O mercado financeiro deixou claro na última sexta-feira (05) o quanto os preços dos ativos de risco estão artificiais. O salto do dólar de quase R$ 0,15 em um único dia e o tombo do Ibovespa em mais de 4% por questões políticas – à luz das eleições de 2026 – mostram que falta fundamento aos negócios locais. O que está em xeque é um jogo de apostas ao sabor das preferências dos investidores.
Daí por que se espera uma correção dos exageros ao final da semana passada, quando a bolsa brasileira teve a maior queda desde o início da pandemia sob o efeito de uma eventual candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para a corrida presidencial. Essa nova peça representou um risco sobre o tabuleiro, pois o mercado nunca escondeu a preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na disputa.
Contudo, tudo não passou de um jogo de cartas. A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão preventiva e inelegível, de passar a liderança para seu filho mais velho, soou como um blefe. Nesse caso, o pedido de truco – ou da candidatura do 01 ao Planalto – pode ser retirado em troca do apoio do Centrão à anistia para seu pai. A rapidez do recuo sinaliza que a jogada da família era para criar margem de negociação em Brasília.
Pediu 6
Ainda assim, o movimento doméstico ao final da semana passada sugere que o mesmo pode ocorrer na quarta-feira (10), caso o Federal Reserve e o Comitê de Política Monetária (Copom) frustrem a expectativa dos investidores. Ou seja, pode se esperar pelo pior nos mercados globais, se não houver um terceiro corte consecutivo de 0,25 ponto porcentual nos juros dos Estados Unidos nem uma sinalização de início dos cortes na taxa Selic.
A última Super Quarta de 2025 é o grande evento da semana e, talvez, do ano. O dia será agitado e começa com o IPCA de novembro. A expectativa é de que a inflação oficial entre no intervalo perseguido pelo Banco Central, situando-se até 1,5 pp acima da meta de 3%. O anúncio seria o abre-alas para o Copom indicar, no comunicado da decisão de manter o juro básico em 15%, que há espaço para afrouxar a taxa já no início do ano que vem.
Da mesma forma, ainda que o placar do Fed seja dividido, em um decisão que pode ter um raro triplo dissenso, o que importa é o gráfico de pontos. É no dot plot que estarão as previsões do colegiado para a taxa de juros nos próximos anos. Na última reunião, houve um voto isolado para colocá-la abaixo de 3%, o que sugere uma continuidade do ciclo de queda para além dos atuais 4%.
Mostre as cartas
Assim, o mercado revela sua intenção em ditar as regras, forçando os adversários – políticos e monetários – a aceitar sua estratégia e torná-los aliados. Do contrário, os investidores vão pedir maior prêmio pelo risco da jogada.
Mas o que fica claro é que não há uma leitura do jogo, apenas a opção de seguir, pedindo mais pela aposta para não ter de desfazer o lance. É assim que as distorções se acumulam e, cedo ou tarde, cobram seu preço.
Passeio pelo mercado
Os futuros das bolsas de Nova York estão estáveis, sem viés definido, com os investidores à espera da reunião do Fed – e de um novo corte nos juros dos EUA.
Na Europa, as bolsas estão no vermelho, com os sinais de que o próximo movimento do Banco Central Europeu (BCE) seja de aumento dos juros adicionando cautela na região.
Na Ásia, a sessão foi mista, em reação aos dados da balança comercial chinesa e do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão. Tóquio e Xangai tiveram altas moderadas, enquanto Hong Kong caiu.
Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às rivais.
Nas commodities, o petróleo cai e o minério de ferro em Dalian (China) fechou em queda de 1,43%. O ouro também tem viés negativo.
Entre as criptomoedas, o Bitcoin avança e segue acima dos US$ 90 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h25 – BC: Relatório Focus (semanal)
- 10h – Brasil: Produção e venda de veículos – Anfavea (novembro)
- 15h – Brasil: Balança comercial (semanal)

