O potencial dos créditos de carbono e da transição energética no mercado

O cenário é promissor e demonstra grande capacidade de geração de renda e emprego, ao mesmo tempo em que posiciona o Brasil como protagonista na economia verde

Ana Laura Magalhães*
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Imagens: Divulgação

Ana Laura Magalhães é especialista em finanças e em Sustainable Finance pela Universidade de Cambridge

Ana Laura Magalhães é especialista em finanças e em Sustainable Finance pela Universidade de Cambridge

Surgido no esteio do debate sobre mudanças climáticas e como incentivo para que empresas e governos adotem práticas menos poluentes, o mercado de créditos de carbono no Brasil tem imenso potencial de emissão desses ativos e já desperta interesse de investidores, embora ainda careça de maior regulamentação.

Recentemente, o Brasil deu um passo importante ao aprovar a Lei 15.042/2024, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Gases de Efeito Estufa. A medida representa um avanço para a regulamentação nos setores de fundos e seguros. Mesmo antes disso, porém, empresas brasileiras e estrangeiras já vinham investindo capital e tecnologia nesse mercado, cuja maturidade deve ser alcançada em cerca de seis anos.

Atualmente, os principais créditos de carbono emitidos no Brasil estão ligados ao reflorestamento. Em 2024, o valor estimado das negociações no mercado primário brasileiro ficou entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,5 bilhão, cifras que indicam um cenário positivo para esses ativos nos próximos anos, segundo levantamentos da Systemica.

Além do reflorestamento, a transição energética, com a gradual substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis como hídrica, eólica e solar, ainda abundantes no Brasil, tem capacidade de gerar 370 milhões de toneladas de créditos de carbono no país, de acordo com um estudo da PwC Brasil.

Esse mesmo estudo mostra que a capacidade dos créditos de carbono de movimentar a economia vai além do mercado financeiro. As rotas industriais ligadas ao ativo têm potencial para gerar três milhões de empregos no Brasil até 2030 e acrescentar R$ 1 trilhão ao PIB nacional no mesmo período.

O cenário é promissor e demonstra grande capacidade de geração de renda e emprego, ao mesmo tempo em que posiciona o Brasil como protagonista na economia verde.

Para o mercado financeiro, o avanço desse ecossistema abre espaço para novas classes de ativos, fundos temáticos, seguros climáticos e instrumentos sofisticados de mitigação de risco. Para o investidor, significa acesso a oportunidades que combinam retorno potencial com impacto socioambiental positivo. À medida que a regulamentação evolui e o mercado amadurece, o Brasil se consolida como um dos players mais relevantes no cenário global de sustentabilidade. Os próximos anos devem ser decisivos para transformar potencial em valor real para a economia.

 *Ana Laura Magalhães é especialista em finanças e em Sustainable Finance pela Universidade de Cambridge

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