O mercado financeiro recuperou-se ontem do tombo na última sexta-feira. Os investidores estão dando crédito às palavras do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diante da ausência de indicadores econômicos para balizar suas decisões em dados concretos. O shutdown coloca o líder da Casa Branca ainda mais em evidência.
Mas a agenda de eventos econômicos ganha força nesta terça-feira (14). O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre política monetária e perspectivas econômicas, divide a cena com a temporada de balanços nos EUA. A safra do terceiro trimestre começa hoje com os resultados de grandes bancos.
Contudo, a reativação da tensão comercial entre EUA e China ainda penaliza os mercados. Wall Street mostra renovados sinais de nervosismo nesta manhã, o que contamina o pregão no exterior e deve castigar a abertura dos negócios por aqui.
Ou seja, o alívio da véspera foi tão passageiro que sequer serviu para apagar as perdas acumuladas na semana passada e desde o início do mês. O Ibovespa cai mais de 3% em outubro, enquanto o dólar se aprecia pouco menos que isso frente ao real.
Outubro vermelho
Enquanto os chineses tentam salvar o encontro de líderes entre Xi Jinping e Trump, no fim deste mês, os EUA ainda consideram várias opções para contra-atacar na guerra comercial, se necessário. Por sua vez, a China estaria disposta a abrir novas frentes na disputa – desta vez, no mar, informa o Wall Street Journal (WSJ).
Em outras palavras, o conflito deve continuar dando dor de cabeça aos investidores. Nem mesmo a perspectiva de novo corte de 0,25 ponto na taxa de juros dos EUA na reunião do Fed neste mês serve para remediar. Assim, os ativos de risco vão deixando um rastro vermelho em outubro, à medida que tentam estancar a sangria com bandagem.
Qualquer semelhança com um ano atrás não é mera coincidência.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, devolvendo parte dos ganhos da véspera, em meio às renovadas tensões entre EUA e China. As bolsas na Europa também recuam, após uma sessão novamente negativa na Ásia.
Entre as moedas, o dólar ganha forças em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) seguindo acima da marca de 99 pontos.
Nas commodities, o petróleo tem queda firme, com o barril do tipo Brent caindo à mínima em cinco meses, em meio à previsão de aumento da oferta. O minério de ferro também fechou em forte queda em Dalian (China), caindo abaixo de US$ 110 a tonelada métrica.
Por sua vez, o ouro segue negociado acima da faixa de US$ 4 mil. Entre as criptomoedas, o Bitcoin cai mais de 3%.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: Setor de serviços (agosto)
- 9h – Brasil: Produção agrícola (setembro)
- 22h30 – China: CPI e PPI (setembro)
Eventos
- 10h – Brasil: Fernando Haddad, ministro da Fazenda, em debate na CAE do Senado
- 13h20 – EUA: Jerome Powell, presidente do Fed, discursa
Balanços
- EUA: JPMorgan, Wells Fargos e Goldman Sachs (antes da abertura)
- EUA: Citi (depois do fechamento)