A Super Quarta surpreendeu um total de zero pessoas no mercado financeiro. O Federal Reserve e o Comitê de Política Monetária (Copom) entregaram o que os investidores esperavam: novo corte de 0,25 ponto porcentual no juro dos Estados Unidos e manutenção da taxa Selic em 15%.
Nenhum dos dois deu sinalizações claras sobre os próximos passos. De um lado, Jerome Powell admitiu uma pausa no ciclo de queda, mas não descartou nova redução em janeiro. De outro, o Copom manteve o tom duro (“hawkish”) no comunicado, ecoando falas recentes do presidente Gabriel Galípolo, mas prevê melhora no cenário para a inflação.
Não se trata, portanto, do que os bancos centrais fizeram ou comunicaram, mas do que deixaram subentendido. Ao expor o dissenso triplo no colegiado, com votos e expectativas dissonantes em relação ao rumo dos juros, o Fed revela que pode agir por pressão externa – no caso, vinda da Casa Branca.
Por sua vez, o Copom não esconde o ambiente mais favorável para iniciar a remoção do juro básico do maior nível em quase duas décadas. Ainda assim, revela o desconforto com a cotação do dólar. Afinal, com a taxa dos EUA agora abaixo de 4%, o diferencial de juros (carry trade) está ainda mais atrativo, o que favorece o real e o Ibovespa.
Em outras palavras, o Copom não diz, mas avalia que uma taxa de câmbio ao redor de R$ 5,50 frente a uma taxa de juros de 15% é exagerada. A pergunta incômoda é: qual seria a cotação da moeda dos EUA com uma Selic em 12%? Da mesma forma, o Fed tampouco afirma, mas pode se ver obrigado a cortar os juros para agradar Donald Trump.
Economia Política
No fim das contas, o mercado está em um cenário dual, no qual forças políticas e econômicas concorrem na condução dos negócios. Aliás, isso tem se refletido na bolsa brasileira desde a última sexta-feira, quando a frustração com uma eventual candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nas eleições presidenciais castigou os ativos locais.
Fato é que a Economia e a Política sempre estiveram ligadas. Na ciência, a Economia Política estuda como relações de poder, instituições e decisões de governo influenciam a produção, a distribuição e o consumo. Assim, à medida que o segundo quartel do século 21 se aproxima, é tempo de resgatar os clássicos para calibrar as apostas para 2026.
Passeio pelos mercados
- Futuros das bolsas de Nova York: queda firme após balanço da Oracle.
- Europa: bolsas mistas.
- Ásia: Tóquio, Xangai e Hong Kong fecham em baixa.
- Moedas: rivais ganham terreno frente ao dólar.
- Commodities: petróleo recua; minério de ferro em Dalian cai 1,30%, a 757 yuans; ouro sobe.
- Criptomoedas: Bitcoin cai.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: vendas no varejo (outubro)
- 9h – Brasil: produção agrícola (novembro)
- 10h30 – EUA: pedidos de auxílio-desemprego (semanal)
- 10h30 – EUA: balança comercial (setembro)
- 12h – EUA: estoques no atacado (setembro)

