A Capgemini dá um passo decisivo em sua estratégia de expansão no Brasil com a inauguração de uma nova base de operações no Porto Digital, em Recife, marcada para o dia 14 de outubro. A iniciativa reforça o compromisso global da companhia com o desenvolvimento de talentos locais e o avanço das competências em tecnologia da informação, com ênfase em soluções de Cloud, Dados e Inteligência Artificial Generativa e Agêntica.
Com a nova unidade, a empresa projeta um crescimento acelerado da operação nordestina: dos atuais 250 profissionais, a meta é atingir cerca de 500 colaboradores até 2026 e 1.200 até o final de 2027. O movimento consolida Recife como um dos principais polos de formação e inovação tecnológica da Capgemini no país, aproveitando a infraestrutura do Porto Digital, considerado um dos maiores ecossistemas de tecnologia e economia criativa do Brasil, com mais de 400 empresas instaladas.
Além de atender à demanda crescente por transformação digital em grandes companhias nacionais, a nova estrutura também será um hub de capacitação e empregabilidade tecnológica, integrando universidades, startups e centros de pesquisa locais. A operação vai impulsionar o programa Start, iniciativa gratuita da Capgemini voltada à formação de profissionais em tecnologia. Lançado em 2021, o programa já formou 5.500 profissionais em todo o país, sendo 710 contratados pela própria empresa, e contabiliza mais de 63 mil inscritos desde sua criação.
“Recife não é apenas uma nova unidade. É um acelerador da nossa agenda de futuro”, resume Adriano Contrera, CEO da Capgemini South Latam, que lidera a operação regional desde 2023. A escolha da capital pernambucana se alinha à estratégia de descentralização tecnológica da empresa, que busca fomentar polos regionais de inovação e diversificar a base de talentos nacionais.
O modelo de formação adotado pela Capgemini combina trilhas de aprendizado intensivas e imersão prática em projetos reais, com acompanhamento de tutores e especialistas. Em média, cada colaborador dedica 85 horas por ano à capacitação técnica. Segundo Contrera, o objetivo é assegurar que o avanço em Inteligência Artificial e automação seja acompanhado de uma estratégia sólida de qualificação, tornando o Brasil um protagonista não apenas no consumo, mas também na criação de tecnologia.
A nova base também integra um contexto global de fortalecimento da operação da Capgemini no país. Desde 2023, a subsidiária brasileira vem crescendo acima da média do grupo mundial, com aumento de market share e resultados expressivos em setores como serviços financeiros, bens de consumo, energia, utilities e manufatura. No primeiro semestre de 2025, o crescimento da região South Latam e Ásia-Pacífico foi de 8,7%, alcançando 9,7% no segundo trimestre.
Esse ritmo de expansão reflete investimentos robustos do grupo. Em 2023, a Capgemini anunciou 2 bilhões de euros em aportes em Inteligência Artificial até julho de 2026, reforçando sua posição de liderança global na integração entre dados, IA e negócios. No Brasil, mais de 4 mil colaboradores já foram treinados em IA, o que coloca o país como o mais avançado dentro da operação global em capacitação nessa área.
Outro vetor importante dessa estratégia é o Applied Innovation Exchange (AIE), inaugurado em 2023. O centro de inovação brasileiro conecta o país a uma rede global de 26 hubs de inovação da Capgemini, promovendo intercâmbio de conhecimento e desenvolvimento de soluções aplicadas em setores-chave da economia.
Para Contrera, o investimento em Recife é parte de uma jornada contínua de construção de um ecossistema sustentável de talentos e inovação. “Aprendemos com o Start que talento pode vir de muitos lugares. Quando oferecemos acesso, estrutura e propósito, pessoas com diferentes formações têm capacidade de trilhar carreiras de sucesso na tecnologia”, afirma. “Agora, queremos combinar essa escala de inclusão com a força acadêmica e empreendedora de polos regionais como o Recife, integrando formação, inovação e empregabilidade.”
A expectativa é que a nova base da Capgemini no Porto Digital gere impactos econômicos diretos e indiretos para Pernambuco, não apenas por meio da criação de empregos qualificados, mas também pela consolidação de parcerias com universidades e instituições de ensino técnico. A operação reforça a visão da companhia de atuar como um vetor de desenvolvimento regional, conectando talentos locais às demandas de transformação digital de grandes corporações nacionais e multinacionais.
ENTREVISTA | Adriano Contrera, CEO da Capgemini South Latam
Como essa nova operação se encaixa na estratégia nacional da companhia e quais são as metas de crescimento para os próximos anos?
Nos últimos três anos, a Capgemini vem se posicionando como protagonista na construção de estratégias reais para o futuro, estratégias que gerem valor para o mercado e para a sociedade. Nesse período, criamos uma Diretoria de Inteligência Artificial, lançamos a unidade de Business Advisory e inauguramos o AIE, nosso centro de inovação. A nova operação no Recife é parte desse movimento. Ela amplia nossa capacidade de atender clientes com profissionais altamente qualificados e reforça nossa trajetória de crescimento de dois dígitos, que pretendemos manter nos próximos anos.
O Recife é reconhecido como um polo de inovação. Que papel a cidade terá dentro dessa estratégia?
Recife vai se tornar o grande centro de formação de profissionais de tecnologia da Capgemini no Brasil. Nosso objetivo é contratar talentos locais e capacitá-los para atuar remotamente em grandes projetos nacionais. Hoje temos 250 profissionais em Pernambuco e queremos chegar a mil ainda em 2026. O ecossistema do Porto Digital é ideal para impulsionar essa agenda de futuro.
Como a Capgemini está preparando profissionais para a nova era da IA e da automação?
Acreditamos que a adoção de IA só é sustentável com qualificação. Por isso, todos os nossos colaboradores passam por trilhas permanentes de aprendizado, com média de 85 horas anuais de capacitação. Combinamos formação intensiva e aplicação prática, o que permite que nossos profissionais desenvolvam competências em Cloud, Dados e Inteligência Artificial alinhadas às demandas do mercado. Hoje, mais de 4 mil colaboradores já são treinados em IA no Brasil.
O programa Start tem se destacado dentro da companhia. O que muda com a chegada a Recife?
O Start mostrou que o talento pode vir de qualquer lugar. Com a nova base, vamos conectar o programa ao ecossistema local, aproximando universidades e empresas. Isso vai reduzir o tempo entre formação e empregabilidade e acelerar a entrada desses profissionais no mercado. Recife será o modelo dessa integração.
Quais setores impulsionam o crescimento da Capgemini no Brasil e quais são as perspectivas até 2027?
Fechamos o primeiro semestre de 2025 com crescimento acima da média global, especialmente em Serviços Financeiros, Bens de Consumo, Energia, Utilities, Manufatura e Automotivo. Seguimos fortalecendo parcerias estratégicas e investindo em inovação e talentos. Nosso foco é continuar crescendo acima do mercado, com o Brasil ocupando papel central dentro da operação latino-americana.