Quando o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez um vídeo viral no início de 2025 insinuando que o governo Lula taxaria o PIX, a comunicação petista assistiu atônita a uma queda de popularidade imediata de Lula. Mesmo que depois tenha sido comprovada que a suposta taxação não ocorreria, o estrago foi feito. Por outro lado, esse momento foi a virada de chave que, com anos de atraso, fez o PT acender o alerta para melhorar sua comunicação digital, área dominada pela extrema-direita no Brasil.
Pedro Rousseff foi um dos nomes que despontou nas “brigas” digitais em 2026. Apadrinhado diretamente por Lula para combater a extrema-direita na internet, ele é vereador do PT em Belo Horizonte, candidato declarado ao posto de deputado federal ano que vem e sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff.
O estrategista digital do PT defende que a postura do partido deve ser de ataque e não ficar na defensiva, como ele explicou em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY. Confira:
O senhor é considerado uma peça chave do PT para bater de frente com a estratégia agressiva da extrema-direita nas redes sociais. Como tem sido essa experiência?
Nós já estamos em campanha, tanto o PT quanto o presidente Lula, e para isso precisamos atingir a sociedade como um todo de uma forma direta. As redes sociais e nossa comunicação são peça chave nisso. A extrema-direita mente cotidianamente e por isso chega de defensiva esperando o Nikolas Ferreira contar mentiras. Então, quando me colocam como contraponto, o meu trabalho nada mais é do que ser um soldado do presidente Lula nessa guerra. É partir para cima sem medo, fazer a denúncia que precisa ser feita e nunca arredar o pé para trás. É dessa forma que vamos conseguir reeleger Lula de novo.
O anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro ao Planalto foi positiva na visão da comunicação do governo?
A candidatura do Flávio é o maior fracasso possível. Isso mostra mais uma vez que a extrema-direita não tem nome competitivo para poder disputar. E mostra também o projeto de poder que a família Bolsonaro tem, de quererem mais uma vez colocar uma candidatura da família já sabendo que vão perder e serão massacrados nas eleições. Tudo isso só para eles se consolidarem ainda como a força anti-PT e anti-Lula no pós-eleições de um novo mandato do presidente.
O senhor acredita que o PT ainda tem dificuldades em mostrar as conquistas do governo Lula na economia?
O governo do presidente Lula é o que mais fez obras e investimentos sociais, além de ser o que mais desenvolveu nosso País. O problema que a gente vive hoje é que pessoas sem qualquer escrúpulos como Nikolas Ferreira e Eduardo Bolsonaro consistentemente e diariamente criam mentiras e ficções para poder bater no nosso governo. Então, as obras estão sendo entregues, a vida das pessoas está melhorando, as pesquisas mostram, mas poderia ser muito melhor se não tivesse essa onda massiva de desinformação propagada pela extrema-direita. Aí sim, as pessoas iam ter um acesso melhor das informações que estão sendo de fato executadas pelo nosso governo.
A contratação do ministro Sidônio Palmeira para comandar a comunicação foi uma das mais importantes de todo o governo. A gente vem auxiliando também nessa transformação da comunicação do governo do presidente Lula, mas o ministro Sidônio é o nosso grande líder nessa tarefa e vem fazendo um excelente trabalho.
Qual vai ser o grande desafio do PT nas redes sociais nas eleições de 2026?
O maior desafio do nosso governo é não só compartilhar pelas redes sociais aquilo que a gente vem fazendo de bom para a população, mas o principal é colocar o dedo na cara dessa extrema-direita bandida, criminosa, expor esses casos gravíssimos de corrupção, de grandes escândalos, que quem está envolvido é a extrema-direita e o centrão. Temos que partir para cima ano que vem, já que se ficarmos só na defensiva podemos ter um grande problema nas eleições.
O senhor acredita que a esquerda brasileira tem avançado no uso das redes sociais?
Sim, acredito. O problema é que demorou muito tempo para ver a importância política das redes sociais que são a essência da comunicação hoje em dia. A mobilização pelas ruas é muito importante, mas hoje quem não ganha a guerra na internet não ganha também as eleições. O avanço do PT e do presidente Lula nas redes sociais é imbatível. A tarefa que me foi dada é para poder aumentar a velocidade e atuação na internet, então eu não tenho nenhum temor sobre ano que vem.
Isso passa pela melhora da estratégia digital com as periferias?
O PT nasce das periferias urbanas e nós nunca saímos de lá. O presidente Lula esteve em Belo Horizonte mês passado para visitar a maior comunidade de Minas Gerais, a Aglomerado da Serra, onde ele fez o maior anúncio do Gás do Povo, que fornece gás de graça para mais de 30 milhões de brasileiros. A nossa tarefa agora é entrar ainda mais nas comunidades periféricas fazendo o papel que é do Estado, com serviços importantes auxiliando a população que mais precisa. O diálogo com as periferias é de entrega de obras, saneamento básico, moradias populares e outras que melhoram a vida das pessoas de uma vez por todas. Precisamos de uma presença física nas comunidades que é uma característica do PT também.
Fazer uma comunicação assertiva com a “Faria Lima” ainda é um desafio do PT?
A nossa comunicação com a Faria Lima é de mostrar o que o Brasil já vê: o governo Lula tem responsabilidade fiscal, ao mesmo tempo tem desenvolvimento econômico e social. Mantém a inflação baixa e o desemprego controlado. É um País que cresce mais que todos os países da Europa, então não há medo por parte da Faria Lima que sabe o que o governo faz, com o dólar despencando, a bolsa atingindo recorde. Então, nossa comunicação com eles são as entregas e os números que não mentem.

