O mercado financeiro recebe nesta terça-feira (23) a última rodada de indicadores econômicos relevantes de 2025. Mas o impacto dos dados preliminares sobre a inflação no Brasil e sobre a atividade dos Estados Unidos nos ativos de risco tende a ser limitado. Isso porque no apagar das luzes de 2025, os fundamentos econômicos perdem relevância.
Como explica Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, a segunda metade de dezembro costuma ser um período peculiar para o mercado, especialmente para a bolsa brasileira. “O Ibovespa entra em uma espécie de ‘reta final’ que, nem sempre, reflete o desempenho observado ao longo dos meses anteriores.”
Para se ter uma ideia, ontem, o principal índice acionário caiu 0,2%, ampliando a queda no mês para 0,6%. Porém, a valorização desde janeiro supera 30%. Já o dólar subiu 1% apenas no pregão da véspera, ganhando quase 5% só em dezembro e reavendo em menos de um mês quase a metade da perda de cerca de 10% contra o real no ano até aqui.
Mais técnico, menos tendência
Assim, ainda que a aceleração esperada no IPCA-15 de dezembro esvazie a aposta já minoritária de corte na taxa Selic em janeiro – ou que a desaceleração da economia dos EUA no trimestre passado favoreça uma continuidade do ciclo de queda dos juros pelo Federal Reserve – não será o rescaldo da agenda econômica que definirá cenários.
“Movimentos de fim de ano tendem a refletir mais ajustes táticos e fatores sazonais do que tendências estruturais de longo prazo”, acrescenta Rivero. Conforme levantamento dos últimos 25 anos, a segunda quinzena deste mês não segue um roteiro fixo: em alguns anos, serviu de palco para ralis expressivos; em outros, como espaço para correções pontuais.
Para se ter uma ideia, entre 15 e 19 de dezembro, o Ibovespa acumula queda de 2,5%, depois de voltar a testar máximas históricas no começo do mês. “O que a série histórica evidencia é menos uma previsibilidade e mais um convite à cautela na interpretação dos movimentos de curto prazo, especialmente quando o calendário se aproxima do fim”.
Essa leitura vale também para o noticiário político. Por mais que o mercado insinue um nervosismo em torno das eleições de 2026, o cenário está aberto — não há definição de candidatos, das chapas presidenciais e muito menos de uma possível vitória. A clareza que os investidores desejam sobre quem irá comandar o país ainda vai demorar alguns meses.
Assim, a semana encurtada pelo Natal apenas reflete o que acontece, historicamente, nos mercados a partir do dia 15 de dezembro. Trata-se de um prenúncio do que esperar para os últimos dias de 2025, na semana que vem. No fim das contas, vale lembrar: nem todo movimento dos mercados carrega mensagem.
Passeio pelos mercados
- Futuros das bolsas de Nova York: leve baixa.
- Europa: bolsas mistas.
- Ásia: fechamento na linha d’água.
- Moedas: dólar perde terreno ante rivais; índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) recua.
- Commodities: petróleo cai; minério de ferro (Dalian) fecha em baixa, a US$ 110,57; ouro atinge novo recorde, acima de US$ 4,5 mil por onça.
- Criptomoedas: Bitcoin em baixa.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: IPCA-15 (dezembro)
- 10h30 – EUA: PIB (3T25)
- 10h30 – EUA: encomendas de bens duráveis (outubro)
- 11h15 – EUA: produção industrial (outubro e novembro)
- 12h – EUA: índice de confiança do consumidor (dezembro)
- 12h – EUA: venda de casas novas (novembro)
- 20h50 – Japão: ata da reunião de política monetária (dezembro)

