Um ano de reestruturação interna, para colher bons – e maiores – frutos em 2026. Assim foi 2025 para o Grupo Stefanini, maior empresa brasileira de tecnologia, que vai fechar o período com receita de R$ 8,4 bilhões, apenas 5% superior à de 2024. O desempenho não foi maior porque a companhia olhou para dentro, remodelou seu organograma, fez uma dança das cadeiras entre seus principais executivos e promoveu dois nomes com sobrenome Stefanini para a cadeia de comando. As alterações estruturantes vieram seguidas de um novo posicionamento, em que se apresenta como uma consultoria tech global com mindset AI-First (Inteligência Artificial em Primeiro Lugar) e se consolida como player mundial de tecnologia aplicada aos negócios, presente em 46 países. Com isso, o olhar do fundador e CEO global da empresa, Marco Stefanini, projeta um crescimento entre 15% e 18% em 2026, alcançando um faturamento de R$ 9,7 bilhões.
“Vamos colher o ganho da maior parte dessas eficiências no próximo ano, que vai ter um crescimento bem maior do que o de 2025”, afirmou Stefanini. “Tivemos de gastar energia interna para melhorar a estrutura e nos preparar para novos ciclos.”
Entre as mudanças, dois filhos do fundador foram alçados a posições estratégicas no grupo. Rodrigo Stefanini, de 30 anos, passou a comandar toda a América Latina, que agora também engloba o Brasil – antes, a operação do país de origem da companhia tinha um CEO específico e era separada da região. E Guilherme Stefanini, de 34 anos, acumula as funções de CMO global, que foi criada, e a linha de negócios de Marketing & E-commerce.
Os dois compõem, agora, um time de 10 executivos que estão à frente da Stefanini no mundo e reportam diretamente a Marco Stefanini. “Todo mundo tem o seu ciclo de vida. Então, (essa reorganização executiva) faz parte desse processo de sucessão, mas é um processo gradativo. Temos vários executivos dentro da empresa assumindo novos postos, oportunidades”, afirmou o fundador, ao ressaltar que não está nos planos se aposentar nos próximos anos.
Marketing & E-commerce é uma das sete torres de atuação do Grupo Stefanini, definidas para facilitar a compreensão das ofertas da companhia por parte dos clientes e do mercado. Além desse pilar, os outros são Technology, Cyber, Data & Analytics, Financial Tech, Operations e Manufacturing.
São cerca de 40 empresas adquiridas pela Stefanini ao longo de quase quatro décadas de história que estão sob o guarda-chuva dessas áreas de negócios. “Chegamos a uma musculatura robusta. Agora, vamos ganhar ainda mais tração com a sinergia das sete unidades de negócios para acelerar nosso crescimento, com aquisições bem direcionadas e expansão orgânica em áreas estratégicas”, afirmou o CEO global.
Sim, o apetite da companhia por M&As continua forte. Estão separados R$ 2 bilhões em investimentos para fusões e aquisições em um ciclo de três anos, que começou neste ano e vai até 2027. Em 2025, foram duas empresas compradas. Em 2026, serão mais três. Aproximadamente 50 estão sendo observadas e com conversas em andamento neste momento.
A visão geral é de que o grupo junta várias especializações, com ferramentas personalizadas, de nicho, mas de uma forma integrada. “Para oferecer uma solução end-to-end”, salientou o fundador da companhia.
“IA muda negócio e muda a sociedade”
A análise de Marco Stefanini sobre a influência da Inteligência Artificial no mundo carrega uma bagagem de 40 anos de atuação em tecnologia, além de um interesse pelo tema há pelo menos 15 anos, quando comprou a primeira empresa de IA do grupo.
“O mercado superou o hype da IA e vive agora uma fase de consolidação. Para a Stefanini, que atua na aplicação de IA, existem diversas oportunidades para escalar ofertas personalizadas e de alto valor agregado”, disse o executivo. “IA é cross”, frisou sobre a transversalidade.
Stefanini apresentou alguns cases de clientes em que a IA tem feito a diferença em seus negócios. Em um grande banco latino-americano, a unidade de Technology implementou solução ágil para acelerar a entrega de serviços digitais. Em dois meses, houve 47% de aumento de faturamento e 45% de ganho em eficiência de desenvolvimento.
Em outro case, de uma das maiores companhias aéreas do mundo, foram desenvolvidos um aplicativo mobile e uma plataforma web para a melhoria operacional e experiência do passageiro em relação ao manuseio de bagagem.
A solução proporciona o acompanhamento em tempo real de incidentes, como extravio ou danos, além de agilizar o processo operacional interno de cada aeroporto para a recuperação de malas. Hoje, já são notificados 50% dos passageiros afetados por um atraso de bagagem de forma proativa via WhatsApp. E 90% dos pedidos de bagagem por atraso já são encerrados em 48 horas, além da redução em 47% na taxa de desconexão de bagagem. “Trabalhamos com uma solução diretamente na dor do cliente”, disse Stefanini.
Com a atuação do pilar Marketing & Commerce, uma fintech global de pagamentos migrou para o Salesforce Marketing Cloud em apenas 45 dias, triplicou o engajamento e quadruplicou a produtividade criativa com IA aplicada à personalização de comunicações em toda a América Latina, segundo a Stefanini.
Outro destaque é a campanha desenvolvida pela W3haus, agência cocriativa do Grupo Stefanini, para celebrar os empreendedores do país, que gerou 15,3 vezes mais acessos ao site da fintech em relação à média diária.

