Mercado fecha outubro em clima de trégua, mas riscos não desapareceram

Investidores saciam apetite e celebram ganhos do mês, mas riscos seguem no radar do mercado e servem de alerta aos delírios

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ChatGPT Image 31 de out. de 2025 07 30 11 | Brazil Economy

O mercado financeiro dedica a última sessão de outubro aos ajustes de fim de mês. Os investidores consolidam os ganhos recentes nesta sexta-feira (31) e já se preparam para a chegada de novembro, dando graças aos ativos globais – que não oferecem risco algum ao embelezamento dos portfólios de investimento.

Foi isso o que permitiu ao Ibovespa apagar a queda de 1,5% acumulada no mês até meados da semana passada e passar a subir 1,7% em outubro até ontem, cravando quatro recordes consecutivos na semana. No ano, a valorização da bolsa brasileira se aproxima de 25% (!). Em Nova York, os ganhos mais expressivos são do Nasdaq, com as big techs brilhando mais que o ouro

Os resultados corporativos seguem em destaque. Por aqui, chama a atenção o balanço da Vale, divulgado ontem à noite. A mineradora registrou lucro líquido de US$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 11% em base anual, em meio ao melhor resultado de produção de minério de ferro desde 2018. Os ADRs reagem em alta aos números. 

Moinhos de La Mancha

Com isso, os mercados se movimentam ignorando a dúvida levantada pelo Federal Reserve na quarta-feira (29), quando Jerome Powell sequer confirmou um novo corte nos juros dos Estados Unidos em dezembro. Mais que isso, deixou em aberto a chance de quedas adicionais ao longo dos próximos trimestres em 2026.

Também relegam o acordo comercial limitado entre EUA e China, que soou mais como um cessar-fogo de curto prazo do que um caminho de paz duradouro. Embora o presidente Donald Trump tenha declarado uma “grande vitória”, dizendo que as duas maiores economias do mundo resolveram suas diferenças, os termos acertados não passam de um trégua – que pode ser passageira. 

Portanto, os riscos não desapareceram tão rapidamente quanto se esperava – foram apenas ofuscados por um alívio, mas seguem no radar monetário e geopolítico. Uma nova escalada da tensão comercial pode afetar os ativos mais cedo do que se imagina, com os gigantes novamente se levantando.

O que os mercados precisam é de um fiel escudeiro que alerte sobre os delírios dos investidores. Tal qual os personagens da obra de Miguel de Cervantes, enquanto muitos alimentam sonhos fantasiosos para saciar um apetite voraz por retornos expressivos, é preciso evitar arriscar-se lutando contra moinhos de vento.

Passeio pelos mercados

Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta. Os índices S&P 500 e Nasdaq têm ganhos mais acelerados, após o lucro acima das previsões de Apple e Amazon. 

Na Europa, prevalece o sinal negativo, assim como na Ásia – exceto novamente em Tóquio, que saltou mais de 2%.

Entre as moedas, o dólar avança em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) acima da faixa de 99 pontos.

Nas commodities, o petróleo cai, enquanto o minério de ferro negociado em Dalian (China) caiu pela primeira vez na semana. Já o ouro sobe. 

Entre as criptomoedas, o Bitcoin tem alta firme, de volta aos US$ 110 mil. 

Agenda do dia

Indicadores

  • 8h30 – Brasil: Nota do setor público consolidado (setembro)
  • 9h – Brasil: Taxa de desemprego – Pnad contínua (setembro)
  • 10h45 – EUA: ISM de Chicago (outubro)

Balanços

  • EUA: Chevron e Exxon Mobil (antes da abertura)

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