Mercado aguarda comunicado do Copom para definir ajuste à correção que assombra NY

Gestores preveem queda de até 20% nos mercados globais, mas decisão e comunicado do Copom sobre Selic podem blindar ativos locais

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suspense | Brazil Economy

A quarta-feira de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) pode até não virar notícia nos mercados internacionais, que estão assustados com o alerta de grandes gestores sobre uma correção de até 20% nos preços dos ativos globais. Mas para os negócios locais o jogo hoje será decisivo. Apesar do consenso de manutenção da taxa Selic em 15%, é o comunicado que irá definir o rumo do mercado doméstico no curto prazo, podendo até blindar os ativos locais do forte ajuste esperado no exterior. 

Caso o Copom sinalize algum alívio nos juros básicos em breve, a bolsa brasileira tende a se beneficiar ainda mais. Ontem, como previsto, o Ibovespa escapou ileso da correção nas ações globais e cravou novo recorde nominal pela sétima vez seguida. Trata-se da maior sequência de máximas históricas de pontuação do índice acionário desde dezembro de 1999. 

A dúvida, porém, é quando será o momento exato em que o ciclo de alívio monetário deve começar. Se for em dezembro, o Copom precisa indicar isso no comunicado desde já. Se deixar para janeiro, a mensagem deve ser recebida como um presente de Natal. No entanto, nada impede uma demora no início dos cortes para março ou depois, apesar da artilharia do governo voltada ao Banco Central.

Dólar decide juros

Como já dito, ao que tudo indica, o Copom deve manter o tom conservador até que o câmbio dê algum alívio. Por ora, o chamado carry trade reforça o ingresso de recursos externos por aqui. Uma eventual queda da Selic em breve reduziria a atratividade desse diferencial entre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. 

Quanto antes isso acontecer, maior será a pressão de alta do dólar. Ao mesmo tempo, a renda fixa torna-se menos atraente, com as taxas dos DIs devolvendo prêmio de risco. Trata-se de algo que o Copom deseja evitar, ainda mais à medida que se aproxima um período tradicional de remessas e captações bancárias no exterior. 

Aliás, ontem, a moeda norte-americana voltou à faixa de R$ 5,40. Ou seja, a questão-chave para o mercado doméstico é o futuro dos juros básicos. Mas o jogo está no dólar. 

Não por acaso, a sequência histórica de recordes do Ibovespa há 25 anos ocorreu exatamente quando o BC decidiu liberar a oscilação do câmbio – quem viveu aquele período recorda que o salto da bolsa nacional foi apenas a correção cambial. Em outras palavras, o verdadeiro rali estava no dólar. 

Lá fora, o fortalecimento do dólar surpreende, em meio ao coro alarmista em torno da tese da Inteligência Artificial (IA), que içou as big techs, e do horizonte turvo para novos cortes de juros pelo Federal Reserve, diante do apagão de dados por causa do shutdown, que já é o maior da história do governo dos EUA.  

Assim, enquanto o mundo teme uma correção global, o Brasil assiste a um filme conhecido, que promete mais suspense do que ação: o dólar dita o roteiro, o Copom lê as entrelinhas – e o mercado, como sempre, tenta adivinhar o final.

Passeio pelo mercado

Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram sem rumo único, um dia após as perdas aceleradas no pregão regular. Os índices S&P 500 e Nasdaq 100 continuam pressionados, enquanto o Dow Jones ensaia ganhos. 

Na Europa, a sessão também é mista, com a City londrina tentando se firmar no campo positivo. Já na Ásia, apenas Xangai subiu, enquanto Tóquio teve queda acentuada.

Entre as moedas, o dólar mostra sinais de fraqueza em relação às moedas rivais, após o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) alcançar a marca de 100 pontos.

Nas commodities, o petróleo oscila em alta. O minério de ferro negociado em Dalian (China) caiu pela terceira vez seguida, praticamente devolvendo o movimento da semana anterior. Por sua vez, o ouro ensaia ganhos. 

Entre as criptomoedas, o Bitcoin avança, voltando a ser cotado acima de US$ 100 mil. 

Agenda do dia

Indicadores

  • 10h15 – EUA: Relatório ADP sobre emprego no setor privado (outubro)
  • 11h45 – EUA: PMI/S&P composto – indústria e serviços (outubro)
  • 12h – EUA: ISM industrial (outubro)
  • 12h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)
  • 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)

Eventos

  • 18h30 – Brasil: Decisão de juros do Copom

Balanços

  • EUA: MCDonald’s (antes da abertura)
  • EUA: Qualcomm (depois do fechamento)
  • Brasil: Axia Energia (ex-Eletrobras), Engie, Minerva, Guararapes, Petz, Rede D’Or, Vivara (depois do fechamento)

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