil do que ganhar a presidência ano que vem, já que em 2018 eu saí do zero para alguma coisa. Agora sair de alguma coisa para outra maior. Será menos difícil do que em 2018.

O que o senhor achou do anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro ao Planalto?
É um direito dele, fico satisfeito. É uma candidatura bem-vinda. Quanto mais candidatos a direita tiver, mais votos ela terá. Tenho certeza que no segundo turno estaremos juntos lutando contra o PT.

Mas, com o lançamento da candidatura dele, essa articulação dos nomes de governadores da direita muda?
Continuarei com a minha pré-candidatura e candidatura até o final. Isto já está definido e é um compromisso meu com o partido. Agora, não posso responder por outros partidos. Mas a entrada dele com certeza muda o xadrez das outras chapas. Temos que aguardar a data limite para ver quem vai renunciar até dia 4 de abril e quem vai disputar a partir de junho.

Nos últimos dias o governo Trump recuou da imposição das tarifas impostas aos produtos brasileiros. O senhor é um crítico ferrenho do governo Lula. Como acha que ele se saiu nas negociações diplomáticas com os EUA?
Desde o início, quando o tarifaço foi instituído pelo presidente Trump, eu critiquei o governo brasileiro. E continuo criticando o presidente Lula. Primeiro porque não se agride e fala mal do seu segundo maior parceiro comercial, que é os EUA. O presidente Lula sempre criticando e questionando o padrão dólar, se aliando a ditadores claramente antiamericanos.

Primeiro, ele errou e provocou o tarifaço. E segundo, quando foi instituído, a primeira coisa que ele deveria ter feito era ir a Washington imediatamente e solicitado um encontro com o presidente americano para equacionar a questão. Mas, ficou aqui na zona de conforto prejudicando todo o Brasil. Eu que venho do setor privado sei muito bem que quem quer resolver vai atrás e não fica esperando que a solução caia do céu. Lula age como se fosse mais importante que Trump.

O senhor teme que a pauta da anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado possa tirar votos na sua campanha agora que o presidente Donald Trump recuou das sanções, impostas com acusações de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro?
Tenho é que mostrar que minha gestão gera emprego, oportunidades, simplifica a vida de quem trabalha. E é isso que o brasileiro almeja já que está um tanto cansado dessa confusão e polarização. Meu trabalho é pelo desenvolvimento econômico. Hoje a pobreza em Minas Gerais é a menor da história e no meu estado só não trabalha quem não quer, já que é um estado com pleno emprego.

Então, o senhor é contrário a essa polarização política para 2026, mesmo fazendo parte dela?
Pessoalmente, queria que ela fosse amenizada. Acredito nisso. As pessoas estão ficando cansadas dessa coisa de joga pedra de um lado, joga pedra do outro. Isso muitas vezes não leva a nada. Precisamos de um País com projeto de futuro e propostas embasadas. Planejamento que faça com que o Brasil avance e infelizmente o que temos visto são políticos e instituições muito mais preocupadas em agredir, desfazer dos seus adversários e concorrentes do que ter um plano de futuro. Quem fica só brigando não avança. Precisamos de um caminho em direção ao futuro. O Brasil tem perdido tempo com essa polarização com um governo federal que olha muito mais pelo retrovisor que pelo para-brisa.

Se o senhor se mostrar contrário a essa polarização na campanha, vai baseá-la em que?
Tenho que mostrar as conquistas do meu governo. Primeiro, recuperamos as contas de Minas Gerais, saímos de um déficit de R$ 11 bilhões em 2018, que foi o último ano do desgoverno do PT e em 2024 tivemos um superávit de R$ 5 bilhões, além de superávit nos últimos quatro anos. Ou seja, o estado voltou a ter as contas equilibradas e paga tudo pontualmente, diferentemente do que acontecia com o PT. E um detalhe importante: quitamos praticamente todas as dívidas que o governo petista deixou aqui, com os municípios, com o Tribunal de Justiça, funcionários públicos. O que não foi quitado está sendo parcelado e pago pontualmente. Criamos ainda mais de 1 milhão de empregos formais nas minhas gestões e isso é mais que muitos países. Já atraímos US$ 100 bilhões em investimentos, o que consequentemente faz a economia mineira crescer acima da média Brasil, além de ganhar participação no PIB nacional, o que demonstra que hoje temos uma economia mais dinâmica do que a média do Brasil.

[Nota da redação: a cifra de US$ 100 bilhões em investimentos não pôde ser confirmada em nenhuma fonte oficial]

Falando no seu estado, Minas Gerais é um dos fatores decisivos que decidem a eleição no Brasil e, portanto, a campanha aí será bem acirrada. Muitos nomes da direita, como Nikolas Ferreira e Cleitinho, são bem cotados. Quem será seu candidato ao governo mineiro em 2026?
Meu apoio será ao vice-governador Matheus Simões, que tem sido meu braço direito desde março de 2020. Já está comigo há quase seis anos e tem sido uma peça fundamental na minha gestão. Como muitas vezes estou em compromissos institucionais, ele tem acompanhado todo o andamento da máquina fazendo essa gestão. É uma pessoa brilhante, extremamente capacitada, preparada e que vai fazer com que Minas avance ainda mais.

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