O mercado financeiro tem uma agenda econômica carregada no Brasil e no exterior. Lá fora, os bancos centrais da Inglaterra (BoE) e da zona do euro (BCE) definem suas taxas de juros, enquanto os Estados Unidos divulgam dados de inflação com foco no Federal Reserve e o BC do Japão (BoJ) encerra o dia, que se configura em uma verdadeira Super Quinta.
Combinados, esses anúncios escancaram os diferentes estágios de ciclos monetários nas economias avançadas. Enquanto o BCE deve manter os juros em 2,15%, o BoE deve confirmar o esperado corte de 0,25 ponto na taxa atual de 4%. A dúvida é se o BC inglês vai manter o ritmo de queda no ano que vem, diante do cenário inflacionário mais benigno.
Do outro lado do Atlântico Norte, o índice de preços ao consumidor nos EUA (CPI) deve subir ao pico e ir superar 3% na leitura anual — como não houve coleta em outubro, não haverá o dado mensal. Com isso, o Fed pode aguardar novas divulgações que indiquem o início da desaceleração para, então, voltar a cortar os juros norte-americanos.
Já no fim do dia, o BoJ deve encerrar 2025 do mesmo jeito que começou o ano: apertando os juros. O antecipado aumento para 0,75% tem potencial de movimentar os mercados globais, com os ativos japoneses ganhando atratividade e provocando ajustes relevantes na alocação de recursos com a chegada de 2026.
Dia de agenda cheia
O calendário doméstico também está repleto de eventos e divulgações importantes. Em clima de fim de ano, o presidente Lula e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) tomam café com jornalistas, pela manhã (11h) e à tarde (15h), respectivamente. Já o presidente do BC local, Gabriel Galípolo, comenta o relatório de política monetária deste último trimestre de 2025.
O documento, repaginado do tradicional relatório trimestral de inflação (RTI), deve reforçar o tom rígido (hawkish) na comunicação recente do Comitê de Política Monetária (Copom) e não dar qualquer pista sobre a possibilidade de corte da taxa Selic em janeiro — como deseja o mercado.
Até porque com a política monetária tão desigual no mundo, o carry trade (operação que ganha com a diferença de juros) deve manter a porta aberta para a entrada do capital externo por aqui. Ontem, o dólar fechou no maior valor desde agosto, acima de R$ 5,50, com o ambiente político já influenciando o comportamento dos negócios locais.
Mas são os fatores técnicos que irão definir o posicionamento dos investidores no curtíssimo prazo, alternando estratégias mais especulativas ou para proteção da carteira antes do apagar das luzes de 2025. Afinal, o mundo vive hoje diferentes velocidades de política monetária – e essa assimetria prepara o palco para 2026.
Passeio pelos mercados
- Futuros das bolsas de Nova York: em alta.
- Europa: bolsas no terreno positivo.
- Ásia: fechamento misto.
- Moedas: dólar avança frente a moedas rivais; índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) sobe.
- Commodities: petróleo sobe; minério de ferro (Dalian) fecha em alta de 1,6%; ouro cai.
- Criptomoedas: Bitcoin em alta, mas abaixo da marca de US$ 90 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h – Brasil: Relatório de Política Monetária (4T25)
- 9h – Europa: Decisão de juros do BoE
- 10h15 – Europa: Decisão de juros do BCE
- 10h30 – EUA: Índice de preços ao consumidor – CPI (novembro)
- 10h30 – EUA: Pedidos de auxílio-desemprego (semanal)
- 23h30 – Japão: Decisão de juros do BoJ
Eventos
- Brasil: Reunião do CMN (mensal)
- 9h30 – Europa: Andrew Bailey, presidente do BoE, em coletiva de imprensa
- 10h45 – Europa: Christine Lagarde, presidente do BCE, em coletiva de imprensa
- 11h – Brasil: Gabriel Galípolo, presidente do BC, em coletiva de imprensa

