A véspera de feriado nos Estados Unidos testa o sinal positivo dos mercados globais. Os ativos de risco avançam, embalados pela expectativa de um novo corte do Federal Reserve na taxa de juros no mês que vem. As apostas dos investidores já estão em quase 85% e são sustentadas pelos dados econômicos mais suaves.
A agenda desta quarta-feira (26) está repleta de indicadores dos EUA, que podem confirmar a previsão em relação ao Fed, alimentando o rali global. No Brasil, a prévia de novembro da inflação oficial, medida pelo IPCA-15, é o destaque do dia. Os números podem reforçar as chances de queda da taxa Selic em janeiro – que já se aproximam de 90%.
Nem mesmo a fala dura do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, desanimou. Ontem, ele reiterou que o BC deve perseguir o centro da meta de inflação, de 3%, e não se conformar com o alvo dentro do limite de tolerância. Mas para o mercado, a dinâmica mais favorável dos preços e a desaceleração da atividade abrem espaço para cortes nos juros.
Fiscal (sempre ele)
O que parece incomodar por aqui é o fiscal, após a aprovação do projeto de aposentadoria especial aos agentes de saúde no Senado. A medida tem um impacto bilionário aos cofres públicos e foi pautada pelo presidente Davi Alcolumbre, após a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF). O texto, agora, segue para a Câmara.
Aliás, o presidente da Casa, Hugo Motta, vem cortando relações com os líderes de partidos. Depois do PT, ontem foi a vez do PL. O clima hostil entre Congresso e Executivo esfria o ambiente político da cerimônia no Palácio do Planalto em que o presidente Lula irá sancionar a lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física.
Para o gestor Luis Stuhlberger, da Verde Asset, o governo atua simultaneamente como “pai dos pobres e mãe dos ricos”. Segundo reportagem do Valor, o gestor se refere ao peso dos gastos públicos com assistência social, que alcançam metade da população, ao mesmo tempo em que a tributação de investimentos enquadra o mercado financeiro.
A bola da vez são os dividendos. Ao isentar a faixa de renda de até R$ 5 mil mensais no IRPF, a perda de arrecadação será compensada com a taxação mínima de 10% para rendas superiores a R$ 50 mil mensais. A estimativa do Itaú é de que haja uma saída antecipada de até US$ 35 bilhões antes do fim do ano, de modo a evitar a tributação.
É a política!
Daí por que é o fiscal que segura a cotação do dólar por aqui. Em outras palavras, “não fosse um governo de esquerda, se tivéssemos um governo com corte de gastos e controle fiscal, esse dólar seria R$ 4,50”, disse-me um operador da mesa de um grande banco de investimentos no início deste mês.
Assim, por mais que haja fatores como a melhora dos termos de troca e o diferencial de juros aqui e lá fora – mesmo diante da previsão de queda – o cenário econômico favorável ao real é prejudicado pela variável política. Uma vez que 2026 é ano eleitoral, a influência da política no humor do mercado local está apenas começando.
Passeio pelo mercado
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, sinalizando uma continuidade dos ganhos da véspera. O sinal positivo também prevalece na Europa, após uma sessão de alta na Ásia – exceto em Xangai (-0,15%).
Entre as moedas, o dólar avança em relação às rivais, apesar de o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) ter caído abaixo dos 100 pontos.
Nas commodities, o petróleo tem viés positivo e o minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em leve alta. O ouro avança.
Entre as criptomoedas, o Bitcoin está estável, ainda abaixo dos US$ 90 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h30 – Brasil: Nota de crédito (outubro)
- 9h – Brasil: IPCA-15 (novembro)
- 10h30 – EUA: Encomendas de bens duráveis (setembro)
- 10h30 – EUA: Pedidos de auxílio-desemprego (semanal)
- 11h45 – EUA: Índice ISM de atividade de chicago (novembro)
- 12h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)
- 14h30 – Brasil: Resultado primário do governo central (outubro)
- 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)
- 16h – EUA: Livro Bege
Eventos
- 10h30 – Brasil: Presidente Lula sanciona lei que amplia isenção do IR em cerimônia no Palácio do Planalto

