Em 2011, quando começou a operar no Brasil, a multinacional portuguesa de engenharia Quadrante tinha dois funcionários locais. Atualmente, indo para seus 15 anos no País, são 140 profissionais divididos entre os escritórios das cidades de São Paulo e Vitória (ES). Desde 2020, com operação própria por aqui, tem crescido 70% ao ano, com projetos nas áreas de mobilidade, energia e sustentabilidade. Com faturamento que deve ultrapassar os R$ 50 milhões neste ano, o Brasil representa 10% dos negócios globais da Quadrante. Os projetos de engenharia cada vez mais sustentáveis e o foco na descarbonização, certificação de créditos de carbono, economia circular e transição energética tornam o mercado brasileiro estratégico para a companhia, que investe em pessoas. Sem ter nenhuma máquina, nem robôs. O ativo são pessoas.
“Estamos no Brasil para uma empreitada de longo prazo. Sempre vimos o País como estratégico. Com todos os projetos de saneamento, de rodovias, aeroportos, ferrovias e data centers previstos aqui, temos um foco muito grande no mercado brasileiro”, disse ao Brazil Economy Pedro Moniz, country manager da Quadrante no Brasil, que também comanda a operação da companhia no Chile.
O tamanho do mercado verde-amarelo e suas inúmeras oportunidades estiveram no radar dos fundadores João Silveira Costa, Nuno Pais Costa, Nuno Batista Martins e Tiago Miguel Paiva Pais Costa desde a criação da Quadrante, em 1998. Mas foi apenas 13 anos depois que pisaram por aqui.
Em 2014, veio a prova de que estavam certos. Naquele ano, o Brasil foi responsável por 50% da receita global da empresa. Obras da Copa do Mundo de futebol e das Olimpíadas, realizadas em 2016, foram fundamentais para o resultado. Mas o esporte que a companhia disputava ia além desses jogos.
O desenvolvimento da infraestrutura nacional, com seus altos e baixos, não parou de lá para cá. E a Quadrante seguiu com investimentos em pessoas, que aplicavam seu conhecimento em projetos.

Aquisições
A ponto de a empresa portuguesa adquirir, em 2023, 98% da brasileira Ambconsult, com atuação nas áreas de engenharia de sistemas de tratamento e disposição de resíduos sólidos. “Isso nos permitiu avançar em uma estratégia de waste to energy, em aterros sanitários, por exemplo, para aproveitamento de biogás. E agora estamos desenvolvendo projetos de biometano. O Brasil tem muito a ser explorado nessa área”, disse Moniz.
Devem vir mais aquisições por aí. A Quadrante está mais capitalizada a partir da entrada no negócio do grupo espanhol de private equity Henko Partners, que possui 49,5% das ações da companhia portuguesa. Com ele, já adquiriram duas empresas na Espanha.
“Temos crescido muito globalmente, tanto em iniciativas orgânicas quanto inorgânicas. O Brasil é superestratégico nesse sentido”, ressaltou o executivo português, que está no Brasil há mais de uma década.
Entre os clientes da Quadrante no País estão concessionárias de infraestrutura, mineradoras e empresas de energia. Muitas delas interessadas em ganhar licitações para obras e operação de aeroportos, rodovias, ferrovias e outros eixos de infraestrutura. “Somos os projetistas que conhecem a engenharia. Somos os consultores. Montamos os projetos de acordo com as normas e desenvolvemos soluções para torná-los mais baratos e, ao mesmo tempo, eficientes”, disse Moniz.
Com os projetos em mãos, empresas, grupos, fundos, consórcios e joint ventures entram nas disputas de concorrências públicas. “Temos mais de 50 projetos exitosos entregues”, afirmou o country manager.
Em outra frente, a Quadrante atua no acompanhamento da execução das obras. “Faz todo sentido que estejamos em campo certificando o que realmente o projetista construtor está fazendo diante do projeto. Somos os olhos do cliente nas obras”, frisou o executivo.
Mobilidade, energia e sustentabilidade
Mobilidade é um dos pilares mais importantes da Quadrante. Neste momento, a companhia atua na revitalização do Aeroporto de Guarulhos. “Também trabalhamos muito com rodovias e ferrovias, com todas as grandes concessionárias e operadoras do Brasil”, exemplificou Moniz.
Entre os projetos em que a Quadrante esteve envolvida está a assessoria à EcoRodovias na conquista, em 2022, do leilão de concessão do Lote Noroeste Paulista, composto por cerca de 600 quilômetros de rodovias estaduais.
Ao assumir esses trechos, a concessionária se consolidou como a operadora com a maior malha viária do País. A oferta foi de R$ 1,23 bilhão em outorga para o Governo de São Paulo, com previsão de R$ 10 bilhões em investimentos em obras.
Já a área de energia é a que mais cresce proporcionalmente neste momento. “Estamos envolvidos em projetos de parques solares, de energias renováveis e de eólica. Também fazemos projetos de data centers, algo que está muito em voga hoje no Brasil”, salientou, ao observar que a Quadrante tem focado em battery energy storage. “Criamos energias sustentáveis, sistemas e soluções que permitem não desperdiçar energia.”
Na sustentabilidade, a companhia promove a quantificação das emissões de carbono para gerar créditos. “E assim conseguimos comercializá-los. Então, vamos desde a engenharia até a sustentabilidade na ponta final.”
O pilar de cidades sustentáveis conta com projetos de economia circular, reaproveitamento de resíduos e políticas de ESG. “Promovemos, por exemplo, ações para a descarbonização de uma mina atualmente.” Sem robôs, sem máquinas. Com pessoas.

