O mercado financeiro teve um início de semana em território positivo, o que melhora a perspectiva dos ativos de risco. Mas o tombo de 5,5% do ouro ontem, na maior queda diária do metal precioso em cinco anos, serve de lembrete aos investidores do antigo ditado popular, que diz que “nem tudo o que reluz é ouro”.
A alta de 0,5% do Ibovespa na semana, por exemplo, esconde a queda de 1,5% no mês. Da mesma forma, a desvalorização do dólar desde segunda-feira (20), de -0,3%, ofusca a apreciação de 1,3% desde o início de outubro. No acumulado do ano, porém, a bolsa brasileira sobe quase 20%, enquanto a moeda norte-americana está 13% mais barata.
Portanto, outubro vai chegando à reta final com os mercados titubeando. A expectativa de corte nos juros pelo Federal Reserve ainda neste mês tem sido insuficiente para acalmar os focos de tensão. Entre eles, a guerra comercial entre Estados Unidos e China; o prolongado shutdown – o segundo maior da história do governo dos EUA – e consequente ausência de dados econômicos norte-americanos há 22 dias.
Risco eleitoral
Por aqui, o risco fiscal continua sendo o principal fator de preocupação. A tentativa de retomada da agenda no Congresso, com o Ministério da Fazenda devendo enviar em breve medidas para substituir a derrotada “MP do IOF”, volta ao radar. No entanto, são as eleições em 2026 que movem os negócios locais.
Daí por que a convicção de que o Banco Central só agirá no ano que vem pode ser colocada em xeque. Afinal, com o jogo eleitoral ganhando força a partir do segundo semestre, o Comitê de Política Monetária (Copom) teria apenas quatro reuniões para baixar a taxa Selic para 12%. Se começar antes, a autonomia do BC não será questionada.
O que está em jogo é a credibilidade – não apenas do BC, mas do próprio governo Lula. De outro, tem-se a aposta dos investidores. Enquanto os estrangeiros estão vendidos em dólar e comprados em Ibovespa, neutralizando a posição, os institucionais apostam tanto na queda da moeda estrangeira quanto da bolsa nacional.
Portanto, o hedge (proteção) desses institucionais (fundos de pensão, bancos, gestoras de ativos etc.) está nos juros. E é para defender essa carteira que o mercado (leia-se a Faria Lima) acredita (e defende) que o BC não pode começar a cortar o juro básico. Afinal, é melhor deixar o jogo sujo com a política, ainda mais em ano eleitoral.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em baixa, evidenciando a fragilidade dos negócios, após a sessão indefinida da véspera. Na Europa, o pregão também é misto, enquanto na Ásia prevaleceu o sinal negativo.
Entre as moedas, o dólar avança em relação às moedas rivais, com o índice DXY sobe (cesta de moedas de economias avançadas) buscando novamente a marca de 99 pontos.
Nas commodities, o petróleo ensaia ganhos e o minério de ferro fechou em alta em Dalian (China).
Já o ouro está estável, depois de registrar ontem a maior queda diária em cinco anos, de -5,5%. Entre as criptomoedas, o Bitcoin também cai forte.
Agenda do dia
Indicadores
- 11h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)
- 14h30 – EUA: Fluxo cambial (semanal)
Eventos
- China: Quarta Sessão Plenária do 20º Comitê Central do PCCh
Balanços
- EUA: AT&T (antes da abertura)
- EUA: IBM e Tesla (depois do fechamento)