O mercado financeiro inicia a semana de decisão do Federal Reserve, na quarta-feira (29), com o foco no cenário político. Ou melhor, geopolítico. Enquanto o noticiário doméstico destaca a reunião entre os presidentes Lula e dos Estados Unidos ontem, o mundo está de olho em outro encontro: entre Donald Trump e Xi Jinping, na quinta-feira (30).
Relatos de uma conversa “franca e construtiva” entre Lula e Trump alimentam esperanças de uma “solução definitiva” em relação ao tarifaço e às sanções aplicadas contra produtos e autoridades brasileiras. Porém, a repercussão aqui da reunião dos dois líderes das maiores economias da América ofuscou outro encontro tão importante quanto.
O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, reuniu-se em Kuala Lumpur com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, antes do grande encontro entre Trump e Xi, em Seul. O resultado prático é que as tarifas adicionais de 100% que os EUA iriam impor às importações chinesas a partir de novembro estão “efetivamente fora de cogitação”.
Do Ocidente para o Oriente
É isso o que anima os mercados globais nesta segunda-feira (27). Porém, o que chama a atenção – mas recebe pouco destaque – é que todos esses encontros (e possíveis acordos) acontecem no outro lado do mundo. Não se trata de uma mera coincidência, já que tanto a Malásia quanto a Coreia do Sul são sede de grandes eventos nesta reta final de mês.
O mundo testemunha, cada vez mais, o deslocamento do centro dinâmico global do Ocidente para o Oriente. E isso prova uma coisa: o multilateralismo está ganhando força frente à hegemonia de uma única superpotência. Aliás, o líder da Casa Branca aproveita o shutdown para viajar pela Ásia, participando de conferências dos países do continente.
O apagão de dados sobre a economia dos EUA há quase um mês é uma preocupação secundária. Assim como também parece ser a inflação por lá. A inflação de 3% ao consumidor em 12 meses não teve efeito sobre os dois cortes consecutivos esperados na taxa de juros até dezembro – o próximo deve ocorrer já nesta semana.
Com a frente aberta na competição entre EUA e China, o que está em jogo é menos o fluxo de capitais é mais o fluxo de valor. Em outras palavras, a disputa se dá entre o papel do dólar no comércio e nas transações internacionais versus a capacidade material de produção e de interligação da cadeia de suprimentos.
Portanto, é mais um round na luta entre o poder produtivo e o poder financeiro global. A diferença é que agora o mundo está um momento crítico de transição na forma como a economia política é moldada – e o capital segue esse movimento, em busca de um novo lugar para encontrar equilíbrio.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York iniciaram a semana em alta, na esteira dos dados de inflação nos EUA (CPI) e relatos sobre um novo acordo comercial sino-americano. Na Europa e na Ásia, o dia também é positivo.
Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) caindo abaixo da faixa de 99 pontos.
Nas commodities, o petróleo recua, enquanto o minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em alta de quase 2%, reavendo o patamar de US$ 110. Já o ouro cai.
Entre as criptomoedas, o Bitcoin avança.
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