Parafraseando a célebre frase de James Carville durante a campanha presidencial de Bill Clinton contra Bush pai nos Estados Unidos nos idos dos anos 90, “é a política (…)” que está no foco do mercado financeiro nesta semana. Ao menos na América do Sul, onde as turbulências políticas ganharam protagonismo.
A derrota de Javier Milei nas eleições legislativas em Buenos Aires causou estragos nos ativos argentinos ontem e acendeu o sinal de alerta na Faria Lima. O receio de que a mudança de direção dos ventos políticos no país vizinho contamine o clima eleitoral no Brasil em 2026 fez o Ibovespa ir na contramão dos ganhos em Nova York.
Já o dólar defendeu a faixa de R$ 5,40, com os investidores redobrando a postura defensiva e buscando proteção na moeda estrangeira. Ainda mais diante da retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que entra na fase final. O temor é de que Donald Trump irá retaliar o Brasil, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro seja condenado.
Portanto, a cautela se dá pelo que pode acontecer na economia por causa da cena política. Fato é que, assim como ontem, a agenda de indicadores e eventos econômicos desta terça-feira (09) está vazia, tanto aqui quanto lá fora. Essa ausência de um direcionador mais firme deixa os negócios locais à deriva, oscilando ao sabor do noticiário do dia.
É Economia Política!
Esse vaivém também decorre da espera pela decisão do Federal Reserve, na semana que vem. Enquanto aguardam o grande anúncio, os ativos passam por um ajuste de preços. Afinal, a confirmação de um corte nos juros dos EUA agora – e a sinalização de ao menos uma queda adicional até o fim do ano – irá provocar uma correção global nos mercados.
Em outras palavras, os investidores – estrangeiros, principalmente – irão aumentar (e muito) o apetite por risco. E aí, tanto faz, para onde o vento irá soprar na corrida presidencial aqui. Ainda mais diante da pressão de Trump por cortes mais rápidos na taxa e da interferência na diretoria do Fed, sugerindo um ciclo agressivo até o ano que vem.
O dinheiro, como se sabe, é como água – sempre encontra o caminho mais líquido para fluir, seja para a direita ou para a esquerda.
Passeio pelos mercados
As bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água. Na Europa, o sinal é misto, com queda do DAX alemão, mas alta na city londrina, após uma sessão sem rumo único na Ásia – o Nikkei cai 0,4% e Hong Kong avançou 1,2%.
Por volta das 6h, o futuro do Dow Jones tinha +0,01% e do S&P 500, +0,1%. O Nasdaq futuro subia 0,2%, após encerrar a sessão da véspera em nível recorde.
Entre as commodities, o petróleo sobe mais de 1%, diante da possibilidade de novas sanções dos EUA contra o óleo russo. Nos metais, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian (China) fechou em alta de 2%, indo a US$ 112,91 a tonelada métrica, enquanto o ouro atingiu nova máxima histórica, acima de US$ 3.645 a onça-troy.
A tese de reserva de valor, diante das expectativas de corte de juros do Fed neste mês, impulsiona não apenas o metal precioso, mas também o Bitcoin. A criptomoeda sobe nesta manhã, indo além dos US$ 113 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 10h – Brasil: dados da indústria automotiva – Anfavea (agosto)
- 22h30 – China: Índice de preços ao consumidor (agosto)
- 22h30 – China: Índice de preços ao produtor (agosto)
Eventos
- 9h – Brasil: 1ª Turma do STF retoma julgamento de Bolsonaro e outros sete réus