“Brasil já tem demanda forte. Precisamos de um país de indústria forte”, diz CEO da Unipar

Rodrigo Cannaval aponta o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química, que aguarda sanção presidencial, como fator de evolução do setor. Empresa finaliza investimento de R$ 1 bilhão na fábrica de Cubatão (SP)

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Imagens: Divulgação

Rodrigo Cannaval, CEO da Unipar

Rodrigo Cannaval, CEO da Unipar

Uma constatação. “O Brasil é um país de demanda forte.” Uma súplica. “Precisamos agora de um país com uma indústria forte.” E uma conclusão. “Porque são esses elementos que fazem um país desenvolvido.” As três frases são de Rodrigo Cannaval, CEO da Unipar, pronunciadas ontem (15), durante a inauguração da modernização da fábrica de Cubatão (SP), que recebeu investimento de R$ 1 bilhão.

O executivo apontou a criação do Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq) como um dos principais avanços que podem elevar o nível de competitividade das companhias e do setor como um todo.

O Projeto de Lei 892/25, que implementa o programa, já foi aprovado na Câmara e no Senado e agora aguarda sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevista para o dia 19. Com o Presiq, a indústria química brasileira terá acesso a incentivos fiscais para modernizar e descarbonizar o setor.

Para o CEO da Unipar, o Presiq chega em um momento importante para o segmento petroquímico, que é de commodity e “vive um ciclo de baixa”. “Isso tem a ver com oferta e demanda, é um tema global. Segundo dados da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), hoje o setor está com mais de 30% de ociosidade. Precisamos aumentar essa ocupação para manter empregos e melhorar a arrecadação”, frisou.

Com processo de produção por membranas, fábrica da Unipar em Cubatão tornou-se a mais avançada  América do Sul
Com processo de produção por membranas, fábrica da Unipar em Cubatão tornou-se a mais avançada América do Sul

“Com ele, sem dúvida, estaremos aqui, em um futuro próximo, inaugurando novos projetos utilizando esse estímulo à indústria. É um programa que trabalha para devolver a alta capacidade de produção da indústria brasileira e também para que ela cresça de maneira sustentável”, disse Cannaval.

Para o CEO, com o Presiq, a empresa fica mais bem posicionada e preparada para atravessar os momentos difíceis do mercado, “ao mesmo tempo em que investe no futuro”.

“Os desafios são grandes, mas a Unipar tem sido bastante exitosa, trabalhando a sua agenda de competitividade, com rigor financeiro, alongando as nossas dívidas e melhorando essas coberturas”, afirmou o executivo da companhia, que faturou R$ 3,9 bilhões de janeiro a setembro deste ano, 3% a mais do que no mesmo período do ano passado. O lucro líquido foi de R$ 489 milhões, 85% superior ao registrado nos nove meses de 2024.

A dívida líquida, por sua vez, aumentou 275%, para R$ 1,58 bilhão, o equivalente a 1,2 vez o Ebitda. Até setembro, 90% das dívidas a vencer tinham amortização a partir de 2029. Em julho, a Unipar concluiu a 10ª emissão de debêntures, no valor de R$ 900 milhões, a maior de sua história.

BNDES

Rodrigo Cannaval também citou como impulso ao desenvolvimento econômico o financiamento de R$ 672,9 milhões — do total de R$ 1 bilhão investidos na planta de Cubatão — por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), pelas linhas dedicadas à eficiência energética e à transição para tecnologias de baixo carbono no âmbito da Indústria Verde.

Esse montante inclui recursos do Fundo Clima e do Finem – Meio Ambiente. Além disso, o projeto conta com financiamento via ECA (Export Credit Agency), com a Euler Hermes, no valor de US$ 42 milhões.

Segundo o CEO, trata-se de um investimento que aposta no crescimento do Brasil. “Esse projeto é uma plataforma para o desenvolvimento do País, uma vez que os produtos dessa empresa, dessa fábrica em específico, estão orientados ao saneamento. E vale lembrar que o Marco do Saneamento do Brasil está progressivamente ampliando o acesso à água tratada e ao tratamento de esgoto”, disse Cannaval.

Um novo módulo da fábrica da Unipar contará com seis grandes equipamentos para produção de cloro e soda a partir de células de membrana, o que reposiciona a companhia entre as mais avançadas do mundo em termos de sustentabilidade e competitividade. Antes, o processo era realizado por tecnologias baseadas em mercúrio e diafragma.

“O projeto é um marco na transição para tecnologias de baixo carbono, demonstrando que crescimento econômico, competitividade e responsabilidade socioambiental caminham juntos”, destacou o executivo.

A mudança permitirá reduzir cerca de 70 mil toneladas de emissões de CO₂ em relação ao ano-base de 2020, graças à diminuição de aproximadamente 40% no consumo específico de energia (térmica e elétrica) para produzir cada tonelada de cloro.

Considerando o consumo total de energia, a redução chega a 18% na fábrica de Cubatão. No caso do consumo total da Unipar, a diminuição equivale ao abastecimento de energia de uma cidade de 150 mil habitantes. A iniciativa eliminará ainda 150 toneladas anuais de resíduos industriais.

A fábrica é abastecida por energia renovável proveniente da autoprodução da companhia em dois parques de energia limpa da Unipar: o Complexo Eólico Tucano (BA) e o Parque Solar Lar do Sol (MG).

Em termos de eficiência produtiva, a modernização amplia a competitividade da empresa ao reduzir custos fixos e variáveis, aumentar a eficiência operacional e possibilitar um incremento de até 5% na entrega de produtos, sem alteração da capacidade nominal. São 210 mil toneladas equivalentes anuais de cloro que migram para o método mais sustentável.

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