Relojoaria suíça IWC Schaffhausen mira as estrelas em parceria com a Vast

A grife se torna “Cronometrista Oficial” da empresa americana que planeja lançar, em 2026, a primeira estação espacial comercial da história: a Haven-1

Celso Masson
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Imagens: Divulgação

Max Haot, CEO da Vast, e Chris Grainger-Herr, da IWC: paixão compartilhada pela ciência e pelo progresso humano

Max Haot, CEO da Vast, e Chris Grainger-Herr, da IWC: paixão compartilhada pela ciência e pelo progresso humano

O tempo sempre foi o território natural da IWC Schaffhausen. Desde 1868, a relojoaria suíça molda segundos e minutos com a precisão de quem enxerga o tempo não apenas como medida, mas como matéria-prima. Agora, um século e meio depois de nascer às margens do Reno, a marca dá um salto além da atmosfera terrestre: tornou-se a “Cronometrista Oficial” da Vast, empresa americana que desenvolve tecnologias para habitação no espaço e que se prepara para lançar, em 2026, a Haven-1, a primeira estação espacial comercial da história.

A aliança marca um novo capítulo na trajetória da IWC, acostumada a medir o tempo em contextos extremos. Seus cronógrafos nasceram nos cockpits da aviação militar, acompanharam mergulhadores em expedições submarinas e resistiram a pressões, impactos e variações de temperatura que fariam muitos instrumentos sucumbir. O passo seguinte, inevitavelmente, seria o espaço, um ambiente em que o tempo se dilata, o corpo humano é testado ao limite e cada segundo pode significar a diferença entre vida e morte.

A escolha da IWC pela Vast não foi casual. “A Vast e a IWC Schaffhausen compartilham uma paixão pela inovação impulsionada pelo progresso científico”, explica Max Haot, CEO da empresa americana, que já figura entre os nomes mais promissores da nova corrida espacial. Fundada em 2021, a Vast tem ambições ousadas: criar infraestrutura habitável em órbita para abrigar missões científicas, comerciais e, futuramente, até turismo espacial. A Haven-1, que deverá ser lançada a bordo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, é o primeiro passo dessa jornada.

A IWC, por sua vez, leva à parceria o que sempre a distinguiu: a combinação de engenharia de precisão, design funcional e uma estética que traduz o espírito explorador. Desde a sua fundação por Florentine Ariosto Jones, um engenheiro americano fascinado pela relojoaria suíça, a marca tem sido sinônimo de inovação. Foi pioneira no uso de materiais como o titânio e a cerâmica, e mais recentemente criou o Ceratanium®, uma liga híbrida de titânio ceramizado que une leveza, resistência e um acabamento escuro e sofisticado.

Essa busca constante pela durabilidade em condições extremas fez da IWC parceira natural de pilotos, mergulhadores e aventureiros. Agora, ela estende sua expertise ao espaço. “Um relógio mecânico pode ser, para o astronauta em missão prolongada, um elo emocional com a Terra”, afirma Chris Grainger-Herr, CEO global da IWC. “É um símbolo da passagem do tempo em meio ao silêncio cósmico, uma conexão com a humanidade.”

Não é a primeira vez que a marca se aproxima do cosmos. Relógios da IWC já estiveram em missões comerciais como a Inspiration4 e a Polaris Dawn, experiências que serviram como ensaios para os novos desafios que vêm pela frente. No entanto, a parceria com a Vast eleva o envolvimento a outro patamar. Engenheiros das duas empresas estão trabalhando lado a lado em protocolos de qualificação típicos da indústria aeroespacial: os relógios serão submetidos a testes de vibração de foguete, variações bruscas de temperatura e compatibilidade eletromagnética com os módulos da Haven-1. Cada detalhe importa, do comportamento dos metais sob microgravidade à estabilidade das engrenagens durante o lançamento.

A colaboração também tem um simbolismo poderoso. Em um momento em que a humanidade sonha em colonizar Marte e explorar as luas de Júpiter, a IWC lembra que o tempo, essa dimensão invisível e implacável — continua a ser regido por ponteiros, rodas e molas. Mesmo diante da tecnologia digital, o relógio mecânico resiste como um artefato emocional, uma lembrança de que a precisão pode ser bela e que a medição do tempo é, antes de tudo, uma celebração da vida.

A Vast enxerga na IWC um parceiro que combina tradição e audácia, dois elementos essenciais à exploração espacial. Para Haot, o futuro da vida fora da Terra exigirá tanto a frieza da ciência quanto o calor da cultura. “A exploração espacial não é apenas sobre tecnologia”, diz. “É sobre expandir o que significa ser humano. E o tempo é parte fundamental dessa experiência.”

Na prática, o acordo prevê a integração da relojoaria suíça em diferentes etapas do projeto Haven-1, desde a fase de testes e calibração até o acompanhamento da missão em órbita. A IWC também deve desenvolver edições especiais inspiradas na estação, unindo arte, engenharia e narrativa. O resultado promete capturar o espírito da nova era espacial: uma era em que luxo, ciência e aventura se encontram.

Há algo de poético na ideia de que, enquanto a Terra gira a 1.600 quilômetros por hora e a estação espacial orbita a 28 mil, o tempo humano seguirá sendo medido por um objeto analógico, silencioso e preciso. O mesmo mecanismo que, no pulso de um piloto da Segunda Guerra, contava os segundos de um mergulho no Atlântico, agora marcará as horas de um astronauta observando o nascer da Terra sobre o azul do Pacífico.

No final das contas, a parceria entre a IWC Schaffhausen e a Vast é mais do que uma colaboração tecnológica. É uma declaração de fé na engenhosidade humana. Quando a Haven-1 for lançada em 2026, levando consigo o primeiro relógio mecânico concebido para o espaço comercial, o tic-tac suíço ecoará não apenas entre as estrelas, mas também no imaginário de todos que ainda acreditam que o tempo é o bem mais precioso que possuímos.

 

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