Desde que as especiarias do Oriente abriram caminho para as grandes navegações, alguns itens se tornaram muito mais que temperos para aprimorar receitas. Viraram moedas de troca, símbolos de status e até motivo de disputa política.
Hoje, ainda que a globalização tenha facilitado o acesso a quase tudo, certas iguarias permanecem exclusivas — tão raras, complexas de produzir ou difíceis de encontrar que chegam ao prato custando pequenas fortunas.

Do caviar às trufas, passando por resinas gregas e raízes japonesas, prepare-se para conhecer um cardápio que tem mais a ver com joalheria do que com aquilo que se compra na quitanda. A lista a seguir mostra quais são e onde provar oito dessas joias gastronômicas:
Não confunda com cúrcuma. O verdadeiro açafrão vem dos estigmas da flor Crocus sativus, colhidos à mão, três por flor. Para produzir 1 quilo, são necessárias milhares delas. Resultado: R$ 100 por grama, um preço que explica por que a especiaria virou sinônimo de ouro na gastronomia. No restaurante NOU, com diversas unidades em São Paulo, o chef Amílcar Azevedo usa em risotos e peixes, ressaltando seu sabor terroso e mineral, inconfundível.
@restaurantenou
Baunilha: entre as orquídeas mais cobiçadas
Vinda da orquídea Vanilla planifolia, a baunilha é o “ouro da confeitaria”. A de Madagascar pode chegar a R$ 3 mil o quilo, já que cada flor é polinizada à mão. O valor elevado se deve ao trabalho artesanal que envolve sua produção.
“Cada flor precisa ser polinizada manualmente, e o processo de colheita, cura e secagem leva meses”, diz o chef Roberto Rebaudengo, do Lido, que prefere usá-la em preparos delicados, como panna cotta, para preservar suas notas aromáticas. Já no Sky Hall Garden, Martin Casilli aposta nas favas para dar frescor a sobremesas autorais.
@restaurante.lido; @skyhallgarden
Em Cetara, um vilarejo pesqueiro na Campânia, a colatura nasce como subproduto das anchovas salgadas em barris de madeira. O líquido âmbar escorre devagar, mas, quando chega à mesa, revela-se um tempero versátil, que dá profundidade a massas, saladas e até tartares. No restaurante Donna, o chef André Mifano usa esse “ouro líquido”, que pode custar até R$ 2 mil o litro.
@restaurantedonna_
Na ilha grega de Chios, as árvores de mástique produzem uma resina chamada miski (ou mastiha), usada desde a Antiguidade como remédio, goma de mascar e ingrediente culinário. Hoje, vale R$ 20 por grama — espantosos R$ 20 mil o quilo. No Arábia, em São Paulo, ela aparece em sobremesas e drinques, mantendo viva uma tradição que atravessa séculos.
@restaurantearabia
Do tobiko ao caviar beluga, as ovas são símbolos de sofisticação. No Maza, o chef Willian Seiji Enokizono usa de salmão, tainha, peixe-voador e massago em receitas autorais. O ápice é o caviar: até R$ 6 mil por 100 gramas — e o branco, ainda mais raro, custa muito mais.
@mazarestaurant
Poucos ingredientes carregam tanto mito quanto as trufas. Brancas ou negras, italianas ou francesas, elas crescem escondidas nas raízes de árvores e custam até R$ 70 mil o quilo. No Brasil, a Tartuferia San Paolo as serve em massas, risotos e até ovos. Aromas que lembram mel, chocolate e avelã justificam a fama — e o preço.
@tartuferiasanpaolo
O boi mais mimado do mundo, que recebe massagens e bebe cerveja preta, produz uma carne que virou objeto de culto. O segredo? O altíssimo marmoreio, que resulta em cortes macios, suculentos e ricos em umami, o quinto sabor. No Varanda D.inner, o chef Fábio Lazzarini resume: “É caro porque é raro”. Peças podem facilmente passar de R$ 1 mil, mas quem prova dificilmente esquece.
@varandadinner
Quase ninguém fora do Japão conhece o sabor real do wasabi. O verdadeiro, da planta Eutrema wasabi, leva anos para crescer e exige clima específico. Resultado: R$ 10 mil o quilo. No estrelado Murakami, o chef Tsuyoshi Murakami usa a raiz fresca para realçar peixes crus e equilibrar gorduras como a do atum.