Mercado joga o jogo do Copom para conquistar corte na Selic, ao preço do dólar

Copom sinaliza incômodo com cotação do câmbio, aguarda ajuste no dólar para cortar a Selic e transfere ao mercado timing do início dos cortes

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quedadebraco | Brazil Economy

O mercado financeiro sabe que janeiro está logo ali. Para sustentar a convicção de que o primeiro corte da taxa Selic virá já no mês que vem, os investidores precisam ajustar os preços dos ativos locais. Daí por que o Ibovespa teve dificuldade para subir ontem, mesmo com a queda de mais de 1% do dólar, voltando à marca de R$ 5,40.  

Como dito aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou nas entrelinhas do comunicado ao final da Super Quarta que está incomodado com a cotação do câmbio. O receio do Banco Central diz respeito ao comportamento do dólar, caso o juro básico caia para a faixa de 12%. Ainda mais diante da proximidade das eleições presidenciais.

O jogo político no mercado já deixou claro que o dólar é o ativo mais sensível ao vaivém do cenário eleitoral em 2026. Com isso, a estratégia do BC é manter aberta a janela para as operações de carry trade, que estão ainda mais atrativas agora que a taxa nos Estados Unidos caiu abaixo de 4% e a Selic segue no maior nível em 20 anos.

A questão é saber quando o Copom irá mudar de ideia. Ou seja, qual é o nível confortável do dólar para iniciar um ciclo de cortes dos juros? A resposta depende da velocidade de ajuste do câmbio. Em outras palavras, quanto mais o dólar demorar para se aproximar de R$ 5 – e afastar-se de R$ 5,50 ou mais – mais prolongado será o período de Selic estável.     

Copom passa a bola para o mercado

Tendo isso em mente, nada impedirá o Copom de cortar a taxa básica de juros já em janeiro e muito menos às vésperas do pleito eleitoral, em agosto ou setembro. Como se diz, a bola está com o mercado: o momento exato do início do ciclo de cortes depende da disposição dos investidores em entregar aquilo que o BC quer – para receber o que deseja. 

Resta saber se o mercado vai dar o braço a torcer. Nessa queda de braço, os investidores estrangeiros devem dar uma “mãozinha”, em meio ao interesse em ganhar com o diferencial de juros. A expectativa é de que os gringos tragam seus dólares para cá, derrubando a cotação da moeda dos EUA e, de quebra, aliviando a pressão sobre a inflação.

Tal movimento deve provocar uma ação coordenada nos demais ativos locais, dando fôlego à bolsa brasileira, à medida que a perspectiva de alívio monetário cresce, e reduzindo o prêmio de risco na curva de juros futuros. Mas esse quadro só se forma se diminuírem algumas anomalias no mercado – sendo o preço do dólar a principal.  

No fim das contas, o Copom deixou claro que o início do ciclo de cortes não será apenas uma decisão técnica, mas o resultado de um ajuste coletivo de expectativas. O BC observa o câmbio e o mercado testa os limites. A mensagem é simples, ainda que não declarada: antes de receber o alívio nos juros, o mercado precisa entregar um dólar mais comportado.

Passeio pelos mercados

  • Futuros das bolsas de Nova York: sinais mistos.
  • Europa: alta firme.
  • Ásia: bolsas no positivo.
  • Moedas: dólar mede forças frente a moedas rivais.
  • Commodities: petróleo sobe; ouro avança.
  • Criptomoedas: Bitcoin em alta.

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