Novembro começa hoje para o mercado financeiro e o desafio será manter o novo mês positivo após um outubro no azul. A sequência de recordes do Ibovespa foi o destaque na reta final do mês passado, com o principal índice de ações da bolsa brasileira aproximando-se da inédita marca de 150 mil pontos.
Em dólares, porém, a pontuação está bem longe da máxima histórica. Falta cerca de 40% para chegar lá. Para Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, essa diferença indica que, em termos reais para o investidor estrangeiro, ainda há espaço relevante para valorização, desde que o mercado brasileiro volte a atrair fluxos internacionais mais expressivos.
Mas essa atratividade se dá não na renda variável, e sim na renda fixa. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa Selic nos atuais 15% nesta semana. Com os juros nos Estados Unidos agora em 4%, o diferencial entre as taxas aqui e lá atrai o ingresso de recursos externos ao Brasil. Só que o reflexo disso será no dólar.
Quanto mais dólares entrarem no país, menor é a necessidade de financiamento em moeda estrangeira no exterior. De quebra, tende a cair a posição vendida (aposta na queda) das instituições financeiras no mercado doméstico de câmbio, que está em níveis elevados e perto de um patamar recorde. Do contrário, o movimento que se viu em 2024 irá se repetir.
Mercado se disfarça
O que se vê é que os investidores – tanto os institucionais (bancos e gestoras) quanto os não-residentes – estão travando suas operações nos ativos. Essa estratégia mostra que o aparente apetite por risco da semana passada, após o encontro entre os presidentes Trump e Xi, se disfarça de busca por proteção. É isso o que explica o recorde do ouro.
Aliás, o metal precioso garantiu o pódio no ranking de investimentos em outubro, ainda segundo a Elos Ayta Consultoria. No acumulado do ano, o ouro está na liderança isolada, com uma valorização de mais de 50%. Já em 12 meses, o Bitcoin ainda segue na disputa, com a tese de reserva de valor sustentando a rentabilidade da criptomoeda.
Em outras palavras, esse comportamento dos mercados globais reflete um cenário ainda repleto de incertezas e tensionado por questões geopolíticas. Por mais que o desempenho dos ativos de risco tente ofuscar esse ambiente de maior aversão, basta um leve sinal de alerta para reverter o movimento e expor a fragilidade do otimismo, fazendo com que a posição do mercado mude de lado.
Passeio pelo mercado
Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, depois que os principais índices estenderam a sequência de ganhos mensais em outubro. Na Europa, prevalece o sinal positivo, assim como na Ásia.
Entre as moedas, o dólar avança em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) buscando a faixa de 100 pontos.
Nas commodities, o petróleo oscila com viés negativo, enquanto o minério de ferro negociado em Dalian (China) iniciou a semana em queda. Já o ouro sobe.
Entre as criptomoedas, o Bitcoin tem queda firme.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h25 – Brasil: Relatório Focus (semanal)
- 10h – Brasil: PMI/S&P industrial (outubro)
- 11h45 – EUA: PMI/S&P Industrial (outubro)
- 12h – EUA: ISM Industrial (outubro)
Balanços
- Brasil: BB Seguridade e TIM (depois do fechamento)

