O uso de dinheiro físico no Brasil vem diminuindo de forma consistente desde a consolidação do PIX como principal método de pagamento, tanto no varejo presencial quanto em pagamentos recorrentes. Os números evidenciam esse movimento: até novembro deste ano, a modalidade movimentou cerca de R$16,7 trilhões, volume 17,2% superior ao registrado em todo o ano de 2024. Nessa nova era, o dinheiro em espécie passa a enfrentar um processo de obsolescência funcional, perdendo espaço para soluções mais rápidas, integradas e seguras.
Desde o seu lançamento, o PIX já realizou mais de 160,8 bilhões de transações, e a tendência é que esse número continue a crescer. Segundo o estudo O Novo Perfil do Consumidor Digital, realizado pelo Instituto Datafolha em parceria com a Koin, a adoção do Pix reduziu drasticamente o uso de dinheiro em espécie, que hoje representa apenas cerca de 6% das transações no país.
Para 2026, a principal tendência é a ampliação dos pagamentos invisíveis, nos quais o ato de pagar se integra de forma quase imperceptível à experiência de consumo no varejo físico e digital, reduzindo etapas e fricção na jornada de compra. “O pagamento deixa de ser um momento isolado da jornada e passa a fazer parte da experiência como um todo. Em 2026, o consumidor não quer mais ‘pagar’, ele quer apenas concluir a experiência com rapidez, fluidez e segurança”, afirma João Fraga, CEO da Paag, fintech de meios de pagamento.
Biometria como padrão e segurança em foco
Outro vetor é o avanço da biometria como principal mecanismo de autenticação. A crescente complexidade das tentativas de fraude em meios digitais levou varejistas e plataformas a adotarem reconhecimento facial, digital e biometria comportamental para reduzir riscos sem comprometer a experiência. Em 2026, essas soluções tendem a se consolidar como padrão. “A biometria deixou de ser um diferencial competitivo e passou a ser um pilar de confiança. Ela equilibra dois pontos críticos: segurança robusta e experiência sem fricção”, reforça Fraga.
Para Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply Tecnologia, o consumidor de 2026 busca autonomia, segurança e fluidez. “A biometria facial caminham juntos para entregar essa combinação de forma cada vez mais natural e integrada”, afirmou.
IA na prevenção de fraudes e automação de transações
O crescimento dos pagamentos digitais em 2025 também trouxe desafios de segurança. Estudos indicam que ferramentas de inteligência artificial e análise comportamental são cada vez mais empregadas para prever riscos e bloquear transações suspeitas antes de ocorrerem.“O futuro dos pagamentos está na convergência entre dados, automação e inteligência artificial. Em 2026, a IA deixa de ser uma inovação opcional e passa a ser um requisito básico para sustentar a confiança no ecossistema digital”, avalia Tironi.
Dinheiro programável e novas jornadas de pagamento
Além da biometria e da IA, cresce a tendência do dinheiro programável, com pagamentos automatizados e condicionados a eventos ou contratos digitais, abrindo espaço para modelos inovadores em assinaturas, serviços e integrações B2B. Esses recursos, que começaram a ganhar tração em 2025, devem ganhar escala ao longo de 2026.
“O pagamento se tornará cada vez mais automático, inteligente e integrado às plataformas que fazem parte do nosso dia a dia. O consumidor quase não irá perceber o ato de pagar e essa será a grande inovação”, afirmou Fraga.

