Mercado decepcionado com Fed e com acordo entre EUA e China, após decisão e encontro

Fed indica pausa, mas mercado prevê corte nos juros dos EUA em dezembro - e outros três em 2026; Trump e Xi também fazem pausa tática

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ChatGPT Image 30 de out. de 2025 07 24 06 | Brazil Economy

O Federal Reserve cortou os juros nos Estados Unidos ontem em 0,25 ponto, para 4%, como o mercado financeiro queria. Mas não esperava que o Fed sinalizasse uma pausa, colocando em dúvida o quanto as taxas ainda podem cair. Mesmo assim, a previsão de cortes em dezembro e março, junho e setembro de 2026 se mantém. 

Da mesma forma, os investidores esperavam um encontro “incrível” entre Donald Trump e Xi Jinping na cidade portuária de Busan, na Coreia do Sul, mas parecem desapontados com o foco limitado dos termos comerciais. EUA e China chegaram a um acordo simples, rotativo por um ano, com possibilidade de ser prorrogado.  

Em linhas gerais, as tarifas norte-americanas impostas sobre as exportações chinesas caíram em 10%, em troca de concessões. Pequim deve retomar “imediatamente” a compra da soja do meio-oeste americano, manter o fluxo de exportações de terras raras e continuar a repressão aos produtos químicos usados na fabricação do fentanil

Chips de Inteligência Artificial (IA) Blackwell da Nvidia não foram discutidos, mas o lobby de Jensen Huang deve permitir a venda do futuro chip B30A. Aliás, a gigante de tecnologia atingiu ontem o valor de mercado de US$ 5 trilhões – apenas quatro meses depois de ter rompido a marca de US$ 4 trilhões. Taiwwan ficou fora da pauta. 

Mais promessa, menos entrega

Além disso, uma visita oficial de Estado de Trump à China ficou marcada para abril – após o primeiro encontro presencial com Xi desde 2019. Foi assim que o presidente Trump encerrou a viagem de cinco dias pelo Leste Asiático, durante a qual também negociou acordos comerciais com a Coreia do Sul, o Japão e outros países da região.

Portanto, pode-se esperar alguma estabilidade nas relações sino-americanas por mais seis meses. Ao menos é isso o que os mercados querem. Como se sabe, os investidores gostam de previsibilidade no cenário para tomar decisões e posicionar-se entre os ativos de risco.

No entanto, um cenário estável e previsível tem sido o maior desafio – e talvez a maior ilusão – dos mercados globais. Tanto o Fed quanto o encontro entre Trump e Xi representaram pausas táticas – diferentes nos propósitos, mas semelhantes no efeito: adiar decisões difíceis. 

Por mais que ambos os eventos tenham sido bem-vindos, nenhum deles significa muito mais no contexto geral. Não houve nenhuma mudança estrutural. O que se vê é apenas um alívio momentâneo em um ambiente global ainda tenso. Para os mercados, o saldo é o de sempre: cautela no lugar de euforia.

Passeio pelos mercados

Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram sem rumo definido, com as atenções divididas entre Fed, balanços e encontro Trump-Xi. Ainda assim, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq se mantêm próximos de suas máximas históricas.

Na Europa, prevalece o sinal negativo – exceto em Frankfurt – assim como na Ásia, onde apenas Tóquio oscilou no campo positivo.

Entre as moedas, o dólar perde terreno para as moedas rivais, mas o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) se sustenta acima da faixa de 99 pontos.

Nas commodities, o petróleo recua, enquanto o minério de ferro negociado em Dalian (China) subiu pelo quarto dia seguido. Já o ouro segue acima da marca de US$ 4 mil a onça-troy. Entre as criptomoedas, o Bitcoin recua. 

Agenda do dia

Indicadores

  • 8h – Brasil: IGP-M (outubro)
  • 10h30 – Brasil: Resultado primário do governo central (setembro)
  • 14h30 – Brasil: Caged (setembro)

Eventos

  • 10h15 – Zona do Euro: BCE anuncia decisão de juros
  • 10h45 – Zona do Euro: Christine Lagarde, presidente do Fed, concede entrevista coletiva

Balanços

  • Brasil: Ambev (antes da abertura)
  • Brasil: Gerdau e Vale (depois do fechamento)
  • EUA: Apple e Amazon (depois do fechamento)

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