A Super Quarta de decisão de juros no Brasil e nos Estados Unidos chegou. Mas os investidores terão de esperar até o meio da tarde para movimentar os mercados globais. Isso porque o anúncio do Federal Reserve sai às 15 horas. Meia hora depois, o presidente do Fed, Jerome Powell, comenta a decisão em entrevista coletiva.
O mercado está convicto de que virá um corte de 0,25 ponto porcentual (pp) na taxa dos EUA. Qualquer surpresa em relação a essa expectativa irá agitar os ativos de risco, para o bem ou para o mal. Além da decisão em si, é grande a expectativa pelo que está por vir. E isso poderá ser conferido nas palavras de Powell e também no gráfico de pontos (dot plot).
A última divulgação, em junho, trazia apenas dois cortes nos juros dos EUA em 2025. A expectativa, agora, é de que essa projeção irá contemplar uma queda adicional. Ou seja, daqui até dezembro a taxa dos Fed Funds cairá abaixo de 4%, com cortes sucessivos em cada uma das três reuniões – a começar pela de hoje.
Também há certa ansiedade pelo rumo da política monetária nos EUA em 2026. A questão é que, no meio do caminho, em maio, termina o mandato de Powell. A tentativa de interferência de Donald Trump na composição da diretoria deixa em aberto quem será o próximo presidente do Fed. Powell, portanto, deve ser comedido no tom sobre o futuro.
Super Quarta tem Copom
Já o mercado doméstico terá de esperar ainda mais para o anúncio da decisão de juros no Brasil. A divulgação do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece a partir das 18h30, sem hora exata definida. Com isso, a reação dos negócios locais fica adiada para o dia seguinte.
De qualquer forma, não se espera qualquer alteração na Selic, mantendo a taxa em 15%. A expectativa recai no tom da mensagem, em especial no trecho que fala sobre uma interrupção no ciclo de alta dos juros. Se retirado, o Copom abrirá caminho para mudar o rumo da política monetária, indicando a possibilidade de cortes, ao invés de elevações.
Portanto, como no futebol, a Super Quarta é dia de decisão para os mercados. O que está em jogo não é apenas o rumo dos juros nos EUA e no Brasil, mas sim o desempenho dos ativos hoje, amanhã e depois. Daí porque até o resultado final, o comportamento tende a ser lateral, alternando leves altas e baixas, sem um rumo definido.
Vale lembrar que ontem o Ibovespa fechou em nova pontuação histórica, aos 144 mil pontos, enquanto o dólar encerrou o dia em R$ 5,30, no menor valor desde junho do ano passado. Nos juros futuros, as taxas retiraram mais prêmios. Por ora, é cedo para dizer que o fôlego deste rali encurtou. Basta o Fed e o Copom darem gás extra aos investidores.
Passeio pelos mercados
Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram sem direção única, à espera dos eventos do dia envolvendo o Fed. Enquanto os índices S&P 500 e Nasdaq têm viés negativo, o Dow Jones exibe leve alta.
Essa mesma indefinição prevaleceu na Ásia, onde Tóquio caiu (-0,25%), mas Xangai (+0,4%) e Hong Kong (+1,8%) subiram. O Kospi, na Coreia do Sul, caiu 1%. Na Europa, as principais bolsas avançam, com Londres liderando com +0,2%.
Entre as moedas, o dólar mede forças em relação às rivais, impulsionando o índice DXY. Nas commodities, há um predomínio do sinal negativo: o petróleo cai, o minério de ferro fechou em baixa em Dalian (China) e o ouro também recua.
Já nas criptomoedas, o Bitcoin também ensaia ganhos.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h – EUA: Índice MBA de solicitações de hipotecas (semanal)
- 9h30 – EUA: Construção e permissão de novas casas (agosto)
- 11h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)
- 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)
- 15h – EUA: Fed anuncia decisão de juros
- 18h30 – Brasil: Copom divulga decisão de juros
Eventos
- 15h30 – EUA: coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell
