Medtronic cria a MiniMed, voltada à diabetes no Brasil, em mais um passo para o IPO

Divisão contribui com US$ 2,7 bilhões da receita global de US$ 33,5 bilhões. A nova companhia, que chega ao mercado até o final de 2026, vai acelerar o desenvolvimento de terapias

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Imagens: Divulgação

Gisela Bellinello, vice-presidente da Medtronic no Brasil: passo estratégico

Gisela Bellinello, vice-presidente da Medtronic no Brasil: passo estratégico

Líder global em tecnologia para a saúde, a empresa americana Medtronic vai trazer ao Brasil a MiniMed, sua nova empresa focada exclusivamente em soluções e terapias para o tratamento do diabetes. É mais um capítulo do avanço do tratamento da doença no país — e mais um passo no plano da companhia, que pretende concretizar, no ano que vem, a abertura da nova empresa e o consequente IPO (oferta pública inicial) nos Estados Unidos.

A vertente de diabetes tem sido uma das linhas de negócios da Medtronic com melhor desempenho desde que sua criação foi anunciada, em maio de 2025. No geral, a corporação registrou, no ano fiscal de 2025 (encerrado em 25 de abril), uma receita global de US$ 33,5 bilhões. Desse total, a divisão de diabetes contribuiu com US$ 2,7 bilhões, representando 8% da receita total da empresa e um crescimento orgânico de 11,5% no ano fiscal de 2025.

Já no primeiro trimestre do ano fiscal de 2026 (até julho), a Medtronic reportou receita de US$ 8,6 bilhões, enquanto a linha de diabetes teve vendas de US$ 721 milhões, 7,9% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

Soluções de diabetes já são oferecidas no Brasil, como a MiniMed 780G, atualmente da Medtronic, que possui sistema automatizado de insulina e é aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O sistema oferece monitoramento contínuo de glicose e infusão automatizada de insulina, representando um avanço no tratamento do diabetes tipo 1, especialmente em crianças com mais de 7 anos.

“A MiniMed representa um passo estratégico e necessário para impulsionar o desenvolvimento de novas terapias e expandir o alcance da tecnologia a mais pacientes”, disse Gisela Bellinello, vice-presidente da Medtronic no Brasil, em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY.

“Ter uma estrutura dedicada a essa condição nos dá agilidade para parcerias estratégicas e para avançar em novas indicações, incluindo pacientes com diabetes tipo 2, gestantes e crianças a partir de dois anos”, afirmou a executiva.

Os planos de chegada da empresa ao Brasil ocorrem após um movimento global da Medtronic, que anunciou a intenção de criar a MiniMed em maio de 2025, com o objetivo de transformar sua unidade de negócios de diabetes em uma empresa independente e líder global em gestão intensiva de insulina.

Estrutura

A nova companhia nasce com uma estrutura global robusta, formada por 8 mil colaboradores e presença comercial em diversos países, além de sistemas próprios de inovação, manufatura e qualidade. Conta com 40 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologia inovadora.

A MiniMed será a única empresa do setor a oferecer um ecossistema completo de soluções integradas para o manejo automatizado da insulina, incluindo sistemas inteligentes de infusão contínua de insulina, sensores de glicose e algoritmos de controle em tempo real — tecnologias que proporcionam maior liberdade e segurança para pessoas que vivem com diabetes.

A expectativa é que a movimentação permita investimentos mais direcionados em pesquisa e desenvolvimento, além de ganhos de escala e automação produtiva, impulsionando a expansão da companhia em administração automatizada de insulina.

Números do Brasil

A intenção de criar a MiniMed ocorre em um momento importante para o Brasil no cenário mundial do diabetes. O país é o 6º do mundo em prevalência de Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) entre crianças e adolescentes. Uma em cada nove pessoas tem diabetes no Brasil.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, cerca de 600 mil pessoas possuem DM1 no território nacional. Os dados indicam que, em 2022, 26 mil jovens morreram por falta de diagnóstico adequado. Cada pessoa com DM1 perde, em média, 33,2 anos de vida saudável, se diagnosticada aos 10 anos de idade.

Tratamento

O tratamento do diabetes tipo 1 exige uma rotina intensa de monitoramento e aplicação de insulina. Estudos indicam que o acesso universal a bombas de insulina e sistemas de monitorização contínua de glicose (CGM) poderia preservar até 56 mil vidas no Brasil até 2040.

Porém, no país, aproximadamente apenas 2% da população com DM1 utiliza essas tecnologias, enquanto nos Estados Unidos o índice chega a 30%. Com a chegada da MiniMed, a expectativa é fortalecer o ecossistema de inovação no tratamento do diabetes.

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