A Super Quarta de decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil é o destaque do dia. Mas o mercado financeiro precisa ajustar parte dos preços dos ativos de risco – sobretudo por aqui – antes do anúncio do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom), a partir do fim da tarde.
Isso porque a política voltou ao centro das atenções. A aprovação na Câmara dos Deputados do projeto que reduz em 50% a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro reacende no mercado doméstico a expectativa de que Tarcísio de Freitas (Republicanos) volte ao topo da lista de possíveis cabeças de chapa da direita nas eleições de 2026.
O projeto, que recebeu 291 votos favoráveis e 148 contrários, beneficia todos os condenados pelos atos de 8 de Janeiro – sem a inclusão de anistia. O texto agora vai para o Senado, onde, se também passar, segue para sanção presidencial.
Com a redução, Bolsonaro teria de cumprir pena de 13 anos, com a possibilidade de progressão de regime após dois anos. A medida pode ser a moeda de troca que o clã queria para tirar o filho mais velho da disputa pelo Palácio do Planalto. Ontem, as falas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) estressaram o mercado local.
Durante o pregão, o Ibovespa chegou a cair 2% e o dólar se aproximou dos R$ 5,50, após o senador afirmar que sua candidatura à Presidência é irreversível. Hoje, porém, os investidores devem apostar em uma retirada dele do jogo político com a votação da dosimetria. A movimentação, portanto, tem impacto direto no humor dos mercados.
Como já dito aqui, a Faria Lima tem predileção por um candidato de direita moderado, capaz de ser páreo duro à tentativa de reeleição do presidente Lula e de defender uma agenda econômica alinhada à pauta liberal, reformista e pró-privatizações. Aos olhos do mercado, o governador do Estado de São Paulo seria essa pessoa.
Super Quarta
Com o novo alívio na corrida eleitoral, o mercado redireciona o foco para os anúncios do Fed e do Copom. Além da manutenção da taxa Selic em 15% hoje, os investidores devem buscar no comunicado pistas sobre o início do ciclo de cortes – se já em janeiro ou apenas em março. O IPCA de novembro, logo cedo, calibra essas expectativas.
Nos EUA, a atenção se volta aos documentos que acompanham a decisão do Fed, incluindo as projeções econômicas e o gráfico de pontos (dot plot). Juntos, ambos devem indicar o rumo dos juros nos EUA após cair abaixo de 4% hoje. Na coletiva, o presidente Jerome Powell tem o desafio de equilibrar a visão de um colegiado dividido.
Assim, a última Super Quarta de 2025 é importante não apenas para garantir um eventual rali de fim de ano nos mercados globais. Acima de tudo, o grande dia que marca o anúncio dos bancos centrais dos EUA e do Brasil sobre os juros em um intervalo de poucas horas também deve balizar as decisões em 2026 – ao menos para o início do próximo ano.
Passeio pelo mercado
- Futuros das bolsas de Nova York: leve alta.
- Europa: bolsas em queda.
- Ásia: bolsas mistas – Tóquio (-0,1%) e Xangai (-0,2%) caem; Hong Kong sobe 0,4%.
- Moedas: rivais ganham terreno frente ao dólar.
- Commodities: petróleo tem viés negativo; minério de ferro em Dalian (China) fechou em alta de 1,85%, a 769 yuans; ouro cai.
- Criptomoedas: Bitcoin recua, mas segue acima dos US$ 90 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: IPCA (novembro)
- 10h30 – EUA: Índice de custo de emprego (3T25)
- 12h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)
- 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)
- 16h – EUA: Fed anuncia decisão de juros
- 18h30 – Brasil: Copom anuncia decisão de juros
Eventos
- 16h30 – EUA: Jerome Powell, presidente do Fed, em coletiva de imprensa

