Mercado se ilude com proteção do Fed na guerra comercial

Mercado se apoia na expectativa de mais dois cortes nos juros pelo Fed ainda neste ano, relegando escalada da tensão entre EUA e China

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cautelaesperanca | Brazil Economy

O mercado financeiro se apoia na aposta de que o Federal Reserve vai cortar a taxa de juros mais duas vezes neste ano para se proteger da guerra comercial. Mas enquanto os investidores vivem dessa expectativa, o fato é que a tensão entre Estados Unidos e China está escalando – e o governo norte-americano continua em shutdown. 

A pergunta que fica é: quanto tempo essa blindagem vai durar? Depois do susto dos ativos de risco na última sexta-feira, com a reativação da disputa sino-americana, os mercados se muniram do Fed como escudo e estão cada vez menos sensibilizados com a deterioração nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo. 

A fala em tom mais conciliatório do secretário do Tesouro, Scott Bessent, trouxe alívio aos negócios ontem, contrariando as declarações do presidente Donald Trump de que EUA e China estão em uma guerra comercial sustentada. Portanto, uma eventual nova trégua não terá o aval da Casa Branca. Talvez nem mesmo os chineses estejam dispostos a negociar.

Ilusão monetária

Enquanto isso, a temporada de balanços nos EUA e os acordos na área de Inteligência Artificial (IA) embalam Wall Street. Por aqui, o diferencial dos juros entre EUA e Brasil, diante da sinalização de que não haverá corte na taxa Selic tão cedo, atrai o capital estrangeiro e sustenta o Ibovespa. De quebra, o dólar também se enfraquece.

Apesar de a bolsa brasileira subir pouco mais de 1% na semana e de a moeda estrangeira cair pouco menos que isso no período, o desempenho mensal é inverso. No mês, o Ibovespa cai 2,5% e o dólar sobe pouco mais que isso. Portanto, os mercados estão apenas se enganando ao achar que é o Fed quem dita o ritmo de ajuste dos preços.  

À medida que as tensões comerciais se intensificam e o shutdown se prolonga, as táticas do mercado estão se tornando cada vez menos dissimuladas, apostando que o Fed basta para blindar os riscos geopolíticos. Afinal, por mais que as ações continuem registrando ganhos, o ouro também escala rumo a novos topos históricos, no chamado trade da desvalorização. 

Passeio pelo mercado

Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, enquanto as bolsas na Europa não exibem uma direção única, após uma sessão mista na Ásia.

Entre as moedas, o dólar mede forças em relação às moedas rivais, apesar da queda do índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas), que segue abaixo de 99 pontos. 

Nas commodities, o petróleo avança, mas o minério de ferro fechou em queda em Dalian (China), enquanto o ouro testa recorde acima de US$ 4,2 mil a onça-troy. 

Entre as criptomoedas, o Bitcoin recua. 

Agenda do dia

Indicadores

  • 9h – Brasil: IBC-Br (agosto)
  • 11h – EUA: Índice de confiança das construtoras (outubro) 
  • 13h – EUA: Estoques de petróleo (semanal)

Eventos

  • EUA: Reuniões do FMI e do Banco Mundial (anual)

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