Onde a Nvidia vai parar? E por que está sendo procurada por investidores imobiliários

Marcio Aguiar, diretor de Enterprise da Nvidia para América Latina, responde a essas e outras questões sobre a companhia que vai ultrapassar US$ 200 bilhões de faturamento, sendo US$ 40 bilhões em datacenters

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Imagens: Divulgação

Marcio Aguiar, diretor de enterprise da Nvidia para América Latina

Marcio Aguiar, diretor de Enterprise da Nvidia para América Latina

Os números são absurdos. A Nvidia alcançou US$ 1 trilhão em valor de mercado em junho de 2023, duas décadas após sua fundação na Califórnia (EUA). Oito meses depois, em fevereiro de 2024, bateu US$ 2 trilhões em valuation. Em junho daquele mesmo ano, chegou a US$ 3 trilhões. Agora, neste início de dezembro de 2025, a companhia vale US$ 4,37 trilhões. E não é só isso: há mais números surpreendentes. A receita no ano fiscal de 2023 foi de US$ 27 bilhões — e mais do que dobrou a cada ano. Em 2024, saltou para US$ 60,9 bilhões; em 2025, para US$ 130,5 bilhões. E, nos nove meses do ano fiscal de 2026, encerrado em 26 de outubro, foram US$ 147 bilhões, aumento de 62% em relação ao mesmo período anterior. Analistas apontam que a empresa vai ultrapassar US$ 200 bilhões de faturamento neste ano, com US$ 40 bilhões em soluções para datacenters — que, em 2020, respondiam por apenas US$ 3 bilhões. Onde isso vai parar? Cadê a tal bolha da Inteligência Artificial?

Quem responde a essas perguntas é Marcio Aguiar, diretor de Enterprise da Nvidia para a América Latina. “O crescimento vai ser contínuo. Isso para nós não é novidade”, afirmou o principal executivo da gigante de tecnologia na região, que comanda a operação a partir do Brasil. “A América Latina e o Brasil acompanham os percentuais de crescimento global”, apontou o diretor.

A explicação para a Nvidia não parar de expandir seus negócios — para frustração dos que previam uma bolha de IA, especialmente após o surgimento da DeepSeek, a IA generativa chinesa — é direta.

A Nvidia fabrica chips usados para treinar modelos de IA, como o do ChatGPT, que exigem enorme capacidade computacional. Todas as grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Google, Amazon e Meta, são clientes da companhia. A Nvidia é especializada nas chamadas GPUs (Unidades de Processamento Gráfico).

GPUs da Nvidia equipam datacenters para absorver a capacidade computacional do mundo digitalizado
GPUs da Nvidia equipam datacenters para absorver a capacidade computacional do mundo digitalizado

Na avaliação de Aguiar, o crescimento seguirá exponencial por anos, porque as empresas não vão parar de demandar soluções que necessitam de potência tecnológica — seja um restaurante que usa câmeras para analisar comportamentos e gerar insights operacionais, seja a AWS, o serviço de nuvem da Amazon, com seus datacenters voltados a armazenamento e tráfego massivo de dados.

“Nós não vendemos hardware. Desenvolvemos soluções para que outras empresas desenvolvam seus produtos finais. Poucas pessoas entendem essa visão da Nvidia”, disse o executivo.

“A GPU é apenas um dos componentes. Temos soluções de rede, toda a arquitetura, toda a orquestração de GPUs, softwares que gerenciam esse processamento. Seguimos crescendo porque as empresas seguem investindo em novos modelos computacionais”, afirmou.

“Os softwares seguem evoluindo. Então, é um ciclo que só tende a acelerar. Os projetos vão ficando cada vez mais complexos. E começamos a falar mais com os dispositivos, em vez de digitar textos. Estamos apenas começando”, completou.

Real estate

Com todos os seus dispositivos e soluções de alta tecnologia, a Nvidia tem sido procurada por investidores do mercado imobiliário brasileiro. Isso ocorre porque eles querem “aprender”, segundo Aguiar, como preparar o terreno — literal e tecnicamente — para receber projetos de datacenter.

“Hoje a Nvidia é muito acessada por empresas que têm áreas, que têm terras, que querem aprender conosco o que precisam para atrair o investimento dos cloud service providers, que são Amazon, Oracle, Google, Microsoft…”, disse o executivo, que tem se reunido com fundos e family offices, até então fora de sua agenda.

O Brasil entrou no radar das grandes companhias de datacenter pela disponibilidade de energia, especialmente energia limpa. “As empresas têm enfrentado restrições energéticas em outros países e estão começando a migrar para a América Latina pela proximidade”, afirmou Aguiar. “O Brasil é um grande protagonista, porque tem infraestrutura e está totalmente preparado para receber essa demanda.”

Qual seria, então, o impasse para o País avançar mais rapidamente em datacenters — hoje com 188 unidades, ocupando a 10ª posição global? Na avaliação de Aguiar, a questão tributária é uma das maiores barreiras.

“Por isso o governo está tentando antecipar a reforma tributária, dando incentivos fiscais a essas empresas. Está cheio de investidor americano só esperando a homologação do Redata para destravar esse investimento”, afirmou o executivo da Nvidia, referindo-se ao programa de incentivos tributários e fiscais para a instalação desse tipo de infraestrutura no Brasil.

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