Durante a teleconferência de resultados trimestrais da companhia, na quinta-feira, Andy Jassy declarou que as dispensas ocorreram por uma questão de “incompatibilidade cultural” — e nada além disso.
“O anúncio que fizemos há alguns dias não foi realmente motivado por razões financeiras, e nem mesmo pela inteligência artificial — pelo menos não neste momento”, afirmou sobre as demissões. “É cultura.”
Os cortes, que atingiram principalmente gerentes intermediários, ocorrem após um memorando divulgado em junho no qual Jassy afirmava que a Amazon precisaria de menos funcionários em razão dos “ganhos de eficiência” proporcionados pela IA. Em outro comunicado, publicado nesta semana, a vice-presidente sênior de pessoas da Amazon disse que as demissões estavam relacionadas à necessidade de adaptação às “tecnologias transformadoras”.
Jassy também destacou que os negócios da Amazon cresceram significativamente nos últimos anos. A empresa conta atualmente com cerca de 1,55 milhão de funcionários, dos quais 350 mil são cargos corporativos. Em dezembro de 2019 — antes da pandemia —, a companhia tinha 798 mil colaboradores, segundo documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC).
“Quando você cresce tão rápido quanto nós crescemos por vários anos — no tamanho dos negócios, no número de pessoas, de locais e de tipos de operação —, acaba com muito mais gente e com muito mais camadas hierárquicas”, explicou o executivo.
Esse tipo de crescimento pode gerar consequências, acrescentou Jassy.
“Às vezes, sem perceber, você pode enfraquecer o senso de responsabilidade das pessoas que estão realmente executando o trabalho e que tomam a maioria das decisões de ‘porta de mão dupla’, aquelas que precisam ser feitas de forma rápida e diretamente na linha de frente”, disse.
Um porta-voz da Amazon se recusou a comentar.
A empresa se junta a outras companhias, como Salesforce, Target e Paramount, que também demitiram milhares de funcionários nos últimos meses. Várias grandes corporações citaram a inteligência artificial como motivo para pausas em contratações ou cortes de pessoal, afirmou o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nesta semana, acrescentando que o banco central “está observando isso com muita atenção”.
Ainda assim, um estudo realizado nesta semana por banqueiros do Goldman Sachs revelou que apenas 11% de seus clientes corporativos estavam efetivamente demitindo pessoas por causa da IA. Em contrapartida, cerca de um terço das empresas dos setores de tecnologia, mídia e telecomunicações estão reduzindo suas equipes em função da adoção de inteligência artificial.
Durante a teleconferência, Jassy reforçou esse ponto de vista ao afirmar que a “transformação tecnológica” em curso exige que as empresas sejam ágeis e adaptáveis.
“É importante ser enxuto, é importante ser horizontal e é importante agir com rapidez”, disse. “É isso que vamos fazer.”

