Depois de entrar em crise no final dos anos 2000, a Sapore montou uma cadeia de suprimentos e reorganizou seus processos. A iniciativa ganhou nome: Inteligência Operacional Sapore. A multinacional brasileira de restaurantes corporativos, fundada por Daniel Mendez, uruguaio radicado no Brasil desde a pré-adolescência, passou então a entregar refeições semiprontas e ganhou competitividade na oferta de mão de obra. Assim, a empresa reverteu uma dívida acumulada à época de R$ 150 milhões.
E não só isso. Passou a atender grandes eventos. Primeiro veio a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, mas ainda como parceira de uma companhia que prestava serviços e preparava a comida nos 12 estádios-sede. Depois, a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, essa sim totalmente feita pela Sapore. A complexidade e a logística de uma competição desse tamanho são comparadas apenas à guerra.
Alimentação para 70 mil pessoas por dia, pratos de cozinha brasileira, asiática, europeia, diversificação de carboidratos e proteínas, comida halal (produção realizada de acordo com os princípios da lei islâmica), descrição de alergênicos e outros detalhamentos foram garantidos pela companhia.
Esses trabalhos possibilitaram à Sapore acrescentar outros ingredientes em seu negócio. Tornou-se líder em alimentação para o setor B&I (business e indústria) e lançou frentes na educação (escolas), saúde (hospitais e clínicas) e outros segmentos. Entre os clientes da Sapore estão Vale, Baterias Moura, Faber-Castell, Pirelli, Porto Seguro, Eleva, Rede D’Or, Amil, Hapvida e Unimed.
Além disso, a Sapore, com estrutura e expertise para atuar nas sedes de seus clientes, evoluiu suas atividades também para prestar serviços de facilities, como limpeza e segurança. “Nós já estamos dentro do campo dos nossos parceiros. Colocar mais pessoas nesses locais, mas fazendo outros serviços, é natural para nós”, disse Mendez.
Mas essa vertente serve para diversificar a receita. O crescimento do faturamento está mesmo na alimentação. O arroz com feijão dá força para a Sapore, que mira três aquisições, uma delas sendo concretizada ainda neste ano.
A estratégia de M&A visa empresas de setores distintos. Um deles, de atendimento a eventos. “Para reforçar onde nós já estamos”, ressaltou o fundador da Sapore. Outro, de facilities, para a companhia entrar de vez no setor. E o terceiro, no ramo de honest market, minimercado autônomo baseado na honestidade dos clientes, sem a presença de funcionários.
Sem divulgar os nomes das empresas que estão sendo negociadas, Mendez afirma que esses negócios podem acrescentar cerca de R$ 500 milhões ao ano de faturamento da Sapore. “Inicialmente, pois quando adquirimos, colocamos nossa estrutura para encorpar a operação e gerar resultados maiores”, afirmou o CEO.
O incremento na receita da companhia com as aquisições ocorrerá de forma gradual, ao longo dos anos, principalmente a partir do ano que vem. Neste ano, o crescimento do bolo financeiro da empresa será oriundo da estrutura que já possui, em que opera “1.300 cozinhas espalhadas pelo Brasil, do Acre ao Rio Grande do Sul”, como gosta de destacar Mendez, e que gerou R$ 3,2 bilhões de faturamento em 2024. A expectativa é superar R$ 4 bilhões neste ano.
Eventos, catering VIP e Alex Atala
Os eventos vão gerar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões de receita para a Sapore neste ano. São responsáveis por entre 5% e 7% do faturamento, mas representam uma importante linha de crescimento da companhia e, mais do que isso, de margem, que gira em torno de 15%.
Esse segmento tem sido explorado de maneira mais efetiva pela Sapore especialmente depois da aquisição do Grupo El Dourado, no ano passado. A companhia, que já prestava serviços para eventos como Lollapalooza e The Town (festivais de música), ampliou o leque para atuar também em feiras como a CCXP, em summits corporativos como o da Vtex e na Agrishow, em atividades esportivas como a Fórmula 1 e em dezenas de outros eventos e espaços como o Distrito Anhembi. “Atendemos 75% dos eventos realizados em São Paulo”, frisou Mendez.
O catering diferenciado da empresa também está presente na sala VIP do Banco Safra no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU Airport), em duas áreas VIP no Aeroporto de Pernambuco, em eventos do LIDE (Grupo de Líderes Empresariais), na cozinha da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), no Cubo Itaú, no Teatro Renault e no Carde Museum (Campos do Jordão).
Muitos eventos são atendidos pela 7 Gastronomia, do renomado chef Alex Atala em parceria com a Sapore, que oferece alta culinária para eventos sociais e corporativos, com cardápios personalizados. Entre os clientes estão a Tiffany, a Vogue, o camarote do Carnaval do Rio de Janeiro, entre outros.
Assim, a Sapore apronta comida para milhares de trabalhadores, executivos e artistas – e alimenta seus resultados bilionários.
