O mercado financeiro corrigiu ontem apenas uma fração das perdas acumuladas ao fim da semana passada, quando o cenário eleitoral de 2026 reacendeu a aversão ao risco no Brasil. Apesar da leve recuperação, o Ibovespa ainda recua 0,6% em dezembro, enquanto o dólar sobe 1,6% no período. O movimento reforça que a política seguirá ditando ritmo aos negócios locais – ao menos até outubro de 2026.
Porém, nesta véspera da Super Quarta, quando o Federal Reserve e o Comitê de Política Monetária (Copom) decidem sobre os juros, o que importa é o que ainda não está embutido no preço dos ativos (do jargão “precificado”). Os investidores esperam que o Fed anuncie um novo corte de 0,25 ponto porcentual na taxa dos Estados Unidos amanhã e aguardam sinais de quedas adicionais em 2026 – se não em janeiro, talvez em março; e depois.
Essa mesma dúvida vale para o mercado doméstico. As atenções se voltam ao comunicado do Copom, que definirá as apostas para o início do ciclo de cortes da taxa Selic em janeiro ou em março. O juro básico deve seguir em 15% pela terceira vez consecutiva, após o último aperto em junho, e encerrar 2025 no maior nível em quase duas décadas. Para 2026, porém, o mercado projeta recuo a 12,25%.
Portanto, qualquer sinalização que se desvie dessas expectativas, seja do Fed e/ou do Copom, tem potencial para provocar um comportamento inesperado nos mercados, para o bem ou para o mal. O movimento pode ser tão abrupto quanto a turbulência provocada na última sexta-feira (05), sob efeito de uma pré-candidatura de Flávio Bolsonaro na corrida presidencial de 2026.
Jogo eleitoral
Na leitura do mercado, a candidatura do primogênito de Jair Bolsonaro – atualmente preso e inelegível – tende a intensificar a polarização política, ampliando o risco de adotar medidas populistas. Para os grandes players, a presença de um Bolsonaro como cabeça de chapa da direita só beneficia a oposição – neste caso, a tentativa de reeleição do presidente Lula.
A Faria Lima ainda busca um nome alinhado à agenda econômica liberal, reformista e pró-privatizações. O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), segue como preferido para essa pauta. Ratinho Jr. (PSD-PR), governador do Paraná, aparece como alternativa, mas com menor tração rumo ao Planalto.
Daí o desconforto inicial com o nome do filho 01 na disputa. Se a movimentação do clã for apenas uma estratégia para negociar com o Centrão – que se afastou do ex-presidente – em troca de apoio à anistia de seu pai, o quadro político pode ser reconfigurado. Em todo caso, o jogo eleitoral está só começando e o ambiente segue sensível.
Passeio pelo mercado
- Futuros das bolsas de Nova York: leve alta.
- Europa: bolsas mistas.
- Ásia: apenas Tóquio subiu (+0,14%).
- Moedas: rivais ganham terreno frente ao dólar.
- Commodities: petróleo tem viés negativo; minério de ferro em Dalian (China) fechou em queda; ouro sobe.
- Criptomoedas: Bitcoin cai, mas permanece acima dos US$ 90 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: Produção industrial regional (outubro)
- 10h15 – EUA: Pesquisa ADP sobre emprego no setor privado (semanal)
- 12h – EUA: Relatório Jolts sobre abertura de vagas (outubro)
- 22h30 – China: Índice de preços ao consumidor – CPI (outubro)
- 22h30 – China: Índice de preços ao produtor – PPI (outubro)
Eventos
- Brasil: Primeiro dia da reunião do Copom
- EUA: Primeiro dia da reunião do Fed

