Raquel Lyra é recifense, mas iniciou sua carreira política no interior de Pernambuco, onde foi eleita e reeleita prefeita de Caruaru, no agreste do estado. Em 2022, renunciou ao cargo e foi um dos poucos nomes do PSDB a vencer as eleições estaduais naquele ano. Filha de João Lyra Neto, ex-governador de Pernambuco, Lyra manteve-se neutra no segundo turno das eleições de 2022 e faz um governo mais técnico do que político. Nos primeiros anos de mandato, tentou se manter fora da polarização Lula/Bolsonaro, mas, com a crise no ninho tucano, foi para o PSD e aproximou-se mais de Lula visando a reeleição ao Palácio Campo das Princesas em 2026. “Eu só falo de eleição ano que vem”, enfatizou a governadora. Após participação em evento na capital paulista para discutir políticas públicas nas cidades brasileiras, Raquel conversou com o BRAZIL ECONOMY sobre aquilo que ela considera o grande diferencial de seu governo: a transformação de Pernambuco em um estado com um ambiente favorável para empresários que querem fazer negócios por lá.
A senhora foi eleita com a promessa de atrair cada vez mais empresários para Pernambuco. Esse objetivo foi alcançado?
Sim. A gente preparou o estado para este momento, onde podemos receber investidores com um ambiente de negócios favoráveis. Os governos que nos antecederam não conseguiram desenvolver a infraestrutura do estado e a economia local. A gente tem uma agenda muito clara com o setor econômico e produtivo.
Como isso foi feito?
Em primeiro lugar, limpamos da pauta aquilo que atrapalha. Modificamos legislação tributária, garantimos a eficiência no licenciamento ambiental e preparamos, por exemplo, a concessão da companhia estadual de saneamento que terá seu leilão em dezembro deste ano. Teremos R$ 20 bilhões de investimentos para universalização de água e tratamento de esgoto no estado. Além disso, estamos fazendo o maior investimento da história em logística e mais de 1500 km de estradas.
Pernambuco vem se consolidando como um polo tecnológico no Brasil. A que a senhora atribui isso?
Há 500 anos quando os portugueses chegaram em Pernambuco já viram nosso potencial tecnológico ao desenvolver o plantio de cana de açúcar como uma grande inovação. Claro que ainda temos muito açúcar e álcool produzido lá, mas hoje diversificamos a matriz econômica do estado: somos o segundo maior polo de saúde do Brasil, com um polo de tecnologia reconhecido no mundo inteiro, inclusive pela formação dos seus profissionais com PHDs, mestrado e doutorado. É uma enorme quantidade de pessoas formada em níveis que podem influenciar a produção de qualquer tipo de software no mundo, seja na indústria automobilística, celulares ou inteligência artificial. Temos inteligência pernambucana em diversos lugares do Brasil e do mundo. O que queremos é reter talentos no nosso estado a partir da geração de oportunidades, inclusive dentro do poder público.
Seu governo utiliza o Porto de Suape como uma grande vitrine para atrair investidores. Qual a importância dele para o ambiente de negócios em Pernambuco?
Do ponto de vista de infraestrutura logística, o que o mundo e o Brasil veem é a necessidade de sermos parte da nova economia. O Nordeste brasileiro produz energia limpa em alta escala, mas Pernambuco é um polo geográfico importante já que estamos há 800 km de qualquer capital nordestina. O porto de Suape ainda não é o porto do futuro, diante da saturação do que existe por exemplo no terminal de Santos. Ele serve como uma opção viável para escoar a produção de grãos que vem do centro-oeste brasileiro, mas buscamos sua modernização cada vez mais. Estamos fazendo o segundo terminal de containers com investimento de R$ 2 bilhões, tem outros R$ 2 bilhões vindo da Maersk e a European Energy com indústria de metanol que se instalará lá a partir do ano que vem para abastecimento da logística de navios. É a nova economia integrada e sustentável em nosso território. Então, temos biocombustível, transição energética, infraestrutura e estamos bem localizados como hub logístico. Em outubro irei para Dinamarca fazer algumas parcerias e anúncios muito importantes para Suape.
E em relação ao interior do estado: o que os empresários veem de oportunidades lá?
A gente tem investido em diversos arranjos produtivos que lá existem, seja colocando infraestrutura de estrada e água, ou política tributária como fizemos com leite. Com esse apoio e atenção ao pequeno produtor, nos tornamos a maior bacia leiteira do interior do Brasil. Somos ainda o maior exportador de frutas do país vindo do Vale do São Francisco e o segundo maior polo têxtil do Brasil quando a gente olha para a região de Caruaru e do agreste pernambucano. Então, temos arranjos produtivos que nunca tiveram água, estrada, careciam de competitividade com política tributária e agora tem uma governadora e um governo sensíveis, onde o empresário se sente parte do crescimento de Pernambuco. A gente enxerga o poder privado como alguém capaz de alavancar o nosso estado, devolvendo a ele a credibilidade, o que levou a um enorme crescimento do PIB na comparação com os últimos 15 anos.
Isso impacta de que maneira a vida do trabalhador pernambucano?
Conseguimos o maior aumento da renda média no Brasil, além de termos superado o número de pessoas com carteira assinada em relação aos que usam Bolsa Família. Isso aconteceu em poucos estados.
A senhora confirma que tentará a reeleição em 2026?
Sim, mas só falo de eleição ano que vem. Estou pronta para ser a melhor governadora que Pernambuco já teve em sua história.
