Em 2026, o Grupo Águia Branca entrará na lista das grandes empresas “oitentonas” brasileiras. Fundada em 1946 pela família capixaba Chieppe. que se aventurou a criar uma linha de ônibus em Minas Gerais, a companhia chega a sua oitava década como um dos principais grupos de transporte logístico do País e prevendo cerca de R$ 20 bilhões de faturamento até o final de 2025.
“Nossa receita crescerá 7% em relação ao ano passado, mas historicamente crescemos cerca de 16%. Este foi um ano desafiador por causa dos juros, mas tivemos um desempenho relativamente bom considerando nossa capacidade de superar as dificuldades”, afirmou Kaumer Chieppe, neto dos fundadores e atual CEO e presidente do Conselho do Grupo Águia Branca.
Mineiro de nascimento, Chieppe acompanhou o exemplo de seus tios, primos, pai e irmãos e fez praticamente toda a carreira dentro do grupo. Formou-se em Administração e cursou MBA em uma instituição francesa, galgando os degraus necessários para assumir a principal carga do conglomerado que, hoje, engloba cerca de 25 empresas, emprega 20 mil funcionários e mantém a sede em Vitória, no Espírito Santo.
Dividido em três linhas de negócios, a parte de passageiros, empreendimento original do grupo, representa hoje apenas um pouco mais de 7% do faturamento do grupo, embora a Viação Águia Branca seja a mais conhecida popularmente pelo transporte rodoviário em diversos estados do Brasil e países da América Latina. Esta linha engloba ainda fretamento corporativo, turismo e encomendas expressas.
Já a linha de logística abriga empresas como Autoport, Servicarga e VIVA e representa cerca de 23% do faturamento. Seu foco é de serviços em movimentação industrial em áreas como siderurgia, celulose, varejo, combustíveis, além de aquisição e gestão de frotas leves e pesadas.
Por outro lado, a linha de comércio é a que mais fatura, representando mais de 69% da receita por meio da comercialização de veículos leves e comerciais, caminhões, máquinas e equipamentos agrícolas, além de seguros. É ainda representante de grandes marcas automobilísticas por meio de empresas como Vitória Motors BYD, Mercedes e Jeep/Ram. “Já nos tornamos a maior rede Toyota da América Latina”, comemorou o CEO.
Atualmente, o Grupo Águia Branca já é um dos maiores vendedores de carro zero do Brasil, com 66 entregas distribuídas por Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, além, é claro, do Espírito Santo. Apesar da alta nos juros, a carteira de consórcio da holding cresceu cerca de 75% no primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano passado, ultrapassando R$ 200 milhões.
Este número chama ainda mais atenção já que, de acordo com a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, o setor, no Brasil, cresceu cerca de 11% no mesmo período, bem abaixo do número registrado pelo Grupo Águia Branca.
Sustentabilidade aos moldes naming rights
Apesar de atuar com transporte e logística, um dos setores que mais agridem o meio ambiente por meio da emissão de gases, o grupo mantém grande parte de seus investimentos sustentáveis em ações paralelas, inclusive por meio de naming rights, algo ainda raro em ações ambientais no Brasil: a companhia criou a Reserva Águia Branca, localizada em Vargem Alta (ES), entre os parques estaduais de Pedra Azul e Forno Grande.
Com mais de 2.200 hectares de Mata Atlântica preservada, 91% composta por florestas primárias ou em estágio avançado de regeneração, abriga dezenas de nascentes, cursos hídricos da bacia do Rio Itapemirim, um dos mais importantes do estado, e mais de 800 espécies de fauna e flora, incluindo espécies raras e ameaçadas. A atuação envolve projetos de conservação, pesquisas científicas, monitoramento ambiental e programas socioeducativos.
Mas, por mais interessante e bem-vinda que a iniciativa seja, não seria a hora de modernizar as frotas para ajudar na tão falada transição energética que o Brasil deve passar?
“Tivemos o primeiro ônibus 100% elétrico do Brasil e investimentos em veículos movidos a gás, mas é um cenário que ainda não é redondo.

