Conexão e experiências foram palavras citadas 36 vezes durante a conversa do BRAZIL ECONOMY com as lideranças da Holding Clube, do empresário José Victor Oliva, que há cinco anos se afastou da execução dos projetos para presidir o conselho administrativo da companhia. Hoje estão à frente do negócio, que envolve sete empresas, os sócios Priscila Pellegrini, que assumiu o cargo de CEO neste ano; Juliana Ferraz, diretora de negócios e RP; e Marcio Esher, diretor de marketing e negócios — além de outras lideranças que são sócias em algumas frentes e exercem funções executivas no grupo.
É esse time que tem transformado a Holding Clube em uma one-stop-shop de comunicação e marketing, que pretende fechar este ano com receita de R$ 430 milhões, crescimento de 16% em relação aos R$ 370 milhões registrados no ano anterior. A longo prazo, a meta é dobrar de tamanho em dez anos e alcançar faturamento próximo de R$ 1 bilhão.
“Hoje nos posicionamos como uma one-stop-shop, em que conseguimos atender os clientes com todas as disciplinas que dispomos dentro do grupo”, disse Priscila, ao ressaltar que duas das sete empresas da Holding Clube são os vetores de crescimento para o futuro: a Roda Trade e a Bossa.
A Roda Trade faz parte da companhia desde 2017. É o braço tecnológico do grupo, com foco em marketing de dados e de relacionamento, a partir de soluções para programas de fidelidade, campanhas de incentivo, promoções, loyalty e CRM. Já a Bossa, caçula da Holding Clube, nasceu no início deste ano para complementar o portfólio, trazendo uma visão inovadora para o mercado de viagens de incentivo e logística de eventos corporativos, tanto no Brasil quanto internacionalmente.
“São nossas grandes apostas. São nosso futuro”, disse a CEO, ao ressaltar que, obviamente, há espaço para o desenvolvimento das demais vertentes do grupo, especialmente no entretenimento, com eventos proprietários.

As outras empresas do grupo são Auíri, agência de marketing de causa e propósito, responsável por desenvolver estratégias, campanhas e soluções relacionadas a questões sociais; Storymakers, aceleradora de ideias proprietárias, com expertise em criação, branding e planejamento estratégico; Cross Networking, especializada em parcerias, conectando marcas com interesses em comum, conteúdos e pessoas; Banco_ e Samba, agências de execução de eventos que atuam de maneira integrada com as demais empresas da Holding Clube.
Desafios
Para atingir os objetivos ousados a que se propõe, a Holding Clube tem alguns desafios pela frente. Ao longo dos anos, a companhia tem se transformado e aperfeiçoado a forma como atua no mercado — especialmente em fusões, aquisições e criações de novos negócios dentro de casa.
“Estamos mais estratégicos”, disse Marcio Esher. “Temos um desafio imenso de inovação e criatividade. Nosso mercado se transforma todo dia, toda hora, principalmente quando falamos em conteúdo, fidelização de consumidor, conexão de marcas com pessoas e outras marcas”, afirmou. “Acreditamos que experiência hoje é tudo.”
Esse olhar mais refinado tem sido colocado em prática desde que José Victor Oliva passou a atuar na presidência do conselho, com envolvimento em alguns projetos específicos. “Ele tem um papel fundamental de inspiração para a gente. Afinal, estamos falando de uma bagagem de 35 anos nesse ramo”, frisou Priscila.
As características do fundador da companhia se mantêm: ousadia, rapidez nas decisões e ambição de crescimento — “sempre com a preocupação de não perder a qualidade da entrega”, ressaltou a CEO.
Eventos proprietários
É com essa ideologia que a Holding Clube tem avançado em eventos próprios. Começou com o Camarote Brahma no Carnaval. A empresa de bebidas quis deixar o negócio, e o grupo de José Victor Oliva assumiu tudo. Foi a entrada no B2C, na relação direta com o consumidor final, com a organização do evento, contratação das atrações artísticas, ativações e venda de ingressos.

A partir do Camarote N1, vieram outras iniciativas. “Com proposta de valor, atividades ao vivo, conexão com o consumidor e legitimidade”, disse Juliana Ferraz, diretora de negócios e RP.
Com essa marca, a Holding Clube expandiu o calendário e foi além do Carnaval.
