Shutdown nos EUA ameaça payroll e abre outubro com cautela

Paralisação do governo dos EUA pela primeira vez em sete anos ameaça divulgação de dados de emprego se não for revertida rapidamente

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casacaiu | Brazil Economy

O mercado financeiro inicia outubro com o foco na paralisação do governo dos Estados Unidos – a primeira em sete anos. Se o chamado shutdown não for revertido rapidamente, o impacto direto para os investidores será o atraso na divulgação do payroll, previsto para sexta-feira (3). Sem isso, as apostas para o Federal Reserve ficam embaralhadas.

Porém, o risco real para os mercados não está relacionado à ausência dos dados sobre a criação de vagas de emprego e a renda média dos trabalhadores nos EUA em setembro. A falta de acordo entre republicanos e democratas para prorrogar o financiamento do governo realça as dificuldades internas que a Casa Branca tem relegado.

O impasse atual gira em torno de subsídios e cortes para o acesso ao atendimento médico por meio de programas como Obamacare e Medicaid. Além disso, diferentemente de shutdowns anteriores, quando os servidores receberam seus salários retroativos, agora há a possibilidade de corte definitivo de pessoal suspenso temporariamente. 

Shutdown doméstico com reflexo global

Essa linha dura dos republicanos, encabeçada por Donald Trump, já é bem conhecida por líderes de vários países, em meio ao tarifaço global. Fica claro que os EUA concentram uma expansão para fora em busca de ostentar sua superioridade – como se os problemas domésticos pudessem ser resolvidos através de esforços para fortalecer a hegemonia. 

Ao contrário, o risco de colapso vem de dentro – tal qual em impérios do passado. Talvez, então, seja a oportunidade para os mercados globais aproveitarem o tempo livre, sem divulgações econômicas relevantes nos EUA, para se concentrar em questões mais preocupantes do que os cortes na taxa de juros pelo Fed neste mês e até o fim do ano.  

Passeio pelos mercados

Os índices futuros das bolsas de Nova York iniciaram o mês de outubro em queda, em meio ao shutdown nos EUA desde o primeiro segundo desta quarta-feira. Na Europa, também prevalece o sinal negativo – exceto em Londres. 

Já na Ásia, a sessão foi esvaziada pelo feriado do Dia Nacional na China. A data marca a fundação da República Popular após a vitória dos liderados por Mao Zedong em 1949. As bolsas de Xangai, Shenzhen e Hong Kong ficaram fechadas, enquanto Tóquio caiu 0,9%.

Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) em baixa. 

Nas commodities, o petróleo cai, enquanto o minério de ferro ficou sem negociação em Dalian (China). 

Por sua vez, o ouro está perto de outro recorde. Nas criptomoedas, o Bitcoin sobe. O movimento de ambos os ativos reflete as incertezas no cenário geopolítico e a busca por proteção, em meio à tese de reserva de valor. 

Agenda do dia

Indicadores

    • 8h – EUA: Índice MBA de solicitações de hipotecas (semanal)
    • 9h15 – EUA: Pesquisa ADP sobre emprego no setor privado (setembro)
    • 10h45 – EUA: PMI industrial S&P (setembro – final)
    • 11h – EUA: PMI industrial ISM (setembro)
    • 11h – EUA: Gastos com construção (agosto)*
    • 11h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)*
    • 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (setembro)

*Divulgação sujeita a confirmação.

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