A FlyBy Viagens, criada por dois amigos de infância que começaram a empreender aos 16 anos, tornou-se uma das empresas de crescimento mais acelerado do setor de viagens premium e corporativas no Brasil. O negócio, que nasceu da venda de passagens aéreas emitidas com milhas compradas de familiares, prevê faturar R$ 650 milhões em 2025, resultado 30% superior ao do ano passado. Entre 2023 e 2024, o salto já havia sido expressivo, com expansão de 178%.
O ponto de partida foi a dificuldade comum entre usuários de programas de fidelidade: acumular pontos sem conseguir convertê-los em benefícios concretos. A primeira operação da FlyBy surgiu quando Gianlucca Nahas e Marco Fragali compraram 200 mil milhas de um tio para emitir uma passagem para Milão. A demanda e a falta de transparência no setor mostraram que havia espaço para um modelo mais eficiente.
Nos meses seguintes, o negócio ganhou tração de forma inesperada. O primeiro grupo de fornecedoras de milhas foi formado por 35 amigas da avó de Nahas, que passaram a negociar pontos que não sabiam utilizar. Ainda adolescentes, os sócios precisaram se emancipar para formalizar a empresa, inicialmente montada em um coworking improvisado.
Com crescimento acelerado na última década, a FlyBy hoje mantém cerca de 150 funcionários e operações no Brasil e nos Estados Unidos. A base internacional, em Miami, movimenta mais de R$ 120 milhões ao ano e já se expandiu para mercados como Colômbia, Chile, Peru e México. Segundo Nahas, o pós-pandemia impulsionou a demanda global por viagens premium, abrindo espaço para a internacionalização.
No Brasil, a empresa deixou de atuar apenas como intermediadora de milhas e passou a operar como um ecossistema completo de viagens. O portfólio inclui serviços terrestres, hotelaria e uma divisão corporativa que responde por aproximadamente 30% das receitas. A especialização em classe executiva continua sendo o principal foco, por permitir estratégias de precificação mais previsíveis e margens mais estáveis.
No segmento empresarial, a FlyBy desenvolveu uma tecnologia própria que identifica alternativas mais econômicas para viagens aprovadas pelas companhias. A ferramenta reduz custos ao impedir que funcionários selecionem voos mais caros apenas para acumular benefícios pessoais, o que gera economia de até 30%.
A expansão exigiu investimentos pesados em tecnologia e inteligência artificial. Embora o setor seja marcado pela automação e uso de call centers, a FlyBy aposta no atendimento totalmente humanizado via WhatsApp e mantém serviço de concierge nos três principais aeroportos de São Paulo. O suporte presencial no embarque e no despacho de bagagens contribuiu para elevar em 20% a receita de serviços.
No ambiente digital, a estratégia de aquisição de clientes é considerada agressiva. A empresa afirma ser a maior investidora em tráfego pago entre as marcas de viagens de luxo no Brasil, impulsionando campanhas com descontos que servem como porta de entrada para novos consumidores.
Os fundadores definem a cultura da companhia como disciplinada, ágil e orientada à solução de problemas. Nahas e Fragali contam que nunca tiraram um mês inteiro de férias e defendem que decisões rápidas são essenciais para negócios jovens que crescem sem capital externo. Para eles, encontrar um problema real e manter foco total na solução é o que sustenta a expansão.
Para os próximos anos, a FlyBy pretende acelerar a operação internacional, ampliar a vertical corporativa e expandir a venda de serviços terrestres. O objetivo é consolidar-se como uma referência em viagens premium tanto no Brasil quanto no exterior.