O Réveillon N1 foi realizado algumas vezes em Itacaré, no sul da Bahia, e agora partiu para Barra de São Miguel, em Alagoas, ao associar-se a um grupo local para realizar o evento de fim de ano chamado Arcanjos N1.
“É uma época do ano em que há uma conexão com o público jovem. A galera quer festa, quer entretenimento. O Réveillon é importante porque retroalimenta o nosso público, que começa a entender toda a nossa dinâmica de eventos”, disse Esher.
Também é realizada a Torcida N1, que une gastronomia e música durante as transmissões dos jogos do Brasil na Copa do Mundo – a próxima será nos EUA, Canadá e México. A Holding Clube aguarda o sorteio dos jogos da seleção brasileira, em dezembro, para definir os locais dos eventos. Além disso, a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que será realizada no Brasil em 2027, já está sendo discutida internamente.
O grupo também mira o São João do Nordeste, em junho e julho. “Ainda há uma lacuna. Buscamos um parceiro ou um formato adequado para entrarmos com tudo”, destacou Esher. Porém, a companhia já realizou o São João Vybbe N1, que homenageou a cultura e as raízes nordestinas.
A Holding Clube tornou-se sócia do grupo belga idealizador do Tomorrowland para realizar a Area N1 no evento de música eletrônica no Brasil – o último ocorreu de 10 a 12 deste mês, no Parque Maeda, em Itu (SP), e reuniu 180 mil pessoas.
O grupo também realizou iniciativas como o Festival N1-X, uma experiência para marcas que combina música e lifestyle. A primeira edição contou com patrocínio da Colcci, que bateu recorde de vendas no e-commerce e ativou todas as lojas franqueadas da marca no Brasil. E o ExtraLife, um gameshow com participação de influenciadores e profissionais de speedrun em partidas de jogos clássicos como Sonic, Minecraft e Streets of Rage.
Já o B.O.D.Y (Body Open Define You) é uma joia social do grupo e da idealizadora Juliana Ferraz. É um movimento de autoaceitação e celebração da diversidade, como define. Surgiu na pandemia para disseminar questões femininas, em uma atividade para 300 pessoas, e passou a ser realizado em grandes espaços para até 2 mil participantes, com programação recheada de palestras e ativações de marcas.
“Vamos para o quarto ano do evento, em novembro. Já é quase um summit. Mas tem um objetivo maior, que é questionar as marcas e os decisores das empresas sobre a forma como nos comunicamos no nosso país. Falamos muito sobre liberdade corporal e sobre a liberdade feminina em si”, explicou Juliana.
Ela ressaltou que há envolvimento de estudantes em situação de vulnerabilidade, de comunidades e de ONGs que absorvem conhecimento relevante. “Só discutindo e educando conseguimos mudar a sociedade”, salientou a executiva e influenciadora, que já apresentou o evento como convidada do Rio Innovation Week.
Neste ano, haverá um Prêmio Preta Gil, em homenagem à cantora que participou da primeira edição do evento e faleceu em julho. “Vamos homenagear mulheres que fazem a diferença em suas comunidades”, disse Juliana. “Nosso sonho é que o Body se torne um grande festival no Parque do Ibirapuera, com arte, cultura, conteúdo e música.”
Cases de conexão e integração
Ao atuar como one-stop-shop, a Holding Clube tem alguns cases entre seus 48 clientes ativos que exemplificam esse modelo de negócio. O tradicional Camarote N1 é um deles. Envolve a Storymakers, que faz a gestão do negócio; o Banco_, que executa o projeto; a Auíri, responsável por toda a parte de sustentabilidade; a Cross Networking, que realiza a captação de patrocínios e potencialização do negócio; e a Roda, que entra com tecnologia de marketing e desenvolvimento de aplicativos. “A Bossa é nova e pode entrar na logística interna”, frisou Juliana.
A Vibra Energia (BR Distribuidora) também é um importante cliente da Holding Clube. Com o Banco_, promove atividades como fórum de negócios, workshops e roadshows; a Roda realiza campanhas de incentivo e premiações; e a Bossa efetiva as entregas de viagens a colaboradores, parceiros e clientes ganhadores de promoções. Coca-Cola é outra empresa que utiliza diversas linhas do grupo.
Assim, a Holding Clube segue promovendo festas e comemorando os resultados de um negócio cada vez mais consistente, ao promover conexão e experiências — sem perder a ousadia e o propósito.