CEO da Amazon diz a demissão de 14 mil funcionários busca preservar a cultura

O executivo Andy Jassy afirmou, durate teleconferência com investidores, que a decisão de cortar parte da folha de pagamentos não tem qualquer relação com IA ou motivação financeira

Marco Quiroz-Gutierrez (Fortune)
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Imagens: Noah Berger/Getty Images

Andy Jassy declarou que as dispensas ocorreram por uma questão de incompatibilidade cultural, nada além disso

Andy Jassy declarou que as dispensas ocorreram por uma questão de incompatibilidade cultural, nada além disso

Durante a teleconferência de resultados trimestrais da companhia, na quinta-feira, Andy Jassy declarou que as dispensas ocorreram por uma questão de “incompatibilidade cultural” — e nada além disso.

“O anúncio que fizemos há alguns dias não foi realmente motivado por razões financeiras, e nem mesmo pela inteligência artificial — pelo menos não neste momento”, afirmou sobre as demissões. “É cultura.”

Os cortes, que atingiram principalmente gerentes intermediários, ocorrem após um memorando divulgado em junho no qual Jassy afirmava que a Amazon precisaria de menos funcionários em razão dos “ganhos de eficiência” proporcionados pela IA. Em outro comunicado, publicado nesta semana, a vice-presidente sênior de pessoas da Amazon disse que as demissões estavam relacionadas à necessidade de adaptação às “tecnologias transformadoras”.

Jassy também destacou que os negócios da Amazon cresceram significativamente nos últimos anos. A empresa conta atualmente com cerca de 1,55 milhão de funcionários, dos quais 350 mil são cargos corporativos. Em dezembro de 2019 — antes da pandemia —, a companhia tinha 798 mil colaboradores, segundo documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC).

“Quando você cresce tão rápido quanto nós crescemos por vários anos — no tamanho dos negócios, no número de pessoas, de locais e de tipos de operação —, acaba com muito mais gente e com muito mais camadas hierárquicas”, explicou o executivo.

Esse tipo de crescimento pode gerar consequências, acrescentou Jassy.
“Às vezes, sem perceber, você pode enfraquecer o senso de responsabilidade das pessoas que estão realmente executando o trabalho e que tomam a maioria das decisões de ‘porta de mão dupla’, aquelas que precisam ser feitas de forma rápida e diretamente na linha de frente”, disse.

Um porta-voz da Amazon se recusou a comentar.

A empresa se junta a outras companhias, como Salesforce, Target e Paramount, que também demitiram milhares de funcionários nos últimos meses. Várias grandes corporações citaram a inteligência artificial como motivo para pausas em contratações ou cortes de pessoal, afirmou o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nesta semana, acrescentando que o banco central “está observando isso com muita atenção”.

Ainda assim, um estudo realizado nesta semana por banqueiros do Goldman Sachs revelou que apenas 11% de seus clientes corporativos estavam efetivamente demitindo pessoas por causa da IA. Em contrapartida, cerca de um terço das empresas dos setores de tecnologia, mídia e telecomunicações estão reduzindo suas equipes em função da adoção de inteligência artificial.

Durante a teleconferência, Jassy reforçou esse ponto de vista ao afirmar que a “transformação tecnológica” em curso exige que as empresas sejam ágeis e adaptáveis.
“É importante ser enxuto, é importante ser horizontal e é importante agir com rapidez”, disse. “É isso que vamos fazer.”

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