Você sabe qual é a idade legal para beber em cada país? Veja curiosidades

Com base em um levantamento do site britânico The Drinks Business, as idades legais mínimas para consumir e comprar bebidas alcoólicas em diversos países

Marcelo Copello
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Imagens: Ilustração gerada por IA/Leonardo.IA

Mais do que uma questão legal, a idade para beber revela um retrato cultural

Mais do que uma questão legal, a idade para beber revela um retrato cultural

Em um mundo cada vez mais globalizado, onde o vinho pode viajar mais rápido do que uma taça é esvaziada, a pergunta “qual é a idade legal para beber?” tem respostas surpreendentes. De adolescentes de 13 anos na Europa ao controle rígido dos 21 anos nos Estados Unidos, o que se bebe (ou não) aos 16, 18 ou 20 anos diz muito sobre a história, a cultura e a política de cada país.

Com base em um levantamento publicado em julho de 2025 pelo site britânico The Drinks Business, este artigo explora as idades legais mínimas para consumir e comprar bebidas alcoólicas em diversos países, revelando extremos, paradoxos e curiosidades que tornam esse tema tão saboroso quanto um vinho bem decantado.

Na Europa Oriental, a Moldávia lidera com a idade mínima legal de consumo mais baixa do mundo: 13 anos. Tecnicamente, menores dessa idade já podem beber em casa, sob supervisão. A Moldávia, aliás, é uma das maiores consumidoras de álcool per capita do planeta, o que talvez explique essa tolerância precoce. Na Geórgia, outra nação vinícola histórica, o consumo legal começa aos 16 anos.

Já no outro extremo, o consumo só é permitido a partir dos 21 anos em países como Estados Unidos, Indonésia, Sri Lanka, Omã e Emirados Árabes Unidos. A política norte-americana, em particular, gera estranhamento: jovens de 18 anos podem se alistar no exército, votar e até portar armas, mas não podem comprar uma cerveja.

Muitos países fazem distinção entre idade para comprar e idade para consumir. No Reino Unido, por exemplo, a compra só é permitida a partir dos 18 anos, mas jovens a partir dos 16 anos podem consumir vinho ou cerveja em restaurantes, acompanhados dos pais.

Na Alemanha, a regra é ainda mais complexa: aos 14 anos, adolescentes já podem beber cerveja ou vinho com supervisão dos pais; aos 16, podem comprar essas bebidas sozinhos; e aos 18, ganham acesso aos destilados. É o que se chama de política de “escalonamento alcoólico”.

O Japão, apesar de ter um consumo bastante controlado e cerimonioso do álcool, estabelece os 20 anos como idade mínima tanto para beber quanto para comprar — prática respeitada com rigor quase religioso.

África e Oriente Médio: proibições e paradoxos

Em boa parte do Oriente Médio, o consumo de álcool é proibido por lei, com base na Sharia islâmica. No entanto, há exceções, geralmente voltadas a turistas ou minorias religiosas. Irã, Arábia Saudita e Kuwait proíbem o consumo e a venda por completo. Embora, como se sabe, o álcool circule clandestinamente.

Já em Israel, a idade legal é de 18 anos. No Egito e em Marrocos, países majoritariamente muçulmanos, o álcool é legalizado e amplamente tolerado para não muçulmanos, com idade mínima variando entre 18 e 21 anos, dependendo da bebida.

Na África do Sul, país com forte tradição vinícola, a idade mínima para comprar e consumir é de 18 anos, alinhada à média internacional.

América Latina: uma taça cedo, uma venda mais tarde

No Brasil, a lei é clara: 18 anos tanto para beber quanto para comprar. Mas, como sabemos, a prática é outra. É comum o consumo precoce em festas familiares, sob o olhar complacente dos pais. Argentina, Chile e Uruguai seguem a mesma idade mínima, embora o Uruguai tenha endurecido recentemente a fiscalização, inclusive com testes de bafômetro em jovens em locais públicos.

Curiosamente, no Paraguai a idade mínima legal para consumir é de 20 anos, uma das mais altas da região. Já no México, a idade mínima é de 18 anos, mas a fiscalização é branda, principalmente em regiões turísticas.

Curiosidades que valem um brinde

  • Vaticano: tecnicamente, não há idade mínima legal. O consumo de vinho é parte do ritual cristão, e crianças pequenas consomem pequenas quantidades durante a comunhão.
  • China: a idade mínima para beber é 18 anos, mas a fiscalização é quase inexistente. Na prática, jovens bebem muito antes disso, especialmente em áreas rurais.
  • Islândia: curiosamente, a cerveja foi proibida até 1989. Hoje, a idade mínima para consumir e comprar é de 20 anos.
  • Noruega e Suécia: vendem bebidas alcoólicas apenas em lojas estatais chamadas Vinmonopolet (Noruega) e Systembolaget (Suécia). Aos 18 anos, é permitido comprar bebidas com até 22% de teor alcoólico; acima disso, só com 20 anos.
  • Coreia do Sul: a idade mínima é de 19 anos, mas, como o país usa o “ano coreano” (em que todos ganham um ano a mais no nascimento), na prática os jovens podem beber aos 18 ocidentais.

A idade da cultura

Mais do que uma questão legal, a idade para beber revela um retrato cultural. Em países de tradição vinícola, como França, Itália e Espanha, o vinho é visto como alimento, parte da mesa e da educação, o que normaliza o consumo mais cedo. Em culturas anglo-saxãs e protestantes, como Estados Unidos ou Reino Unido, há um viés moralizante, que tende à proibição ou ao controle estrito, o que muitas vezes resulta no efeito contrário: o álcool como símbolo de rebeldia.

Outro ponto digno de nota é a discrepância entre a lei e a prática. Em muitos países, especialmente latino-americanos e mediterrâneos, jovens consomem álcool muito antes da idade legal, muitas vezes com anuência familiar.

Idade, taça e contexto

Ao analisar as idades legais para consumir e comprar álcool ao redor do mundo, fica claro que não se trata apenas de números, mas de valores, costumes e prioridades sociais. Onde o vinho é parte do cotidiano, o consumo precoce é tolerado; onde o álcool é visto como vício, a repressão vem antes da educação.

Talvez a pergunta mais relevante não seja “com que idade podemos beber?”, mas sim “como estamos educando nossas crianças sobre o álcool?”. Afinal, uma taça mal compreendida pode ser mais perigosa do que um barril inteiro bem compartilhado.

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