O crescente interesse em desenvolver Inteligência Artificial com propósito

Brasil tem participado desse movimento, com um plano que envolve promover no País uma infraestrutura tecnológica avançada centrada no ser humano

Nicole Davila*
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Imagens: Divulgação

Nicole Davila é desenvolvedora backend e pesquisadora na Zup

Nicole Davila é desenvolvedora backend e pesquisadora na Zup

Além da constante preocupação da União Europeia com regulamentação, uso ético e responsável da Inteligência Artificial (IA), também podemos ver um crescente movimento explorando a intenção por trás das soluções de IA. Como ponto central está o movimento AI for Good, criado em 2017 pela União Internacional de Telecomunicações, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para tecnologias digitais.

AI for Good, ou IA para o Bem, conta hoje com múltiplos parceiros e tem como missão apoiar o desenvolvimento da IA em sinergia com desafios humanos e sociais. Entre exemplos relacionados a este movimento podemos citar o uso de IA pelo setor farmacêutico na descoberta de novos medicamentos, agilizando todo o processo de criação, experimentos e produção, o que beneficia toda a sociedade através da criação de novas alternativas de tratamentos para doenças conhecidas.

Outro exemplo é o uso de ferramentas de IA pelo serviço nacional de saúde do Reino Unido para acelerar a alta de pacientes, reduzindo o tempo que médicos gastam com papelada.

Joe Depa, CIO da EY Global, falou sobre AI for Good no World Summit AI 2025, em Amsterdã, neste mês de outubro. Ele reforçou o papel da iniciativa para impulsionar avanços tecnológicos e gerar impacto positivo na vida de pessoas e na sociedade.

Além de exemplos do efeito que o movimento pode gerar, Depa também destacou quatro pilares essenciais para capturar valor com IA: dados, garantindo acesso, qualidade, diversidade e ética; confiança, explorando mecanismos que estabeleçam credibilidade e legitimidade; valor, trazendo transparência e propósito para o que está sendo feito; e adoção, criando estratégias para proporcionar às equipes os conhecimentos e ferramentas necessários para escalar esse uso. Além disso, a governança foi colocada como eixo importante para desenvolvimento da IA. Segundo Depa, “governança não é para travar a inovação; é para acelerar com segurança por meio de guardrails claros”.

O Brasil tem participado desse movimento, com um plano até 2028 que envolve promover no País uma infraestrutura tecnológica avançada centrada no ser humano, acessível, sustentável tecnologicamente, transparente e responsável. Mais do que isso, o plano visa fomentar o desenvolvimento de IA orientada à superação de desafios sociais, ambientais e econômicos, movimento alinhado com a proposta da iniciativa da ONU. Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) brasileira entra como pilar de governança, oferecendo segurança e uso responsável dos dados.

Essas discussões sugerem uma tendência a discussões que envolvam propósito ao falar de IA. Ou seja, explorar o viés técnico/tecnológico com um olhar humano, ético e sustentável, trazendo transparência para o valor que se deseja gerar e levando em consideração as consequências da solução.

Para isso, práticas de governança focada em IA responsável, ecossistemas colaborativos e projetos focados em humanos são essenciais. Como resultados, empresas e organizações podem obter vantagem competitiva, gerar valor de longo prazo e credibilidade de marca.

*Nicole Davila é doutoranda em Ciência da Computação pela UFRGS. Ocupa o cargo de desenvolvedora backend e pesquisadora na Zup e atua na pesquisa e desenvolvimento de soluções com IA generativa e outras tecnologias voltadas à modernização de sistemas legados

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