Profissional de finanças que não usa automação está uma década atrasado

Instituições que hesitam em incorporar essas tecnologias já enfrentam o risco concreto de se tornarem obsoletas, podendo chegar a perder competitividade

Bruno Klassmann*
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Imagens: Divulgação

"A transformação digital no setor financeiro não se limita a atualizar sistemas legados, ela exige revisão profunda"

"A transformação digital no setor financeiro não se limita a atualizar sistemas legados, ela exige revisão profunda"

O setor financeiro vive um momento decisivo em sua trajetória, marcado pela convergência tecnológica que pode redefinir seu papel e competitividade no mercado global. A inteligência artificial (IA), especialmente em suas formas generativas e automação avançada, deixou de ser apenas uma tendência para se tornar um pilar essencial na construção de modelos de negócio mais eficientes, inovadores e resilientes.

Instituições que hesitam em incorporar essas tecnologias já enfrentam o risco concreto de se tornarem obsoletas, podendo chegar a perder uma década em competitividade frente a concorrentes que adotam a inovação como motor de crescimento.

A transformação digital no setor financeiro não se limita a atualizar sistemas legados, ela exige uma revisão profunda dos processos, modelos comerciais e da cultura organizacional. A IA oferece ferramentas que vão desde a automação de tarefas repetitivas até a análise preditiva que antecipa movimentos de mercado e personaliza produtos com precisão inédita. Contudo, o valor real dessas tecnologias emerge somente quando integradas estrategicamente, alinhadas aos objetivos corporativos e geridas por práticas de governança robustas, garantindo não só eficiência, mas também conformidade e segurança.

Atualmente, muitas instituições ainda investem em projetos de IA isolados, sem sinergia com a estratégia corporativa, o que limita seu impacto e provoca desperdício de recursos valiosos. Segundo a consultoria McKinsey (2025), cerca de 58% das iniciativas de IA no setor financeiro não atingem seu potencial máximo por falta de integração e preparo organizacional.

Além disso, a escassez de líderes capacitados para conduzir essas transformações e a ausência de programas estruturados de treinamento criam um ambiente inconsistente, expondo as instituições a riscos éticos e de segurança, críticos em um setor altamente regulado.

Vibe coding

Uma inovação disruptiva no horizonte é o vibe coding, tecnologia que utiliza IA para gerar código a partir de comandos em linguagem natural, simplificando fluxos antes engessados por etapas extensas de planejamento e documentação. Essa abordagem não só acelera o ciclo de desenvolvimento, como também reduz erros e incentiva uma cultura de aprendizado contínuo.

No setor financeiro, onde é vital a adaptação rápida às mudanças regulatórias, demandas dos clientes e flutuações econômicas, o vibe coding representa um diferencial competitivo que aumenta a agilidade operacional. Dados da Gartner (2025) mostram que instituições financeiras que incorporam IA em suas operações registram um aumento médio de 30% na produtividade e crescimento anual da receita superior a 20%.

Além disso, essas organizações ampliam significativamente a oferta de empregos qualificados nas áreas de dados, segurança cibernética e desenvolvimento tecnológico, promovendo também valorização salarial nestes segmentos.

Em contrapartida, empresas que permanecem presas a processos manuais e sistemas legados perdem mercado rapidamente, criando um gap tecnológico que pode ser medido em anos e que afeta diretamente sua capacidade de inovar e competir.

Estratégias para um futuro sustentável e competitivo

Para reverter o atraso e capitalizar o potencial da IA, o setor financeiro precisa implementar estratégias robustas que priorizem:

  1. Cultura organizacional que valorize experimentação, inovação e aprendizado prático.
  2. Integração interdepartamental da IA em modelos de negócio;
  3. Capacitação contínua e qualificada de colaboradores;
  4. Governança clara, alinhada a princípios éticos e regulatórios;
  5. Liderança visionária que conecte tecnologia, pessoas e processos;

A resistência à transformação neste momento não é uma questão de escolha, mas uma ameaça direta à sobrevivência corporativa. A previsão de um atraso tecnológico de até dez anos não é um cenário alarmista, mas a consequência inevitável para quem não acompanha o ritmo acelerado das mudanças. Agir com urgência, portanto, é a única forma de garantir relevância e competitividade em um mercado financeiro cada vez mais dinâmico, digital e exigente.

*Bruno Klassmann é CFO do Grupo Alun

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