Softswiss aposta no Brasil para consolidar liderança global em iGaming

Mercado deve alcançar US$ 10 bilhões até 2029; regulamentação fortalece arrecadação e amplia espaço para inovação e responsabilidade social

Paulo Pandjiarjian
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Imagens: Divulgação

Dario Leiman: “Quando as regras são claras e previsíveis, as empresas investem”

Dario Leiman: “Quando as regras são claras e previsíveis, as empresas investem”

O mercado brasileiro de iGaming entrou definitivamente no radar global. Com previsão de movimentar US$ 4,9 bilhões em 2025, segundo estimativas da Softswiss, o setor já coloca o Brasil entre os sete maiores mercados de apostas do mundo. E o horizonte é ainda mais promissor: em quatro anos, a expectativa é que a receita dobre, atingindo US$ 10 bilhões em 2029.

A combinação de fatores como digitalização acelerada, ampla base de usuários conectados (86% da população, ou cerca de 189 milhões de pessoas) e a entrada em vigor da regulamentação nacional cria um ambiente fértil para investimentos, inovação e geração de receitas fiscais. Não por acaso, grandes empresas internacionais do setor estão ampliando presença no país, entre elas a Softswiss, fornecedora global de soluções de software para iGaming.

A aprovação da regulamentação em janeiro de 2025 marcou um ponto de inflexão para a indústria. A nova estrutura estabeleceu critérios mais rígidos: apenas operadores licenciados, mediante pagamento de R$ 30 milhões por cinco anos de autorização, puderam permanecer ativos. O processo reduziu o número de plataformas em operação e gerou impacto inicial no tráfego e na receita.

Por outro lado, os primeiros sinais de recuperação surgiram rapidamente. Entre janeiro e junho deste ano, a receita bruta do setor cresceu 25%, enquanto o volume de apostas subiu 33%, de acordo com dados da Softswiss. No mesmo período, a Receita Federal arrecadou R$ 3 bilhões em impostos, reforçando a relevância econômica da atividade para os cofres públicos.

“Durante anos, a indústria aguardou pela regulamentação no Brasil. O país reúne condições ideais para o crescimento do entretenimento online, como ampla base digital e alta penetração da internet. A estrutura regulatória é um marco relevante para o setor”, afirmou Dario Leiman, Head of Business Development para a América Latina da companhia.

Apesar do otimismo, o avanço do setor não é isento de riscos. O executivo destaca que a clareza das regras é fundamental para garantir previsibilidade e estimular novos aportes. “Regras bem definidas atraem investimentos, geram empregos e reforçam práticas de jogo responsável. Mas a pressão tributária excessiva pode reduzir o dinamismo e estimular o mercado paralelo”, avalia.

Esse equilíbrio entre arrecadação e competitividade é uma das principais discussões em curso. Países como Reino Unido, Espanha e Malta, que se consolidaram como polos globais do iGaming, construíram marcos regulatórios robustos, mas também flexíveis, que incentivam inovação ao mesmo tempo em que garantem mecanismos de proteção ao jogador. Para especialistas, o Brasil precisará encontrar um modelo semelhante se quiser manter o ritmo de crescimento projetado.

Presença global e expansão local

Fundada em 2009, a Softswiss é hoje referência internacional em soluções para iGaming. Com operações em mais de 20 países e um quadro de cerca de 2 mil colaboradores, a empresa oferece um portfólio que inclui produtos como o Game Aggregator e o Jackpot Aggregator — ambos já certificados no Brasil e aptos a atender às exigências da regulação local.

Essa certificação permite que operadoras brasileiras tenham acesso a um ecossistema integrado de jogos, pagamentos e análises de dados em tempo real. “Obter a certificação foi desafiador. Tivemos que agir com rapidez, assumir riscos calculados e adaptar nossa tecnologia às exigências locais. A chave para o sucesso foi a equipe: engenheiros qualificados, negociadores experientes e contratações locais estratégicas que nos ajudaram a navegar pelo cenário regulatório”, explica Leiman.

Um brasileiro no time: Barrichello

Para reforçar sua presença no país, a Softswiss nomeou o ex-piloto Rubens Barrichello como diretor não executivo para a América Latina. Ícone do automobilismo e figura de grande credibilidade junto ao público brasileiro, Barrichello atua como interlocutor estratégico entre a empresa e os principais stakeholders do setor.

“Ele transmite confiança imediata, abre portas e ajuda a traduzir nossas soluções para o ritmo dos negócios locais, alinhando tecnologia, conformidade e jogo responsável às demandas do país”, destaca Leiman.

A atuação do ex-piloto vai além da representação institucional. Além de participar de grandes eventos, como a SiGMA Américas, Barrichello organiza mesas-redondas e encontros comunitários em São Paulo, aproximando a companhia do ecossistema de reguladores, operadores e parceiros de tecnologia.

Inovação e responsabilidade social

Se, por um lado, o setor apresenta forte potencial de crescimento, por outro ainda enfrenta desafios de reputação, segurança e sustentabilidade. Nesse contexto, a Softswiss busca diferenciar-se por meio de iniciativas ligadas ao jogo responsável e ao compromisso social.

A companhia mantém a política de operar apenas com parceiros licenciados e declara-se contrária ao mercado ilegal. Também investe em disseminação de conhecimento, publicando relatórios de tendências, guias práticos e análises abertas para a comunidade B2B. A ideia é apoiar as operadoras na adaptação ao novo ambiente regulatório e estimular boas práticas de governança.

Um exemplo foi o programa Help Brazil, lançado durante as enchentes que atingiram o país em 2024. A iniciativa mobilizou empresas parceiras, distribuiu ajuda emergencial e instalou sistemas de filtragem de água em escolas rurais, mostrando a preocupação da companhia em alinhar negócios com responsabilidade social.

“Os R$ 3 bilhões arrecadados em impostos no primeiro semestre mostram o impacto positivo do setor para a economia brasileira. Mas, além da arrecadação, a regulamentação deve preservar espaço para inovação e concorrência. O equilíbrio ideal são regras claras e transparentes que garantam os tributos e, ao mesmo tempo, incentivem investimentos e crescimento responsável”, resumiu Leiman.

Perspectivas para 2029

Com a combinação de tecnologia de ponta, experiência internacional e presença local fortalecida, a Softswiss projeta ampliar sua participação no Brasil e consolidar o País como um dos principais polos globais de iGaming.

Se confirmadas as estimativas, o mercado brasileiro pode dobrar de tamanho em apenas quatro anos, tornando-se não apenas um motor de arrecadação, mas também uma vitrine internacional de inovação em entretenimento digital. O desafio, agora, será equilibrar as demandas de governo, operadores e consumidores em um setor que cresce a passos largos e que promete transformar o Brasil em referência mundial até 2029.

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