O uso estratégico da tecnologia para fortalecer a cadeia de suprimentos, ampliar o acesso ao crédito e criar um ecossistema financeiro mais eficiente e sustentável colocou a Suzano e a fintech Monkey no radar internacional. A parceria entre as duas empresas foi reconhecida no The Working Capital Awards (WCFA), na categoria Melhor Uso da Tecnologia em Supply Chain Finance (SCF), premiação global que destaca iniciativas de excelência em crédito corporativo, financiamento e inovação financeira.
O reconhecimento consolida um projeto que vai além da digitalização de processos. Desenvolvida com dois objetivos centrais (garantir a sustentabilidade financeira da cadeia de suprimentos e ampliar a adesão dos fornecedores ao programa de antecipação de recebíveis), a iniciativa se tornou uma referência no setor industrial brasileiro, especialmente em um ambiente marcado por volatilidade macroeconômica, restrições de crédito e maior exigência por práticas ESG.
“A premiação valida uma tese em que acreditamos desde o início, a de que a tecnologia só faz sentido quando gera impacto real para todos os elos da cadeia”, afirmou Gustavo Muller, CEO da Monkey. Segundo ele, o modelo rompe com estruturas tradicionais do mercado financeiro. “Ao criar um ambiente de competição transparente entre instituições financeiras, conseguimos ampliar o acesso dos fornecedores e, ao mesmo tempo, oferecer eficiência e previsibilidade para a empresa âncora.”
Ao longo de quatro anos de operação, o programa de Supply Chain Finance da Suzano processou mais de US$ 1,7 bilhão, somando mais de R$ 10 bilhões no mercado brasileiro. Nesse período, mais de 1.600 fornecedores foram beneficiados por meio de um sistema de leilão reverso em tempo real, operado na plataforma de risco sacado da Monkey, no qual até 15 instituições financeiras competem simultaneamente em cada operação.
Diferentemente dos modelos tradicionais de SCF, normalmente estruturados a partir de um relacionamento exclusivo com um único credor, a abordagem baseada em leilões permite que os fornecedores tenham acesso às melhores condições disponíveis no mercado, de forma automatizada e auditável. Desde 2021, o programa registrou cerca de 1 milhão de transações individuais, com aproximadamente 60% dos fornecedores mantendo participação ativa.
Para a Suzano, os ganhos vão além do volume financeiro. “A iniciativa nos permite otimizar o capital de giro sem comprometer o relacionamento com nossos parceiros estratégicos”, explicou Cristina Gualberto, responsável pela implementação da tecnologia na companhia. “Criamos um ambiente mais equilibrado, que fortalece a saúde financeira da cadeia e gera mais previsibilidade para todos os envolvidos.”
Outro ponto destacado pelo mercado é a capacidade de o modelo atravessar diferentes ciclos econômicos. A plataforma demonstrou resiliência operacional, mantendo estabilidade e competitividade mesmo em períodos de forte volatilidade financeira e em momentos de mudanças regulatórias relevantes no País. Para os bancos participantes, o sistema oferece operações ágeis, com processos padronizados, governança clara e elevada transparência.
Na avaliação da curadoria do prêmio, o case brasileiro se diferencia pela combinação entre escala, inovação tecnológica e impacto concreto. “O projeto da Suzano com a Monkey mostra como o Supply Chain Finance pode ser usado como ferramenta estratégica, e não apenas financeira”, afirmou Diana Henderson, curadora do World Credit & Finance Awards. “É um exemplo claro de como tecnologia, competição e governança podem fortalecer cadeias produtivas inteiras.”
Além do aspecto financeiro, o programa também contribui para práticas ESG ao fortalecer pequenos e médios fornecedores, reduzir assimetrias de informação e ampliar a inclusão financeira. Em um cenário em que o Supply Chain Finance ganha protagonismo como instrumento de gestão e mitigação de riscos, o reconhecimento internacional reforça o papel do Brasil no desenvolvimento de soluções financeiras alinhadas às melhores práticas globais.

