Numa economia complexa como a brasileira, influenciada por decisões judiciais, tributárias e governamentais que alteram juros, inflação e câmbio — para ser muito simplista —, já é difícil uma empresa sobreviver. Tornar-se, então, uma grande corporação é um desafio ainda maior. Segundo estudo inédito da Novara Advisory, ao qual o BRAZIL ECONOMY teve acesso em primeira mão, de 3.000 empresas consideradas emergentes, com faturamento anual de R$ 300 milhões a R$ 1,2 bilhão, entre 250 e 500 podem se transformar em “large corporates” no período dos próximos 5 a 11 anos.
O levantamento da Novara, consultoria especializada em apoiar o crescimento e o acesso a capital de empresas emergentes, mostra que as companhias avaliadas cresceram em receita a taxas expressivas, de 14,1% ao ano, em média. E entregaram ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) mediano de 15% ao ano entre 2020 e 2024, desempenho superior ao da economia brasileira e comparável ao de companhias listadas no Ibovespa. O crescimento real dessas empresas chegou a 4,6% ao ano, superando o avanço do PIB anual.
“O desempenho conjunto das empresas emergentes foi surpreendente em relação ao que vimos na economia nestes últimos anos. Porém, ele não foi uniforme e apresenta muitas oportunidades para a maioria das empresas do segmento”, disse o fundador da Novara, Ivan de Souza.
“As melhores do segmento tiveram crescimento anual até 3,6 vezes maior e retorno sobre o patrimônio líquido até 5,7 vezes acima das demais”, afirmou o executivo, que exerceu posições de liderança na Booz Allen, PwC e Accenture.
Segundo o estudo, 62% das empresas emergentes geraram retorno aos seus acionistas acima do CDI e 53% superaram o retorno mediano das empresas do Ibovespa nos últimos cinco anos.
O sucesso não se concentra em setores específicos. O que distingue as mais bem-sucedidas é a estrutura mais leve de ativos, o uso eficiente de capital e custos administrativos 11% menores do que os das empresas de baixo desempenho.
Ações críticas
Além de mapear as “futuras gigantes brasileiras”, o levantamento da Novara apontou uma agenda para os próximos períodos das empresas emergentes do País, indicando ações críticas para o seu sucesso contínuo.
A internacionalização, por exemplo, pode acelerar o caminho de crescimento das companhias emergentes, ainda pouco afeitas a buscar mercados externos. Isso colaboraria para que as empresas ampliassem seus resultados, de acordo com a sondagem.
Empresas com controle familiar representam 46% das emergentes, sendo que apenas 39% delas são internacionalizadas.
Em conjunto, o segmento de empresas emergentes movimenta aproximadamente R$ 1,6 trilhão em receitas, o equivalente a 14,5% do PIB brasileiro.
No total, 60% delas faturam acima de R$ 500 milhões anuais e 46% têm mais de 500 funcionários. São Paulo concentra 43% das empresas emergentes no Brasil, participação maior do que sua representatividade no PIB, que é de 31%. Minas Gerais e Rio de Janeiro possuem 10% delas, cada Estado. O Rio Grande do Sul reúne 7% das emergentes.

