Versi cresce 36% e fatura R$ 2,1 bilhões, consolidando espaço em crédito imobiliário

A combinação de recursos do FGTS com soluções digitais de financiamento privado abre espaço para novos projetos, especialmente em regiões metropolitanas

Paulo Pandjiarjian
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Imagens: Divulgação

Ebran Theilacker, CEO da Versi, diz que a fintech destina capital no início dos empreendimentos, fase crítica às incorporadoras

Ebran Theilacker, CEO da Versi, diz que a fintech destina capital no início dos empreendimentos, fase crítica às incorporadoras

Em um cenário marcado por juros elevados e restrição de crédito, a fintech de real estate Versi tem se destacado como uma alternativa inovadora para o financiamento de pequenos e médios empreendimentos imobiliários no segmento de habitação popular. No segundo trimestre de 2025, a companhia registrou um faturamento consolidado de R$ 2,1 bilhões e um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 4,9 bilhões, desempenho que representa crescimento de 36,1% em relação ao mesmo período de 2024.

O avanço foi impulsionado principalmente pela expansão da comunidade de incorporadoras parceiras, que saltou de 13 para 23 em apenas um ano. “O faturamento consolidado da comunidade é a soma de dois fatores: aumento no faturamento das incorporadoras e crescimento do volume de incorporadoras parceiras. Ambos foram relevantes de 2024 para 2025”, explicou o CEO Ebran Theilacker, em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY.

O diferencial da Versi está na etapa do ciclo imobiliário em que atua. A fintech destina capital justamente no início dos empreendimentos — considerada a fase mais crítica para pequenas e médias incorporadoras, por exigir investimentos relevantes antes mesmo da comprovação de vendas ou da contratação pela Caixa Econômica Federal.

Segundo Theilacker, cerca de 5% do VGV de cada projeto é necessário logo na largada, e é nesse ponto que a Versi atua. “O risco é maior pois o empreendimento ainda não tem evidências de performance de vendas e não está garantida a contratação do empreendimento pela Caixa. Porém, é também a grande oportunidade, pois é o momento de maior necessidade de capital pela incorporadora”, disse.

Ao assumir parte desse risco, a fintech se posiciona como parceira estratégica, oferecendo não apenas funding antecipado, mas também ferramentas de gestão e acesso a soluções complementares. O modelo vem permitindo que empresas de menor porte ampliem sua capacidade de lançar novos empreendimentos, algo fundamental em um país com déficit habitacional estimado em mais de 5,8 milhões de moradias, segundo a Fundação João Pinheiro.

Mesmo diante de um ambiente macroeconômico adverso, marcado pela manutenção da Selic em patamar elevado e pela dificuldade de acesso ao crédito, o setor de habitação popular tem se mantido aquecido. A razão, segundo o CEO da Versi, está no papel central do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no financiamento imobiliário.

“O FGTS continua sendo o grande motor da habitação popular no Brasil. Por conta disso, o setor está bastante aquecido e necessitando de capital para novos lançamentos, o que coincide com o posicionamento da Versi”, afirmou Theilacker.

A combinação de recursos do FGTS com soluções digitais de financiamento privado abre espaço para novos projetos, especialmente em regiões metropolitanas e cidades médias, onde a demanda por moradia digna é mais latente.

A escalabilidade do modelo tem exigido investimentos constantes em tecnologia. Com a entrada de novas incorporadoras parceiras, a Versi reforçou seus sistemas internos para garantir simplicidade, eficiência e segurança.

“A gente precisa evoluir constantemente para se tornar mais simples sem perder qualidade. Isso é possível quando a empresa evolui no conhecimento do negócio e passa a incorporar formas mais inteligentes de trabalho”, explicou o CEO.

Esse esforço resultou na criação do Versi 360, um ecossistema que vai além do funding antecipado e conecta incorporadoras a soluções em crédito, seguros, gestão de obras, marketing e vendas. O objetivo é enfrentar gargalos históricos do setor, que comprometem margens já naturalmente apertadas.

“Nosso propósito com o Versi 360 é criar uma rede de especialistas capaz de apoiar as incorporadoras em todas as frentes, desde a gestão operacional até a comercialização. Queremos que a conexão seja fluida e eficaz”, destacou Theilacker.

A estratégia da fintech não se limita ao aspecto financeiro. A Versi busca reforçar seu impacto social ao apoiar o segmento econômico da habitação, responsável por atender uma parcela significativa da população brasileira.

Atualmente, os empreendimentos viabilizados com suporte da empresa têm impacto direto sobre 22 mil famílias. “Nosso propósito é de impulsionar negócios — levando capital, ecossistema, comunidade e tecnologia — para transformar vidas com moradias dignas que reduzem o déficit habitacional.”

Para ele, as incorporadoras continuam sendo protagonistas do setor, mas a Versi atua como catalisadora de crescimento. “São elas que tomam o risco, constroem e vendem. A Versi entra para impulsionar, acelerando o desenvolvimento e ampliando o impacto social e econômico dos projetos”, complementou.

Desafios à frente

Apesar dos números positivos, o cenário ainda inspira cautela. A manutenção de juros altos e de condições restritivas de crédito pode comprometer a capacidade de compra das famílias e afetar a liquidez das vendas.

“Me preocupa a manutenção das condições inóspitas de juros que vão gerar desemprego e limitação de crédito para o adquirente do imóvel logo ali na frente. Esse setor precisa de liquidez de vendas, repasse garantido e previsibilidade de custos de obra para cumprir com o seu papel econômico e social”, avaliou Theilacker.

Outro ponto de atenção é a inflação dos insumos de construção, que pressiona margens e pode atrasar cronogramas de obras. Nesse contexto, o papel das fintechs em estruturar soluções de financiamento e gestão se torna ainda mais relevante.

A trajetória recente da Versi mostra que há espaço para inovação mesmo em mercados considerados tradicionais. Ao apostar em funding estratégico, tecnologia e impacto social, a fintech de Joinville vem consolidando sua posição como um dos players mais relevantes do setor imobiliário brasileiro.

Com crescimento robusto, expansão da rede de parceiros e modelos que conectam incorporadoras a soluções integradas, a empresa reforça que é possível aliar resultados financeiros expressivos com contribuição social de grande escala.

“Nosso objetivo é construir um círculo virtuoso, no qual incorporadoras de menor porte possam crescer, famílias tenham acesso a moradias dignas e o setor como um todo se fortaleça. O desafio é grande, mas acreditamos que estamos no caminho certo”, garantiu Theilacker.

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