Fabricante de aviões e carros voadores elétricos, a Beta Technologies recebeu um aporte de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) da General Electric (GE) Aerospace, que também será sua parceira no desenvolvimento de um turbogerador híbrido-elétrico destinado a aplicações civis e de defesa. No Brasil, a Beta tem a Líder Aviação como representante exclusiva.
Além de parceira, a Líder Aviação — uma das maiores companhias de transporte aéreo executivo da América Latina — é também cliente da Beta, de quem já comprou três aeronaves e mantém opções para mais 50 unidades, em uma operação que pode chegar a US$ 240 milhões (R$ 1,3 bilhão). O movimento reforça a chegada dessa tecnologia ao Brasil e acirra a disputa com a Embraer.
“Ter a GE Aerospace unindo forças com a Beta é uma chancela de credibilidade e robustez tecnológica. Esse movimento mostra que o futuro da mobilidade aérea elétrica não é apenas uma promessa, mas uma realidade em construção, da qual o Brasil fará parte por meio da nossa atuação”, afirmou Júnia Hermont, CEO da Líder Aviação.
A Líder acompanhará de perto a evolução da Beta, atuando como ponte para que essa tecnologia chegue ao Brasil de forma estruturada, alinhada às necessidades do mercado e às exigências regulatórias.
A companhia americana tem se posicionado para liderar a transição da aviação para uma matriz mais limpa e eficiente, alinhada ao movimento global. Outro passo importante nessa estratégia é o pedido de IPO (oferta pública inicial de ações) na Bolsa de Nova York (NYSE).

O turbogerador híbrido-elétrico combinará a tradição da GE em motores a turbina com a experiência da Beta em geradores elétricos de alta performance. A expectativa é criar uma tecnologia capaz de ampliar o alcance, a carga útil e a velocidade dos eVTOLs (Electric Vertical Take-Off and Landing), aeronaves que usam energia elétrica para decolar e aterrissar verticalmente — como helicópteros, mas com motores elétricos.
A aposta é em uma mobilidade aérea urbana sustentável, expandindo as possibilidades de operação em voos regionais e de maior autonomia. A Embraer avança nesse setor com a Eve Air Mobility, assim como Airbus, Boeing e diversas startups ao redor do mundo.
É nesse nicho que a Líder Aviação atua em parceria com a Beta, para tornar esse modelo viável no Brasil. Além de comercializar os eVTOLs, o acordo estratégico também abrange os eCTOLs (aeronaves elétricas de decolagem e pouso convencionais). O contrato prevê ainda que a Líder seja o centro de serviços de manutenção das aeronaves da companhia americana no país.
Atualmente, a Beta Technologies desenvolve dois modelos: o CX300 (eCTOL), com certificação prevista para 2026 nos Estados Unidos, e o ALIA 250 (eVTOL), com documentação programada para o ano seguinte. Em seguida, os certificados devem ser aprovados no Brasil.
Com a parceria com a Beta, a Líder Aviação pretende ampliar seu mercado. A empresa registrou faturamento de R$ 1,2 bilhão em 2024, com expectativa de alcançar R$ 1,4 bilhão em 2025, um crescimento de 22%.
Linhas de negócio
Com 66 anos de história no Brasil, 22 bases operacionais, uma frota de 56 aeronaves (42 helicópteros e 14 aviões) e 1.350 colaboradores, a Líder atua em quatro frentes de negócios.
Na venda de aeronaves — já comercializou mais de 1.700 unidades —, tem representação exclusiva da Honda Aircraft Company no Brasil. Também realiza compra e venda de aeronaves seminovas, consultoria, importação, estruturação de financiamentos e contratação de seguro aeronáutico.
Na linha de fretamento e gerenciamento de aeronaves, promove operações em suas bases e em aeroportos ou aeródromos parceiros, além de oferecer remoção aeromédica.
Na divisão de atendimento aeroportuário, atende aeronaves brasileiras e estrangeiras de qualquer porte, com serviços personalizados para passageiros e tripulações, comissaria, salas VIP e de reunião, hangaragem e limpeza de aeronaves.
Por fim, na área de manutenção aeronáutica, oferece serviços de instalação, manutenção e reparo de aeronaves e componentes — incluindo peças, interiores e pinturas —, em seus quatro centros de trabalho: Brasília, São Paulo, Sorocaba e Rio de Janeiro.