O mercado financeiro inicia a semana ainda ecoando o noticiário da última sexta-feira (10). A disparada do dólar de volta à faixa dos R$ 5,50 reacendeu todo tipo de especulação. Mas o fato é que os investidores aproveitaram razões internas e externas para realizar lucro, em uma sessão esvaziada.
De um lado, o risco fiscal voltou a preocupar, após as medidas alternativas ao IOF caducarem. De outro, a verborragia do presidente Donald Trump, desta vez, contra a China, levou à busca por ativos seguros. Como resultado, o dólar registrou a maior alta diária desde abril e teve o melhor desempenho semanal desde novembro de 2022.
Porém, nesta segunda-feira (13) os mercados devem digerir os fatos, ajustando parte dos exageros. Afinal, as negociações cambiais expõem os dois lados da moeda. Enquanto o dólar ganha força frente àquelas para as quais mais perde no ano – como o real – o índice DXY ainda reflete o temor com o impacto do tarifaço na economia dos Estados Unidos.
Excepcionalismo americano?
Em outras palavras, os investidores desafiam a ideia de excepcionalismo americano. A ausência de indicadores econômicos dos EUA, em meio ao shutdown do governo que entra na segunda semana, potencializa esse receio e leva à busca por proteção, inclusive no dólar – por mais paradoxal que pareça.
Além disso, os dados da balança comercial chinesa mostram que as tarifas de Trump não são tudo. As exportações da China voltaram a superar as expectativas e atingiram a maior alta desde março. O crescimento anual em setembro foi de 8,3%, ante previsão de 6%. Os números mostram uma forte demanda global e a conquista de novos mercados.
Mas a maior surpresa foi o aumento das importações chinesas, que atingiram a maior alta em 17 meses. A demanda doméstica antes do feriado prolongado de outubro levou ao crescimento de 7,4% das compras chinesas feitas no exterior. O resultado ficou acima da projeção de +1,5%.
Combinados, os números chineses mostram resiliência da segunda maior economia do mundo. Essa capacidade de adaptação realça o fortalecimento do comércio da China com o restante do mundo em meio ao protecionismo dos EUA. Talvez, por isso, Pequim não tenha pressa – nem para negociar, nem para ceder – em meio às ameaças de Trump.
TACO trade
Por sua vez, Trump deu sinais de que deve, novamente, recuar. Ontem, ele afirmou que “vai ficar tudo bem” nas relações com a China. A nova fala do presidente dos EUA ameniza o tom menos de dois dias depois do anúncio de tarifas adicionais de 100% sobre importações chinesas e restrições às exportações de softwares estratégicos a partir do mês que vem.
Esse novo recuo abre espaço para uma rodada do TACO trade em Wall Street hoje, impulsionando os mercados globais. Afinal, como se sabe, Trump Always Chickens Out (“Trump sempre volta atrás”, em tradução livre) – estratégia que permite aos investidores comprar ativos de risco após a queda causada pelas ameaças tarifárias.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York exibem uma recuperação firme nesta manhã, apostando em um novo recuo de Trump, diante do tom conciliatório do presidente dos EUA. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq sobem cerca de 1%, cada.
Na Europa, também prevalece o sinal positivo, após uma sessão negativa na Ásia, ainda ecoando os ruídos da semana passada.
Entre as moedas, o dólar ganha forças em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) seguindo acima da marca de 99 pontos.
Nas commodities, o petróleo se recupera e tem alta firme, com o barril do tipo WTI voltando à marca de US$ 60. Já o minério de ferro fechou em alta em Dalian (China), valendo US$ 113,08 a tonelada métrica.
O ouro também volta a ser negociado na faixa de US$ 4 mil, subindo mais de 2%. Entre as criptomoedas, o Bitcoin sobe, mas segue longe da marca de US$ 125 mil.
Agenda do dia
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- 8h25 – Brasil: Boletim Focus (semanal)
- 15h – Brasil: Balança comercial (semanal)